Operação da Lava Jato mira Oi, Vivo e filho de Lula

50532

São Paulo – A força-tarefa da operação Lava Jato lançou mais uma fase das investigações, com foco em contratos firmados entre as operadoras de telefonia Oi e Vivo e a empresa Gamecorp, que tem como sócio um dos filhos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo o Ministério Público Federal do Paraná (MPF-PR), a Gamecorp recebeu mais de R$ 132 milhões das operadoras entre 2004 e 2016 “sem justificativa econômica plausível”, ao mesmo tempo em que a Oi foi beneficiada por decisões do governo federal.

“Provas documentais colhidas, como contratos e notas fiscais, além de dados extraídos a partir do afastamento dos sigilos bancário e fiscal dos investigados, indicam que as empresas do grupo Oi/Telemar investiram e contrataram o grupo Gamecorp/Gol sem a cotação de preços com outros fornecedores, fizeram pagamentos acima dos valores contratados e praticados no mercado, assim como realizaram pagamentos por serviços não executados”, disse o MPF-PR em comunicado.

Os procuradores afirmam que, no decorrer das investigações, apreenderam um e-mail enviado a Fábio Luis Lula da Silva – filho do ex-presidente Lula – e aos demais sócios da empresa – Fernando Bittar e Jonas Suassuna – no qual o diretor de publicidade da Gamecorp apresenta o resultado da companhia, mas “expurgados os números da Brasil Telecom [grupo Oi] que por ser uma verba política poderia distorcer os resultados”.

Entre 2005 e 2016 o grupo Oi foi responsável por 74% dos recebimentos da Gamecorp, segundo o MPF.

“Também foi apreendida mensagem eletrônica encaminhada para diretor e conselheiro do grupo Oi/Telemar na qual consta uma planilha com a informação de que um repasse, realizado em abril de 2009 para a Gamecorp, no valor de R$ 900 mil, fora deduzido da conta corporativa da presidência do grupo Oi/Telemar e classificado como custo de ‘assessoria jurídica'”, disseram os procuradores, afirmando que a atividade não consta do objeto social da Gamecorp.

O MPF-PR diz que a Oi foi beneficiada no decorrer do período dos pagamentos feitos à Gamecorp com decisões do governo federal, entre elas a o Decreto n 6.654/2008, assinado pelo então presidente Lula, que permitiu a operação de aquisição da Brasil Telecom pela Oi. “Mensagens apreendidas no curso das investigações também denotam que o grupo Oi/Telemar foi beneficiado pela nomeação de conselheiro da Anatel”, disse a força-tarefa.

No caso da Vivo, a operação Mapa da Mina apura indícios de irregularidades no relacionamento entre o grupo Gamecorp no que diz respeito ao projeto “Nuvem de Livros”. “Foi apurada movimentação na ordem de R$ 40 milhões entre a Movile Internet Móvel, empresa do grupo Telefónica/Vivo, e a Editora Gol no período de 15/01/2014 a 18/01/2016”, disseram os procuradores.

Também recaem suspeitas sobre repasses efetuados pela Oi para a empresa R.T Serviços Especializados, usada para o custeio de diversas despesas do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e de pessoas a ele relacionadas.

Gustavo Nicoletta / Agência CMA (g.nicoletta@cma.com.br)