RADAR DO DIA: Emprego nos EUA; juros na Europa; corte de gastos no Brasil

135

São Paulo, SP – Os índices futuros americanos abriram em instabilidade e as bolsas europeias em alta. O mercado continua de olho nos números da economia dos Estados Unidos. Hoje saem os dados sobre seguro-desemprego e as vendas do varejo referente a setembro. Na semana passada, o número de novos pedidos de seguro-desemprego subiu em 33 mil para 258 mil, após ter alcançado 225 mil na semana anterior (dado revisado).

O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) tem acompanhado de perto o ritmo do mercado de trabalho nos EUA, que ainda preocupa, mas está menos aquecido do que no primeiro semestre. Apesar de parecer controlado, o último relatório de emprego (payroll), referente a setembro, veio bem acima das previsões, fechando em 254 mil vagas de emprego. A expectativa do mercado era de 230,2 mil novos postos de trabalho.

Para a Capital Economics, o forte resultado do payroll tira qualquer possibilidade de um novo corte de 0,50 ponto percentual na taxa de juros, na próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que acontecerá em 8 de novembro. A ferramenta CME FedWatch, que monitora a probabilidade de ajustes nas taxas de juros, apontou uma subida na possibilidade de corte de juros em 0,25 p.p. em novembro, passando de 80,26% para 88,96%. Por outro lado, a probabilidade de o Fomc manter os juros no atual patamar de 4,75% a 5%, recuou de 19,74% para 11,04%.

Na Europa, investidores aguardam hoje a decisão do Banco Central Europeu (BCE) sobre os juros, com expectativa de mais um corte de 0,25 ponto percentual. No mês passado, o BCE reduziu em 0,25 p.p., levando a taxa para 3,50%. Analistas acreditam que o BCE vai confirmar o terceiro corte de juros do ano, e outro corte da mesma magnitude em dezembro. Os dados mais atuais mostraram que a inflação na zona do euro recuou para 1,8% em setembro, ficando abaixo da meta de 2% pela primeira vez desde 2021. De acordo com as projeções do BCE, a inflação na zona do euro deve fechar 2024 em 2,5%,
caindo para 2,2% em 2025 e 1,9% em 2026.

Hoje pela manhã foi divulgado o índice harmonizado de preços ao consumidor dos países que compõem a zona do euro, com alta de 1,7% em setembro na comparação com o mesmo período de 2023, após a alta de 2,2% de agosto. Já nos 27 países que compõem a União Europeia, o índice de preços ao consumidor de subiu 2,1% em base anual e caiu 0,1% em base mensal. A previsão era de alta de 1,8% em base anual. Em base mensal, os preços ao consumidor caíram 0,1% em setembro de 2024.

Por aqui, ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse, em entrevista concedida após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e representantes dos grandes bancos, que o governo está tentando garantir que o arcabouço fiscal tenha vida longa. “Não gosto de usar a expressão ‘revisão de gastos'”, completou ao ser indagado se as medidas especuladas para contenção das despesas foram debatidas no encontro.

Segundo Haddad, o arcabouço não pode ser algo que as pessoas olhem e digam: isso aqui tem dois anos de sustentabilidade. “Isso aconteceu com o teto de gastos, que todos sabiam que tinha vida curta”, explicou o ministro, acrescentando que o governo não pode deixar que aconteça com o arcabouço o mesmo que ocorreu com o teto. O ministro afirmou que o arcabouço está desenhado, mas que há preocupação das pessoas e do próprio governo sobre sua dinâmica futura. “Por isso vamos apresentar ao presidente o desenho que imaginamos ser o melhor para o futuro próximo”.

Ontem, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, confirmou que alguns temas foram vetados por Lula (valorização do salário-mínimo e sua vinculação à aposentadoria). Tebet comentou que uma única medida em estudo poderia abrir espaço fiscal de até R$ 20 bilhões/ano, mas deixou claro que não há meta de economia com as medidas. “Chegou a hora de levar a sério a revisão dos gastos públicos no país, não é mais possível resolver o desequilíbrio das contas públicas somente com o aumento de receitas”, ressaltou Tebet.

No setor corporativo, o presidente da Enel São Paulo, Guilherme Lencastre, disse em entrevista coletiva nesta manhã, que a empresa vai dobrar o número de podas de árvore em 2024 em comparação ao ano passado. Ele ressaltou que a Enel assumiu a energia na capital paulista em 2018, e que os investimentos médios foram de R$ 1,4 bilhão e que, a partir deste ano, e nos próximo dois anos, os investimentos serão, em média, de R$ 2 bilhões por ano. Ele confirmou que 36 mil clientes continuam sem energia na cidade de São Paulo.

A CVC informou que foi aprovado o reperfilamento das debêntures da quarta e da quinta emissões, nas respectivas assembleias gerais de debenturistas e em reunião do conselho de administração da companhia.

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informo que, em reunião do conselho de administração realizada em 15 de outubro, foi deliberada a aprovação de Proposta Não Vinculante (term sheet) com a Itochu Corporation para a venda de participação minoritária de até 11% em sua controlada CSN Mineração.

A gasolina manteve estabilidade em seu preço médio nacional durante a primeira quinzena de outubro, enquanto o valor do etanol apresentou queda de 0,71% no mesmo período, ante o acumulado de setembro, segundo a última análise do Índice de Preços Edenred Ticket Log (IPTL), levantamento que consolida o comportamento de preços das transações nos postos de combustível, trazendo uma média precisa. O litro da gasolina foi vendido, em média, a R$ 6,26 nos postos de abastecimento de todo o Brasil, o mesmo valor registrado em setembro. O etanol, por sua vez, foi encontrado com o preço médio de R$ 4,20.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou dois financiamentos que totalizam R$ 385 milhões à empresa Wilson Sons Estaleiros para a
construção, manutenção e reparo de rebocadores. Os recursos, que representam 90% dos
investimentos totais, são do Fundo da Marinha Mercante (FMM), operado pelo Banco.

O Bank of America (BofA) divulgou um relatório sobre o encontro que teve com o CFO da São Martinho, Felipe Vicchiato, para falar sobre as perspectivas para os próximos semestres. Segundo Vicchiato, a previsão é positiva para os preços do açúcar e do etanol nos próximos doze meses devido à oferta limitada do mercado brasileiro. O banco de investimentos manteve a recomendação do compra, com preço-alvo de R$37.