RADAR DO DIA: Eleições nos EUA; Copom inicia reunião; corte de gastos no Brasil

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São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e alta e as bolsas europeias em
queda. A eleição presidencial nos Estados Unidos vai dominar o noticiário nesta terça-feira,
diante de uma disputa sem favorito entre o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris. Para Lauren Goodwin, economista e estrategista-chefe de mercado da New York Life Investments, os possíveis impactos no mercado podem depender de qual partido assumirá o controle do Congresso.

“Mudanças legislativas significativas seriam difíceis de aprovar se o controle da Câmara e do Senado dos Estados Unidos estiver dividido. No entanto, uma vitória completa dos republicanos ou democratas, juntamente com a Casa Branca, poderia significar planos ambiciosos de gastos ou uma reforma tributária”, apontou Goowin.

Para Fernando Bento, da FMB Investimentos, para economias emergentes, que frequentemente têm dependência de commodities e estão vulneráveis à valorização do dólar, a possível volta de Trump representa um cenário de volatilidade. No caso brasileiro, uma série de fatores pode contribuir para pressões econômicas mais intensas, como a valorização do Dólar.

“A alta do dólar e os possíveis aumentos nas taxas de juros nos EUA sob uma administração Trump poderiam provocar uma fuga de capitais das economias emergentes para mercados mais seguros, como o americano. Esse cenário forçaria o Brasil a manter ou elevar suas taxas de juros para conter a inflação e atrair investidores estrangeiros, impactando o crédito e a atividade econômica doméstica, explicou Bento.

Segundo analistas ouvidos pela Safra News, independentemente do resultado, a economia dos Estados Unidos deve permanecer resiliente, impulsionada por finanças domésticas e investimentos nos setores industrial e tecnológico. Contudo, as incertezas eleitorais continuam a pesar nas previsões, com a preocupação de que o espaço para expansão fiscal será limitado devido ao alto custo do serviço da dívida pública.

Em termos de mercado de trabalho, Harris promete expandir deduções fiscais para novos negócios e oferecer auxílio de US$ 25 mil para a compra do primeiro imóvel. Trump, por outro lado, foca em tarifas de importação e a redução de impostos para empresas que produzam nos EUA. Ambos os candidatos enfrentam a crescente preocupação com a desaceleração econômica e a alta da dívida pública, que ultrapassa US$ 35 trilhões.

Além do pleito presidencial, os investidores também estão de olho na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), que baterá o martelo sobre os juros no país na quinta-feira (7). Em setembro, o Fomc cortou a taxa em 0,50 ponto percentual, levando os juros para a faixa entre 4,75% e 5%. Foi a primeira vez desde 2020 que a autoridade monetária reduziu as taxas.

A ferramenta CME FedWatch, que monitora a probabilidade de ajustes nas taxas de juros pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), aponta uma probabilidade de 98,17% de corte de juros em 0,25 ponto percentual (pp). O número é superior ao registrado anteriormente, quando ficou em 94,78%. Já a possibilidade de manutenção dos juros no atual patamar subiu de 4,92% para 5,22%.

Por aqui, a expectativa continua para a divulgação do pacote promovido pelo governo Lula para cortar gastos. Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo está na reta final da definição das medidas de corte de gastos. “Penso que estamos na reta final. O presidente (Lula) passou o final de semana, inclusive, trabalhando o assunto, pediu que técnicos viessem à Brasília para apresentar detalhes para ele. Já há várias definições muito adiantadas”, comentou Haddad.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, a equipe econômica estaria avaliando a criação de um limite global para as despesas obrigatórias, que seguiria o mesmo índice de correção do arcabouço fiscal (expansão de até 2,5% acima da inflação ao ano), ou seja, caso os gastos obrigatórios (que incluem benefícios previdenciários, assistenciais, folha de salários e benefícios como seguro-desemprego) avancem acima desse patamar, gatilhos de contenção seriam acionados para ajudar a manter a trajetória de despesas sob controle.

O mercado também fica de olho na definição da taxa Selic, que acontecerá amanhã, com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Os membros do Copom iniciam a reunião nesta terça-feira, com investidores apostando em uma alta de 0,50 ponto percentual nos juros, passando de 10,75% para 11,25% ao ano.

A consultoria Safras & Mercado destacou que as expectativas de inflação continuam desancoradas, revelando um risco significativo de deterioração do cenário inflacionário. “O país vive um momento de políticas fiscais e parafiscais com uma orientação expansionista, que podem exacerbar as pressões inflacionárias. A combinação desses fatores, aliada à pressão sobre o câmbio, nos leva a crer que a autoridade monetária brasileira terá que adotar uma postura mais agressiva na próxima reunião do Copom, intensificando o ritmo de elevação das taxas de juros para 50 pontos-base”, apontou Safras & Mercado.

Na sexta-feira sai o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, referente a outubro. O IPCA-15, que mede a prévia da inflação oficial, ficou em 0,54% em outubro deste ano. A taxa é superior às observadas nas prévias de setembro deste ano (0,13%) e de outubro do ano passado (0,21%). o OPCA-15 acumula taxa de 3,71% no ano. Em 12 meses, a taxa acumulada chega a 4,47%, acima dos 4,12% apurados na prévia de setembro.

No setor corporativo, o Itaú Unibanco registrou resultado recorrente de R$ 10,7 bilhões no
terceiro trimestre de 2024, alta de 18,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, e retorno recorrente sobre o patrimônio líquido médio anualizado (ROE) de 22,7%. Entre os fatores que mais influenciaram os resultados estão o aumento da margem financeira com clientes, impulsionado pelo crescimento da carteira de crédito, aumento das receitas de serviços e seguros e da margem financeira com o mercado, além da redução no custo de crédito.

A Tim Brasil divulgou na noite de ontem (4) o balanço do terceiro trimestre de 2024 (3T24), com lucro líquido normalizado de R$ 805 milhões, alta de 11,2% na comparação com o mesmo período do ano passado (3T23). 3T23. De janeiro a setembro, o lucro líquido normalizado foi de R$ 2,106 bilhões, alta de 17,1% em comparação ao mesmo período de 2023.

A Oi, em recuperação judicial, informou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) concedeu anuência prévia à operação de aquisição de participação societária na companhia por Credores Opção de Reestruturação I, decorrente da subscrição de novas ações em contrapartida à capitalização de créditos detidos contra a companhia, no âmbito do aumento de capital aprovado pelo Conselho de Administração. Segundo o comunicado, a anuência representa, assim, o cumprimento de mais uma importante etapa do Plano de Recuperação Judicial da Companhia e suas subsidiárias em recuperação judicial.

A Prio divulgou ontem os dados operacionais referente a outubro de 2024, com produção de 79.233 boedp (barris de óleo por dia), acima do volume de 71.476 boedp registrado em setembro. As vendas de óleo chegaram a 875.770 barris em outubro, bem abaixo do venda alcançada em setembro, que foi de 3.721.446.

A administradora de shopping centers Allos celebrou um Memorando de Entendimentos (MOU) para os desinvestimentos parciais de 20% do Carioca Shopping, 10% do Shopping Tijuca e 9,9% do Plaza Sul Shopping. O valor total da operação é de R$393,0 milhões.

A BB Seguridade anuncia ao mercado um lucro líquido gerencial, que não considera os efeitos do IFRS 17 e eventos extraordináros do período, de R$ 2,3 bilhões no terceiro trimestre de 2024, número que representa um aumento dei 10,1% na comparação com o mesmo período do ano anterior. A companhia revisou suas projeções para os prêmios emitidos pela Brasilseg, para 0% a 3%, ante 8% a 13% anterior, levando em consideração o resultado realizado do 9M24 e as expectativas operacionais mais recentes, de alta de 1%.

O conselho de administração da Klabin aprovou o pagamento de juros sobre capital próprio (JCP) de R$ 425 milhões aos acionistas, valor correspondente às ações ordinárias e preferenciais, na razão de R$ 0,06990882533 por ação e de R$ 0,34954412665 por Unit. O pagamento dos proventos será realizado em 21 de novembro.