RADAR DO DIA: Escalada do dólar; Produção Industrial; Ata do Fed

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Notas de dólar // Créditos: Pexels/Karolina Grabowska

São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em alta. O dólar, mais uma vez, avançou e bateu um novo recorde, encerrando a sessão de ontem com alta de 0,22%, sendo negociado a R$ 5,6665. A moeda norte-americana está no maior valor desde 10 de janeiro de 2022, e já subiu 16,8% neste ano.

Segundo o professor de finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da
Fundação Getulio Vargas (FGV), Renan Pieri, ouvido pela Agência Brasil, a manutenção dos juros altos e a valorização dos títulos públicos nos Estados Unidos estão entre as principais razões para a alta do dólar no Brasil.

“A alta do dólar tem relação com a valorização dos títulos públicos americanos, muito no
cenário de manutenção de juros altos nos Estados Unidos, com a expectativa de um momento mais difícil na eleição [presidencial], também por conta do mercado aquecido lá. Os juros mais altos, essa rentabilidade maior dos títulos americanos, atrai capital para lá e tira dinheiro do Brasil”, explicou Pieri.

Parte da alta do dólar deve-se a questões internas, como a expectativa do mercado financeiro sobre o anúncio de medidas de corte de gastos para o orçamento de 2025 e do contingenciamento de verbas públicas para o orçamento deste ano. Hoje à tarde, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem reunião, no Palácio do Planalto, com ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e outros membros da equipe econômica, para discutir o equilíbrio fiscal e a recente alta do dólar.

“A questão fiscal do Brasil faz com que o mercado comece a acreditar que o governo vai ter muita dificuldade de cumprir o novo arcabouço fiscal, o método de superávit primário, e portanto passa a cobrar um prêmio maior para manter os investimentos aqui”, ressaltou Pieri, que lembrou ainda que esse “prêmio” não se traduzir em juros mais altos, haverá saída de capital do país.

Ainda em Brasília, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), se reuniu ontem com governadores e com integrantes do governo federal para buscar um consensosobre a proposta de renegociação das dívidas dos estados com a União. Somada, a dívida de todos os estados e do Distrito Federal é estimada em R$ 764,9 bilhões. A expectativa é de que um projeto de lei complementar seja apresentado antes do recesso parlamentar de julho.

Mais tarde, Pacheco se reuniu com o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (S/Partido-AP); com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha; e com o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, para negociar a proposta junto ao governo. Os detalhes da negociação serão informados hoje em uma entrevista coletiva.

Hoje saem os números da Produção Industrial referente ao mês de maio, que deve recuar 1,1% em relação a abril. No comparativo com o mesmo período de 2023, a retração deve ser de 1,3%. As estimativas foram calculadas pelo Termômetro CMA. As previsões de sete instituições financeiras consultadas para o resultado mensal variam entre -2,40% e +0,20%, com a média das projeções em 1,14%.

Nos Estados Unidos, a expectativa é para a ata da última reunião do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Na ocasião, o Comitê manteve a taxa atual, entre 5,25% e 5,50% ao ano, em decisão unânime. A taxa oscila dentro desta banda desde julho de 2023.

O mercado não “arrisca” quais serão os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), diante da economia ainda aquecida nos Estados Unidos, mas há apostas de que os juros podem recuar pelo menos uma vez até o fim do ano. Ontem, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que os EUA tiveram bastante progresso em trazer a inflação de volta ao alvo, após leituras mais altas no início deste ano. “Os dados de abril e maio sugerem que estamos voltando a um caminho desinflacionário. Queremos estar mais confiantes de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2% antes de começarmos o processo de afrouxamento da política”,
explicou Powell.

Ainda nos EUA, hoje saem os números do Relatório Nacional de Emprego ADP, com os dados sobre a criação de novas vagas no setor privado em junho. Na sexta-feira (5), será a vez dos dados do relatório payroll, principal indicador sobre o mercado de trabalho nos EUA, além dos números sobre novos pedidos de seguro-desemprego.

No setor corporativo, a Vale informou que divulgará seus relatórios de desempenho operacional de financeiro do segundo trimestre de 2024 nos dias 16 e 25 de julho, após o fechamento do mercado. A apresentação pública dos resultados será no dia 26 de julho,às 11h00 (horário de Brasília).

A AES Brasil Energia e a Auren Energia informam que na segunda-feira (1), a aprovação da
superintendência geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou do ato de concentração, referente à proposta de combinação de negócios entre as companhias, tornou-se final e definitiva, após transcorrido o prazo de 15 dias
da publicação da referida decisão no Diário Oficial da União.

A Eletrobras informou que concluiu o programa de recompra de ações. Foram adquiridas na B3 a preço de mercado 46.770.200 ações ordinárias e 7.032.800 ações preferenciais de classe B de emissão da companhia no total de cerca de R$ 1,97 bilhão. As ações recompradas serão mantidas em tesouraria, observados os objetivos previstos quando da instituição do programa, podendo ser canceladas ou alienadas no futuro.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou R$ 3,2 bilhões para projetos da iniciativa Rotas para a Integração. O Rotas é o maior fundo já construído para a integração da América do Sul e do Mercosul. Foi assinado em dezembro de 2023 e prevê investimentos de até R$ 50 bilhões, com recursos do BNDES, do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do CAF (Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe) e do Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata (Fonplata). A instituição brasileira tem participação de R$ 15 bilhões no fundo para investimentos em empresas nacionais, dos quais já desembolsou R$ 2 bilhões.