RADAR DO DIA: Empregos nos EUA; Saldo positivo do Ibovespa em 2022; Lula sobe a rampa

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São Paulo, SP – O mercado analisa os números divulgados ontem (29) de novos pedidos de seguro-desemprego nos Estados Unidos, que aumentou em 9 mil solicitações na semana encerrada em 24 de dezembro, totalizando 225 mil, após ter alcançado 216 mil na semana anterior.

Uma queda nos pedidos sugere que menos pessoas estão sem trabalho, enquanto uma alta indica o contrário. A média móvel dos pedidos de seguro-desemprego feitos nas últimas quatro semanas, um indicador menos volátil, caiu em 250, para 221 mil pedidos.

Os investidores sabem que um mercado de trabalho aquecido, com mais pessoas trabalhando e consumindo, leva a um risco maior de inflação, o que pode levar o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) a aumentar em ritmo mais intenso a taxa de juros.

Para 2023, é esperada uma recessão global, ainda com o aumento das taxas de juros e inflação alta. A flexibilização da política de Covid zero na China animou o mercado nesta semana, mas a incerteza de que o gigante asiático vai conseguir gerenciar a pandemia ainda deixa o investidor preocupado.

Por aqui, ontem, no último pregão de 2022, a Bolsa fechou em queda em dia de ajuste de carteiras e com os investidores diminuindo o apetite ao risco devido ao feriado de hoje por aqui e na segunda nas maiores economias do mundo.

O Ibovespa fechou a semana em alta de 2,03%, no mês em queda de 2,44% e no trimestre recuou 0,27%. No semestre, o Ibovespa acumulou ganho de 6,36% e no ano valorizou 4,68%.

Ontem também foram definidos os últimos 16 ministros do novo governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. A senadora Simone Tebet vai comandar a pasta do Planejamento. O formato negociado deve manter o Planejamento com parcerias e investimentos, mas dividindo funções com Fazenda e Casa Civil. A pasta comandada por Tebet não terá bancos públicos e o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Lula também afirmou que deverá nomear mulheres para comandar os bancos públicos, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

O terceiro mandato do presidente Lula começa na próxima segunda-feira (2) com o desafio de manter as contas públicas em ordem, impulsionar o crescimento com pouco dinheiro em caixa, com uma recessão global à frente, e diminuir os efeitos da pandemia na população mais pobre do país.

A PEC da Transição aprovada diminuiu o prazo de validade da medida de dois anos e prevê a ampliação do teto apenas em 2023. Os gastos extras aumentaram em R$ 145 bilhões. Desse total, R$ 70 bilhões vão para o Auxílio Brasil (que deverá voltar a se chamar Bolsa Família), mantendo o benefício mínimo em R$ 600 mais R$ 150 por criança de até seis anos de idade.

Os demais R$ 75 bilhões seriam distribuídos para outras áreas do governo, incluindo saúde, educação e aumento do salário mínimo. Outros R$ 23 bilhões de receitas extraordinárias irão para investimento em obras de infraestrutura.

O futuro ministro da Economia, Fernando Haddad, terá que buscar a definição de um novo arcabouço fiscal duradouro para construir um consenso em relação à definição de uma âncora consistente e viável.

Nesta semana, a medida do Centrão em utilizar a proposta ministro da Economia Paulo Guedes sobre o teto de gastos para pressionar o novo governo também animou o mercado. A proposta busca alterar o teto de gastos por meio de uma proposta de emenda constitucional, adiantando o congresso na discussão da mudança do arcabouço fiscal em 2023.