RADAR DO DIA: Fed e Copom não surpreendem; contingenciamento de receitas deve ser de R$ 3 bi

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São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e as bolsa europeias abriram alta. O mercado ainda digere a decisão do Comitê Federal de Política Monetária (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed,o banco central norte-americano) de manter os juros nos Estados Unidos entre 5,25% e 5,50%.

Após o anúncio, o comunicado do Fed apontou que os indicadores recentes sugerem que a atividade econômica está se expandindo a um ritmo sólido. “Os ganhos de emprego permaneceram fortes, e a taxa de desemprego permaneceu baixa. A inflação diminuiu ao longo do último ano, mas permanece elevada”, destacou o o Fed.

O Comitê reiterou seu compromisso em alcançar o pleno emprego e manter a inflação em torno de 2% a longo prazo. Avaliando os riscos associados a esses objetivos, o Fomc considera que estão se equilibrando melhor, mas reconhece a incerteza do panorama econômico atual.

O head de renda variável e sócio da A7 Capital, Andre Fernandes, disse que o mercado interpretou o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, de forma mais dovish, apesar de não indicar quando devem cortar os juros. “Em discurso, Powell citou mais uma vez que a política monetária já está em seu pico. Com isso, acredito que as apostas seguem firmes para junho em relação ao primeiro corte dos juros”, avaliou Fernandes.

A ferramenta CME FedWatch, que monitora a probabilidade de alterações nas taxas do Fomc, aponta que as apostas no início dos cortes em junho dispararam ontem após a decisão do Fed, que também incluiu projeções para os próximos anos. A mediana das projeções para a taxa básica de juros indicou que as autoridades pretendem subir os juros até 0,75 ponto percentual (pp) – ou até três cortes – em 2024, a mesma previsão que foi divulgada em janeiro.

Os relatórios de inflação em janeiro e fevereiro alimentaram temores de que o caminho do Fed para reduzir as taxas de juros seria mais longo do que muitos investidores esperavam. Com isso, a probabilidade do banco central iniciar os cortes a partir da reunião de junho subiu de 59,8% antes da decisão para 74,3% após a coletiva de Powell

Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, levando os juros para 10,75%, em decisão unânime. Em seu comunicado, o Copom informou que, “em função da elevação da incerteza e da consequente necessidade de maior flexibilidade na condução da política monetária, os membros do Comitê, unanimemente, optaram por comunicar que anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião”. O Comitê avalia que essa é a condução apropriada para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.

Para Goldman Sachs, o comunicado do Copom mostrou que a orientação futura automática foi desativada, mas o plano de voo ainda é consistente com a capacidade de manter a velocidade (magnitude dos cortes) no próximo ponto de verificação (reunião de maio).

A orientação condicional de um corte de taxa semelhante agora é válida apenas para a próxima reunião, em vez de reuniões, dada a maior incerteza e a necessidade de mais flexibilidade na gestão da política monetária. No entanto, avaliou o Goldman Sachs, o Copom apontou que os ambientes doméstico e externo estão mais incertos, “exigindo cautela com a gestão da política monetária” (no comunicado anterior, o Copom apenas referenciava o cenário externo incerto).

O contingenciamento no relatório bimestral de receitas e despesas, que será divulgado amanhã, deverá se aproximar de R$ 3 bilhões, com déficit primário de cerca de R$ 8 bilhões, dentro da margem de tolerância do novo arcabouço. As informações partem do boletim da Ajax Asset, citando notícias veiculadas ontem. Segundo o boletim, houve um crescimento acima do esperado de algumas despesas, sobretudo aquelas com benefícios do INSS limite máximo de R$ 2,1 trilhões. De qualquer forma, esse bloqueio confirma a estratégia do governo de utilizar uma combinação de bloqueios, bimestre a bimestre, para corrigir aos poucos o ‘erro’ na projeção das obrigatórias (notadamente na previdência).

A temporada de balanços do quarto trimestre continua nesta semana os números da Qualicorp, Cemig, CPFL Energia e Sabesp.

No setor corporativo, a Petrobras informou que recebeu até o momento indicações da
União Federal (Acionista Controlador) e de Acionistas Minoritários para as eleições ao Conselho de Administração e Conselho Fiscal, a serem realizadas na Assembleia Geral Ordinária (AGO) da Companhia, prevista para o dia 25 de abril. Com base nos procedimentos de governança interna da companhia e na Política de Indicação de Membros da Alta Administração, essas indicações são submetidas à análise dos requisitos legais e de gestão e integridade e posterior manifestação do Comitê de Elegibilidade e do Conselho de Administração.

A Cogna divulgou na noite de ontem (20) o balanço do quarto trimestre de 2023, com prejuízo líquido ajustado de R$ 373 milhões, revertendo o lucro ajustado de R$ 76,1 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. Em 2023, o prejuízo líquido ajustado foi de R$ 288,9 milhões, alta de 449,2% em relação ao prejuízo líquido ajustado de 2022. A receita líquida foi de R$ 1,908 bilhão, alta de 12,6% em comparação com o mesmo período de 2022. No ano de 2023, o crescimento da receita líquida foi 15,8%, atingindo R$ 5,895,5 bilhões.

O lucro líquido ajustado da administradora de shoppings centers ALLOS, resultado da combinação entre BR Malls e Aliansce Sonae, cresceu 30,5% no quarto trimestre de 2023 e somou R$ 235,3 milhões na comparação anual. A comparação foi em relação ao lucro pro-forma de R$ 180,3 milhões do mesmo intervalo de 2022. Em todo ano passado, o lucro líquido alcançou R$ 3,4 bilhões, ante R$ 644 milhões pro-forma de 2022. A receita líquida ex-ajuste de aluguel linear foi de R$ 817,5 milhões, crescimento de 5,2% na mesma base de comparação. No ano, o indicador atingiu R$ 2,7 bilhões no ano, um avanço de 8% impulsionada pela performance de aluguéis e de resultado de estacionamento, ambos acima da inflação.

No quarto trimestre de 2023 (4T23), a Minerva abateu aproximadamente 6,6 milhões de cabeças de gado no Brasil, estável ante o 3T23 e alta de 20% na comparação anual. Em 2023, foram abatidas mais de 25 milhões de cabeças, crescimento de 12% na comparação com 2022, informou a empresa, em seu panorama setorial divulgado hoje. O preço médio da arroba, segundo o indicador Boi Gordo ESALQ/BM&F para o Estado de São Paulo, foi de R$ 240,3 por arroba, queda de 17% na comparação anual. Em dólares, o preço médio do gado no trimestre foi de US$ 3,2 por kg, queda de 12% frente o 4T22.

A Americanas, em Recuperação Judicial, informou que iniciou os pagamentos de credores listados no Plano de Recuperação Judicial (PRJ) após a publicação da homologação pelo Juízo da 4a Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, em 27 de fevereiro. O montante desta primeira etapa do cronograma do PRJ totaliza mais de R$ 4 bilhões. O início da fase de pagamentos destrava a reestruturação financeira da varejista, com a retomada de prazo junto aos fornecedores. A quitação dos débitos começou pelo pagamento aos credores trabalhistas, micro e pequenos empreendedores imediatamente após a publicação da homologação e na última quinta-feira avançou para o pagamento de cerca de 500 fornecedores colaboradores.