RADAR DO DIA: Juros e emprego nos EUA; Ata do BCE; Selic no Brasil

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Notas de dólar // Créditos: Pexels/Karolina Grabowska

São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em alta. Um dia após a divulgação da ata da última reunião do Comitê Geral do Mercado Aberto
(Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), realizada em 31 de julho, o mercado mantém precificado a queda dos juros na reunião de setembro. Além disso, analistas aguardam com expectativa o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, amanhã (23), durante o simpósio de Jackson Hole (EUA), e os dados semanais de novos pedidos de seguro-desemprego nos EUA, que será divulgado na manhã de hoje.

A ata do Fed no final de julho mostrou um amplo consenso de que “provavelmente seria apropriado flexibilizar a política na próxima reunião” em setembro. Para Stephen Brown, economista chefe adjunto da América do Norte da Capital Economics, embora o fraco payroll de julho, divulgado posteriormente, possa levar alguns dirigentes do Fed a considerar um corte de 0,50 pontos percentuais (pp), por enquanto eles avaliam que um corte de 0,25 pp continua sendo o resultado mais provável.

Os analistas da ING mudaram a previsão de cortes do Fed por conta dos últimos dados. Em vez de três cortes de 0,25 pontos percentuais para este ano, agora está em 0,50 pontos percentuais em setembro, antes de voltar a cortes de 0,25 pp em novembro e dezembro, com a taxa de política chegando a 3,5% no verão de 2025.

Ontem, o departamento do Trabalho norte-americano (BLS, da sigla em inglês) revisou para baixo a quantidade de vagas criadas de empregos entre março de 2023 e março
de 2024. Foram 818 mil a menos dos níveis mostrados pelos registros fiscais. Assim, em vez de adicionar 2,9 milhões de empregos nos 12 meses até março de 2024, houve apenas 2,1 milhões de novos empregos. “Isso significa que o ímpeto do mercado de trabalho está sendo perdido a partir de uma posição mais fraca do que se pensava inicialmente”, afirmou James Knightley, economista chefe de internacional da ING.

Na Europa, hoje será divulgada a ata da última reunião do Banco Central Europeu (BCE), Ontem, governador do Banco da Itália e membro do Conselho do BCE, Fabio Panetta, afirmou que é realista esperar novos cortes nas taxas de juros. Após o corte significativo em junho, a reunião de setembro determinará se os responsáveis pela política monetária considerarão que a inflação está moderando o suficiente para permitir uma segunda redução.

No Brasil, ainda não há consenso se Comitê de Política Monetária (Copom) aumentará os juros em setembro. Na terça-feira (20), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto disse que o BC precisa evitar análises a partir de ruídos no curto prazo e que os próximos passos do Copom dependem dos dados que serão divulgados nas próximas semanas. Ele ressaltou que ficou surpreso com a força da economia brasileira, mas ponderou que o aquecimento do mercado de trabalho pode estar relacionado à inflação de Serviços.

A projeção de Safras & Mercado para a taxa Selic no final de 2024 foi mantida em 10,50% ao ano. Para 2025, a projeção é de 9,50%. A expectativa do mercado financeiro, divulgada no Boletim Focus, foi mantida em 10,50% para 2024. Para 2025, o Focus elevou a projeção da Selic de 9,75% para 10% ao ano. “Quanto aos juros, acreditamos que um câmbio abaixo de R$ 5,50/US$ não justifica aumentos na taxa Selic, mantendo assim a taxa Selic em 10,50% até final deste ano”, justificou Safras, em relatório.

No setor corporativo, a Caixa divulgou ontem o balanço do segundo trimestre de 2024
(2T24), com lucro líquido recorrente de R$ 3,3 bilhões, alta de 27,3% em relação ao mesmo período do ano passado (2T23). Na comparação com o primeiro semestre de 2023 (1S23), a alta foi 36,6%, fechando o primeiro semestre de 2024 (1S24) com lucro de R$ 6,2 bilhões. A margem financeira alcançou R$ 15,5 bilhões no 2T24, crescimentos de 4,1% em 12 meses e 1,3% no trimestre. No semestre, a margem totalizou R$ 30,8 bilhões, aumento de 6,9% em comparação ao 1S23.

A Oi, em recuperação judicial, informou que seu conselho de administração aprovou o aumento de capital, mediante a emissão de 264.091.364 novas ações ordinárias, nominativas e sem valor nominal, com preço de emissão de R$ 5,26 por ação, na forma prevista no Plano de Recuperação Judicial aprovado pela Assembleia Geral de Credores e homologado pelo Juízo da 7a Vara Empresarial da Comarca da Capital do Rio de Janeiro em 28 de maio de 2024. O montante total do Aumento de Capital será de R$ 1,389 bilhão e será integralizado por meio da capitalização de parte do saldo remanescente dos créditos detidos por credores quirografários que tenham elegido a Opção de Reestruturação I, conforme previsto no Plano.

A Vibra Energia S.A. informou que foi celebrado acordo para antecipar o direito de compra pela Companhia de 50% da Comerc Energia S.A. (Comerc), em conjunto com a Perfin Infra e outros acionistas da Comerc, no valor de R$ 3,52 bilhões, com data-base de 1º de julho de 2024, sujeito a ajustes pelo CDI até a liquidação.

O acionamento de termelétricas a gás natural e a redução do uso de usinas hidrelétricas do
Norte, para preservar os recursos hídricos da região, são medidas preventivas recomendadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para evitar problemas de abastecimento no país, especialmente nos horários de pico de consumo de energia. Por causa das chuvas abaixo do esperado, o órgão registrou uma queda na disponibilidade de recursos hídricos, especialmente na Região Norte.

As empresas Liquiport, Usina Petribu, SCS Armazens e Iconic Lubrificantes arrendaram terminais portuários no leilão do primeiro bloco de arrendamentos portuários ocorrido na tarde de ontem na sede da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), na capital paulista. O primeiro bloco do ano é formado por projetos com contrato de 10 anos. Os investimentos previstos são de cerca de R$ 74 milhões, para modernização dos terminais. As cinco áreas áreas de arrendamento estão localizadas nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.