Proposta da Abras para baratear alimentos é ruim para as farmácias, avalia Ativa

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Crédito da imagem: Freepik.

São Paulo, 24 de janeiro de 2025 – Em análise sobre as medidas propostas pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) ao governo para baratear preços de alimentos, a corretora Ativa avalia os possíveis impactos para supermercados e farmácias.

“Esta semana iniciou-se um embate entre dois dos maiores setores do varejo brasileiro, o supermercadista e o farmacêutico. A Abras informou que sugeriu ao governo medidas para conter os avanços nos preços em suas lojas e uma das medidas consiste na venda de medicamentos que não necessitam de prescrição médica nos supermercados, entendendo que os lucros em medicamentos poderiam ser usados para compensar os altos preços em alimentos”, contextualiza a Ativa, que menciona que existem projetos de lei sobre o tema na Câmara dos Deputados.

“No entanto, a Abrafarma, Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias, se posicionou contra a sugestão, afirmando que os preços dos medicamentos não geram inflação, visto que são definidos pelo governo, e que essa medida acabaria resultando no aumento dos preços de outros medicamentos que necessitam de prescrição. Com isso, os dois setores seguem argumentando com o governo para definir os rumos deste projeto”, acrescenta.

Na visão das farmácias, a Ativa acredita que esse movimento aumentaria a concorrência, pressionando os preços e as vendas, o que, de fato, levaria as empresas a aumentarem os preços de outros produtos (como os de medicamentos prescritos) a fim de manterem suas margens saudáveis, no entanto, poderia levar a perda de volume devido a competição. “Em nossas contas, estimamos que, no 3T24, esse tipo de medicamente representa 16,6% da RD Saúde, 13,6% na Panvel, 16,7% na Pague Menos e 17,1% na d1000 em termos de mix de varejo.”

Nos supermercados, a corretora enxerga a questão do posicionamento em gôndolas nos supermercados e a necessidade da contratação de farmacêuticos para auxiliar clientes, além da maior fiscalização por parte dos órgãos responsáveis. Também existe a questão de que não necessariamente todos os tipos de medicamentos não prescritos sejam vendidos em supermercados, mas sim uma pré-autorizada lista. No entanto, como medicamentos possuem margens superiores ao varejo alimentar, os supermercadistas poderiam ser beneficiados nesse sentido, na opinião da Ativa.

“Por fim, acreditamos que ainda existe um caminho a ser percorrido neste assunto, porém, enxergamos que as farmacêuticas seriam mais prejudicadas de forma geral, e não enxergamos um ponto positivo para as empresas deste setor no momento. Para os supermercados, no entanto, os pontos negativos são mínimos e contornáveis, enquanto os possíveis ganhos (maior rentabilidade, por exemplo) são mais benéficos no longo prazo.”

“Seguimos acompanhando o caso e mantemos nossa recomendação para as empresas de nossa cobertura, Assaí (ASAI3; compra; preço-alvo R$ 15,00), Pão de Açúcar (PCAR3; neutro; preço-alvo R$ 4,30) e RD Saúde (RADL3; compra; preço-alvo R$ 32,00)”, conclui a Ativa.