São Paulo, SP – O ano de 2025 começa hoje para o mercado financeiro, com o primeiro pregão do ano, em um cenário de muita desconfiança e preocupação sobre a capacidade do
governo em conseguir avançar com os cortes de gastos e, assim, evitar que a inflação fuja do controle. A escalada do dólar no fim do ano passado deve pressionar os preços e afetar o resultado do IPCA de janeiro.
Em dezembro, o dólar estadunidense teve valorização de 2,96%. Ainda em 2024, o dólar avançou 13,43% no último trimestre de 2024, 10,54% no segundo semestre e 27,36% no ano. Para o economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli, as discussões sobre as emendas parlamentares, que envolvem o orçamento, tendem a manter o câmbio pressionado e a atmosfera de aversão ao risco.
No último pregão do ano passado, a Bolsa fechou estável, com alta de 0,01%, no último pregão do ano, em um dia fraco de notícias e baixa liquidez, movimento oposto ao exterior. No ano, o Ibovespa caiu 10,3%, o pior desempenho desde 2021. No mês, o índice recuou 4,2%, no trimestre perdeu 8,7% e no semestre registrou queda de 2,9%.
Para Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos, a perspectiva para o mercado acionário em 2025 é neutra. “O cenário está difícil para o Ibovespa, mas não vejo queda mais forte. No curto prazo não enxergo alta significativa para bolsa a não ser que haja alguma indicação que o presidente Lula não seja candidato [à reeleição] em 2026”. Em relação às ações do Ibovespa, o sócio da One Investimentos disse que as empresas com melhor performance foram Embraer, com alta de 150% no ano, Marfrig, com +104% e BRF +90%.
Na última segunda-feira (30), o Banco Central divulgou os dados do setor público consolidado, que registrou déficit primário de R$ 6,6 bilhões em novembro, comparado com o déficit de R$ 37,3 bilhões em igual mês do ano passado. O resultado de novembro mostrou déficit de R$ 5,7 bilhões no Governo Central e de R$ 1,3 bilhão nas empresas estatais. Já nos governos regionais, houve superávit de R$ 405 milhões. O resultado do ano ainda não foi fechado.
Já o último boletim Focus do ano, com as previsões de instituições financeiras ouvidas pelo
Banco Central do Brasil, a expectativa para o IPCA de 2024 passou de 4,91% para 4,90%. Para 2025, a previsão avançou de 4,84% para 4,96%. Sobre a taxa Selic, a previsão para 2025 segue em 14,75%. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a previsão para 2024 ficou estável em 3,49%. Em 2025, a expectativa para o PIB recuou de 2,02% para 2,01%. Para o dólar, a previsão para 2024 passou de R$ 6 para R$ 6,05. Já para 2025, a previsão passou de R$ 5,90 para R$ 5,96.
Em Brasília, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a reserva de recursos para emendas de comissão até o limite necessário para garantir o mínimo constitucional de gastos com saúde. Segundo informações do Poder Executivo, o valor decorrente de emendas estimado para esse fim é de R$ 370 milhões. Na decisão, o ministro condiciona a liberação dos recursos à ratificação das emendas nas comissões temáticas sobre saúde da Câmara e do Senado até 31/3/2025.
Nos Estados Unidos, os investidores voltam sua atenção para dois grandes temas em 2025: o caminho do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) para as taxas de juros e as implicações da ascensão de Donald Trump de volta à Casa Branca. Na última reunião de 2024, o Fed cortou os juros em 0,25 p.p, que ficam agora na faixa de 4,25% a 4,5%. Este foi o terceiro corte seguido na taxa de juros. O atual ciclo de redução teve início em setembro, com corte de 0,50 ponto na taxa, o primeiro recuo desde 2020.
Para 2025, as projeções indicam uma postura mais cautelosa, com a maioria das autoridades prevendo apenas dois cortes de juros no próximo ano, em comparação aos quatro projetados anteriormente. De todo modo questiona-se quando serão observados os novos afrouxamentos, principalmente mediante aos fatores geopolíticos e mudanças políticas nos EUA, incluindo tarifas mais altas sobre a China e novos cortes de impostos.
No setor corporativo, a Equatorial informou que o seu conselho de administração aprovou a
declaração de Juros sobre Capital Próprio (JSCP), no valor total bruto de R$ 111,164 milhões, equivalente ao valor bruto de R$ 0,08912457556 por ação, desconsideradas as ações em tesouraria.
A Totvs informou que a sua subsidiária, Totvs Tecnologia em Software de Gestão Ltda., concluiu, após terem sido atendidas todas as condições precedentes, conforme aplicável, incluindo, sem limitação, a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a aquisição da totalidade do capital social da Varejonline, pelo montante total de R$ 49 milhões, sujeito a ajustes.
O conselho de administração da Assaí aprovou o pagamento de juros sobre capital próprio,
referente ao período até 31 de dezembro de 2024, no montante bruto de R$ 125 milhões,
correspondente a R$ 0,09270138645907 por ação ordinária.
O conselho de administração da Prio aprovou o aumento do capital social da companhia de R$ 3 bilhões, passando de R$ 7.834.786.062,24 para R$ 10.834.786.062,24, mediante capitalização de recursos alocados na reserva de lucros estatutária denominada “Reserva de Investimentos”.
A Gerdau a sua controlada Gerdau Aços Longos S.A. celebraram, com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), um Termo de Acordo, condicionado à homologação judicial, relativo a processo administrativo que tem como escopo apuração de suposta prática de infração à ordem econômica no mercado de produção de vergalhões de aço. A Gerdau se comprometeu ao pagamento do valor de R$ 256.099.475,18 ao Fundo de Defesa de Direitos Difusos. O pagamento será realizado à vista e com recursos próprios disponíveis.
A Vale, a Agência Nacional de Transportes Terrestres e a União Federal, por meio do Ministério dos Transportes, estabeleceram as bases gerais para a repactuação dos Contratos de Concessão da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM). Os referidos contratos fixaram a prorrogação antecipada das concessões citadas até 2057. Sob as bases gerais da repactuação, a Vale se compromete com um aporte global máximo de aproximadamente R$ 11 bilhões, a título da revisão de levantamento da base de ativos da EFC e EFVM, da otimização de obrigações contratuais e do replanejamento de investimentos. Os termos da transação resultam no aumento de R$ 1,7 bilhão em provisão referente a concessões ferroviárias.
A B3 informou que os valores atribuídos por ação relacionados ao pagamento de juros sobre capital próprio, referentes ao quarto trimestre de 2024, foram ajustados de R$ 0,06336331 para R$ 0,06403360 por ação (valor líquido de R$ 0,05385881 para R$ 0,05442856). O pagamento dos juros sobre capital próprio será realizado em 8 de janeiro de 2025, com base na posição acionária de 30 de dezembro de 2024.
A Votorantim Cimentos celebrou com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) acordo para pôr fim a todos os processos administrativos e judiciais envolvendo a companhia e o Cade, e que aderiu a transação extraordinária junto à Procuradoria Geral Federal (PGF) para quitar valores relacionados aos referidos processos, nos termos das regras aplicáveis ao programa Desenrola Agências Reguladoras. Em decorrência da transação extraordinária e do acordo, a companhia equacionou todos os pontos de divergência com o Cade e solucionou em definitivo todos os litígios pendentes com a autarquia, mediante desconto de 65% dos valores originalmente cobrados, o que
resultou em um pagamento de R$ 1.092.779.895,17.
Entre janeiro e novembro de 2024, o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para micro, pequenas e médias empresas (MPME), por meio de operações indiretas, cresceu 46% em relação ao mesmo período de 2023. Ao todo, foram aprovados créditos no montante de R$ 80,1 bilhões, ante R$ 54,8 bilhões no ano anterior.
O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) divulgou posicionamento em que defende o veto integral ao benefício fiscal concedido para refinaria na regulamentação da reforma tributária pelo Congresso Nacional via aprovação do projeto de lei complementar (PLP) 68.