RADAR DO DIA: Juros no Brasil; confiança empresarial; China em marcha lenta

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Moeda Nacional, Real, Dinheiro, notas de real. (Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil )

São Paulo, SP – Com a agenda esvaziada, a primeira semana do ano termina com o mercado descrente da capacidade do governo Lula em conseguir avançar com uma agenda de cortes de gastos e, assim, evitar que a inflação fuja do controle. Com duas altas precificadas da Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), no fim deste mês e em março, analistas apontam que o novo presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, não poderá, pelo menos no primeiro trimestre, implementar uma administração mais pessoal no comando do BC.

Ontem, o Índice de Confiança Empresarial (ICE) do FGV IBRE registrou uma queda de 0,1 ponto em novembro, atingindo 97,3 pontos. O resultado, assim como no mês anterior, reflete dinâmicas opostas em seus dois índices-componentes: enquanto o Índice de Situação Atual apresentou alta, o Índice de Expectativas recuou. Em médias móveis trimestrais, o ICE se manteve estável.

A confiança empresarial encerra 2024 indicando perda de fôlego da retomada observada ao longo do ano. A virtual estabilidade de dezembro ocorre pela combinação de melhora dos indicadores sobre o momento presente e piora nas expectativas. Por um lado, os empresários têm reportado sinalização de demanda aquecida, retratando o ritmo favorável da economia brasileira. Por outro lado, a piora nas expectativas, disseminada entre os setores, sugere que 2025 será um ano mais desafiador. O cenário macroeconômico com aumento dos juros, dólar em alta e incerteza sobre sustentabilidade fiscal, contribui para maior cautela dos empresários na virada do ano, avalia Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE.

Na última segunda-feira (30), o Banco Central divulgou os dados do setor público consolidado, que registrou déficit primário de R$ 6,6 bilhões em novembro, comparado com o déficit de R$ 37,3 bilhões em igual mês do ano passado. O resultado de novembro mostrou déficit de R$ 5,7 bilhões no Governo Central e de R$ 1,3 bilhão nas empresas estatais. Já nos governos regionais, houve superávit de R$ 405 milhões. O resultado do ano ainda não foi fechado.

Já o último boletim Focus do ano, com as previsões de instituições financeiras ouvidas pelo
Banco Central do Brasil, a expectativa para o IPCA de 2024 passou de 4,91% para 4,90%. Para 2025, a previsão avançou de 4,84% para 4,96%. Sobre a taxa Selic, a previsão para 2025 segue em 14,75%. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a previsão para 2024 ficou estável em 3,49%. Em 2025, a expectativa para o PIB recuou de 2,02% para 2,01%. Para o dólar, a previsão para 2024 passou de R$ 6 para R$ 6,05. Já para 2025, a previsão passou de R$ 5,90 para R$ 5,96.

Nos Estados Unidos, ontem, os juros projetados dos Treasuries fecharam o pregão com poucas alterações, muito próximos dos níveis registrados no final de 2024, enquanto novos dados dos Estados Unidos mantêm vivas as apostas de uma pausa no corte de taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).Os pedidos de seguro-desemprego caíram na semana passada, indicando que o mercado de trabalho permanece resiliente, embora alguns analistas tenham atribuído os dados robustos a fatores sazonais. Os dados de empregos de dezembro estão previstos para a próxima semana.

Ontem, o Banco Mundial elevou sua previsão para o crescimento econômico da China em 2024 e 2025, mas alertou que a confiança moderada de consumidores e empresas, juntamente com os ventos contrários no setor imobiliário, continuará sendo um obstáculo no próximo ano. Hoje, a principal agência de planejamento econômico da China anunciou a expansão de seu programa de subsídios ao consumidor para incluir smartphones, tablets e smartwatches. A medida faz parte dos esforços para reviver o consumo no país, a segunda maior economia do mundo. O programa, que atualmente incentiva a troca de veículos e eletrodomésticos, passará a contemplar também produtos eletrônicos, itens de segurança e outros.

A atividade industrial da China cresceu em dezembro, mostrou uma pesquisa da Caixin/S&P Global, mas em um ritmo mais lento do que o esperado, diante de preocupações sobre como as tarifas propostas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, afetarão as perspectivas comerciais. Os dados ecoaram uma pesquisa oficial divulgada na terça-feira, que mostrou que a atividade industrial da China cresceu apenas marginalmente em dezembro. No entanto, os setores de serviços e construção tiveram um desempenho melhor, sugerindo que os estímulos políticos estão chegando a alguns setores.

Em discurso de Ano Novo, o presidente chinês Xi Jinping anunciou que o Produto Interno Bruto (PIB) da China em 2024 deverá ultrapassar 130 trilhões de iuanes (US$ 17,8 trilhões) e destacou planos para adotar políticas econômicas mais proativas em 2025. O governo planeja adotar uma política monetária “apropriadamente frouxa” em 2025, algo que não acontece há 14 anos, além de emitir um volume recorde de 3 trilhões de iuanes (US$ 411 bilhões) em títulos especiais do tesouro. Também está previsto um aumento no déficit orçamentário para 4% do PIB, acompanhado de esforços para estimular o consumo e alcançar uma meta de crescimento de 5%.

No setor corporativo, o conselho de administração do Santander Brasil, por unanimidade, aprovou a eleição de sete diretores, para um mandato complementar, que vigorará até a posse dos membros eleitos na primeira reunião do colegiado que se realizará após a assembleia de 2025 para compor a diretoria executiva. Foram eleitos: Camila Stolf Toledo, Marcelo Aleixo, Marcos Jose Maia da Silva, Mariana Cahen Margulies, Michele Soares Ishii, Ricardo de Oliveira Contrucci e Rudolf Gschliffner.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) comemorou a publicação oficial do Governo do México sobre a renovação do Pacote contra a Inflação e a Fome (PACIC, sigla em espanhol), ocorrida no dia 31 de dezembro de 2024, informada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil.

Profissionais do Centro de Investigação de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Aeronáutica do Brasil, em Brasília (DF), iniciaram, nesta quinta-feira (2), a análise das caixas-pretas do avião Embraer 190 (matrícula 4k-AZ65), que caiu, no último dia 25, na cidade de Aktau, no Cazaquistão. O acidente causou a morte de pelo menos 38 pessoas. Havia 67 a bordo, incluindo cinco tripulantes. A aeronave de fabricação brasileira, pela Embraer, operada pela Azerbaijan Airlines, decolou de Baku, no Azerbaijão, e tinha como destino a cidade de Grozny, na Rússia.

O BTG Pactual avaliou positivamente o anúncio da Vale, de definição das bases para a
renegociação dos contratos de concessão ferroviária da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e da
Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM) com o governo. O valor total acordado é de R$ 11 bilhões, com R$ 4 bilhões pagos à vista e R$ 7 bilhões ao longo de vários anos. Consequentemente, a Vale registrará uma provisão adicional de R$ 1,7 bilhão (US$ 275 milhões, o que corresponde a um impacto financeiro imaterial) no 4T24, destacou a análise. Segundo o BTG, esses números estão amplamente alinhados com as suas expectativas e do mercado, que precificavam provisões adicionais na faixa de zero a US$ 1 bilhão.