RADAR DO DIA: EUA sob Trump; Lula quer resultados; sucessão no Congresso

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O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no hospital Walter Reed / Foto: Casa Branca

São Paulo, 21 de janeiro de 2025 – Os índices futuros americanos abriram em alta e as bolsas europeias abriram em queda. O mercado repercute o discurso de pose do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que iniciou ontem seu segundo mandato à frente da Casa Branca.

As notícias sobre as políticas de Trump causaram uma queda acentuada no dólar, com o índice internacional do dólar registrando uma baixa de cerca de 1%. Apesar disso, analistas acreditam que tarifas universais de 10% e de 60% sobre importações da China serão implementadas no segundo trimestre de 2025, o que impulsionaria uma nova valorização do dólar. “Caso contrário, o dólar pode sofrer quedas adicionais, mas essa não é a expectativa principal. A comparação com 2017, quando o dólar perdeu força após um início de alta, reforça a cautela nos mercados”, apontou James Reilly, economista sênior de mercados da Capital Economics.

Ontem, Mary Callahan rdoes, chefe de gestão de ativos e patrimônio do JPMorgan, revelou no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça), que a equipe do banco trabalhou durante toda a noite analisando as mudanças anunciadas. Trump prometeu revogar quase 80 ações executivas de Joe Biden, congelar novas regulamentações e proibir o trabalho remoto no setor público, medidas vistas como um movimento pró-negócios.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que a União Europeia (UE) manterá uma abordagem pragmática nas relações com a nova administração do presidente Trump. Além disso, ela disse que a Europa precisará trabalhar unida para evitar uma corrida global rumo à estagnação. Ela destacou que o uso de sanções, controles de exportação e tarifas deve aumentar e que, para sustentar o crescimento europeu nas próximas décadas, será necessário mudar de estratégia. Entre as iniciativas, a UE apresentará um plano conjunto de descarbonização e competitividade.

Para Marcos Moreira, sócio da WMS Capital, as medidas de Trump devem elevar os juros no país e, assim, fortalecer o dólar frente a outras moedas globais. “A política do novo presidente dos EUA tende a fortalecer a economia americana, estimulando o consumo o interno, principalmente em virtude das imposições de tarifas de importações, deixando os produtos importados mais caros, forçando a população a consumir dentro do próprio país. Essa medidas por um lado vai acelerar a atividade econômica, gerando crescimento do PIB, mas por outro, vai acelerar a inflação”, apontou Moreira.

Na última ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), divulgada no início de janeiro, os membros do Fed afirmaram que “dada a elevada incerteza sobre os detalhes relativos ao escopo e ao cronograma das possíveis mudanças nas políticas comerciais, de imigração, fiscais e regulatórias, bem como seus potenciais efeitos sobre a economia, é difícil selecionar e avaliar a importância desses fatores para a projeção básica e apresentou uma série de cenários alternativos”. Sem mencionar diretamente Trump, o resumo da reunião fez pelo menos quatro referências sobre o impacto que mudanças nas políticas de imigração e comércio poderiam ter na economia dos Estados Unidos.

Por aqui, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que está insatisfeito com a
atuação de seus ministros e com os resultados de sua popularidade colhidos no decorrer da primeira  metade do seu mandato. O recado do presidente foi muito claro, afirmando que a corrida por 2026 já começou. “A entrega que nós fizemos para o povo ainda está longe de ser o que prometemos em 2022, porque muito dos que nós plantamos e semeamos não está pronto e não pode ser colhido, ainda. Todo mundo sabe o esforço que nós fizemos para aprovar a reforma tributária, que só vai dar resultados ao povo em 2027, mas já dá resultado em quem quer investir no Brasil”, ressaltou Lula.

O governo também espera o resultado das eleições legislativas e da confirmação dos novos
líderes no Congresso para retomar a articulação com o Congresso. Há ainda pontos importantes da agenda econômica que dependem do aval da Câmara e do Senado. A questão das emendas parlamentares segue pendente e o sentimento no mercado é de que o governo terá dificuldades para garantir base e aprovar importantes projetos. A eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados foi marcada para o dia 1º de fevereiro. O favorito é o deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB). Para o Senado, o senador o favorito é Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Alcolumbre já comandou o Senado
de 2019 a 2021.

O mercado também aguarda, na sexta-feira (24), a divulgação do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial de janeiro. No ano passado, o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de 0,52%, ficando acima da taxa de novembro (0,39%), embora tenha permanecido abaixo da taxa registrada em dezembro de 2023 (0,56%). Com isso, o índice oficial de inflação do país fechou o ano acumulando alta de 4,83%, superando em 0,21 ponto percentual (p.p.) o IPCA de 2023 (4,62%) e ficando 0,33 p.p. acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

No setor corporativo, A Gerdau informa que o programa de recompra de ações de sua própria emissão (Programa de Recompra 2024), foi encerrado na segunda-feira (20) e que seu conselho de administração aprovou um novo programa para o exercício de 2025. O novo programa de recompra de ações de emissão da companhia (Programa de Recompra 2025) prevê a aquisição de até 63.000.000 de ações preferenciais, representando aproximadamente 5% das ações preferenciais (GGBR4) e/ou de ADRs lastreados em ações preferenciais (GGB) em circulação e até 1.500.000 de ações ordinárias, representando aproximadamente 10% das ações ordinárias (GGBR3) em circulação. O prazo para aquisição será a partir de 22 de janeiro de 2025, com prazo máximo de 12 meses, ou
seja, até 22 de janeiro de 2026, inclusive.

A Metalúrgica Gerdau encerrou o seu programa de recompra de ações de sua própria emissão (Programa de Recompra 2024), na segunda (20). Adicionalmente, o Conselho de Administração aprovou um novo programa de recompra de ações de emissão da Companhia (Programa de Recompra 2025), que prevê a aquisição de 6.000.000 de ações preferenciais (GOAU4), representando aproximadamente 1% das ações preferenciais em circulação, a partir de 22 de janeiro de 2025, com prazo máximo de 12 (doze) meses, ou seja, até 22 de janeiro de 2026, inclusive.

A rede de joalherias Vivara informa a contratação de Elias Leal Lima como novo diretor executivo de Finanças e de Relações com Investidores, com reporte ao CEO Icaro Borrello, que interinamente continua respondendo, conforme estatuto, como Diretor de Relações com Investidores e Diretor Financeiro da Companhia.

Um levantamento realizado pela EDP, distribuidora de energia elétrica do Espírito Santo, constatou que a quantidade de energia recuperada de furto em 2024, na sua área de concessão no estado, daria para abastecer por um mês o município de Cariacica. No período, a concessionária fiscalizou 34.483 instalações com suspeitas de irregularidades, tais como manipulações ou desvios no medidor, recuperando, nas ações de combate ao furto de energia, 42,31 GWh.

A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) informaram que as vendas de novos imóveis cresceram 21,5% no acumulado de janeiro a outubro de 2024 em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando 155.769 unidades comercializadas, conforme apontado pelo indicador ABRAINC-FIPE. O estudo foi elaborado com dados de 20 empresas do setor.