“Queda da inflação e do dólar apontam para uma queda mais consistente”, diz Haddad sobre Selic

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São Paulo – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse hoje de manhã, em entrevista ao vivo à Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), que a equipe econômica do País se debruçou em um plano de crescimento viabiliza cortes na Selic (taxa básica de juros). No fim da tarde de hoje, o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncia qual o corte que foi adotado – se houver o corte.

Haddad afirmou que há agentes de mercado que apostam em cortes de até 0,75 p.p na Selic, por conta do ambiente doméstico promissor: inflação controlada e mais certeza fiscal. “A queda da inflação e a queda do dólar apontam para decisão técnica de corte mais consistente.”

“Promovemos um conjunto de medidas que trouxe credibilidade para o País. Durante esse ano em que a Selic esteve a 13,75%, muita coisa mudou no mundo, no Brasil.”

O ministro falou ainda, do juro rotativo do cartão de crédito – segundo ele, um problema histórico do País. Apesar de não querer prejudicar as vendas, falou que é injusto que alguém que porventura não possa pagar o cartão em dia tenha que arcar com juros tão altos. “Muita gente hoje compra com cartão, não queremos penalizar as vendas, mas ele (consumidor) não pode cair nessa roda viva e não sair mais.”

“A taxa de juros do rotativo vai cair muito, teremos um freio de arrumação.” Hoje os juros rotativos do cartão de crédito estão em cerca de 430% ao ano.

Segundo ele, a queda será paulatina, de modo que os juros vão “continuar altos até que” o governo federal chegue a um consenso com os bancos sobre como será a “transição” para taxas ainda menores.

O ministro disse, ainda que os benefícios promovidos pelo arcabouço fiscal e a reforma tributária tem a ver com mais investimentos no Brasil e que as vantagens para trabalhador estariam ‘diluídas no tempo’, porque uma vez que se a economia voltar a crescer, a vida da população também ia ter um ganho de qualidade. “Vai ter mais investimento, mais renda, mais emprego… começa a ter um ciclo virtuoso.”

Esclareceu também que a reforma tributária não vai impactar no imposto de prestadores de serviços que estejam enquadrados no Simples Nacional e no Super Simples. “Reforma estava há 30 anos para ser aprovada.”

O chefe da pasta ressaltou que sempre respeitou a autonomia do Banco Central (BC), mas que acredita que a discussão sobre a ‘maior taxa de juros do mundo’ é saudável e é técnica. “Há uma mania de dizer que se alguém diverge de você, tem opinião política e não técnica. Há muitos técnicos do BC trabalhando na Fazenda e no Planejamento.”

Sobre o Desenrola, programa do governo federal para regularização de dívidas bancárias de até R$100, Haddad disse que já foram mais de 3,5 bilhões de CPFs brasileiros regularizados. “O brasileiro tem essa vontade de pagar e regularizar o seu nome, mas com essas taxas de juros altas, fica difícil.”

A partir de setembro, diz o ministro, haverá uma nova etapa do Desenrola com credores não-bancários. O credor que der mais desconto à dívida poderá contar com garantia do Tesouro Nacional, segundo afirmou Haddad.

POTENCIA ENERGÉTICA LIMPA

“O Brasil está em ponto de destaque do ponto de vista geopolítico, por conta de tensões na Ásia com a China, da guerra na Ucrânia criando problemas sociais e humanitários na Europa… E também destaque no ponto de vista ambiental.”

Haddad disse que o Brasil tem tudo para virar uma potência de energia limpa, uma vez que o avanço das energias eólica, solar e dos biocombustíveis está atraindo olhares de investidores que queiram fazer aqui produtos verdes, que tenham baixa emissão de carbono.

“Brasil é um dos únicos países que pode certificar um produto verde. Isso no mundo de hoje não é pouca coisa. Temos matriz energética 3X mais limpa que o resto do mundo.”

Por fim, Haddad disse, ainda que o plano de transição ecológica apresentada ao governo apresenta vários mecanismos de atração de investimentos, mas não detalhou por conta do tempo já avançado da entrevista.