RADAR DO DIA: Juros nos EUA; Copom mantém Selic; Arcabouço avança

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São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em queda. Hoje, pelo segundo dia consecutivo, o mercado mantém sua atenção para as declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, desta vez no Senado dos EUA.

Ontem, no Congresso, Powell afirmou que quase todos os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) acreditam em mais aumento na taxa de juros do país até o fim do ano.

O Comitê concordou em manter as taxas básicas de juros no nível entre 5,0% e 5,25% na última reunião na semana passada. Apesar disso, as projeções dos membros mostraram que a maioria espera que as taxas cheguem até 5,5% e 5,75% até o fim do ano.

Powell destacou que a atividade econômica nos Estados Unidos desacelerou significativamente no ano passado e cresce moderadamente agora. Mercado de trabalho permanece apertado, com um pouco mais de equilíbrio entre demanda e oferta, e inflação vem mostrando sinais de arrefecimento, mas continua alta.

Hoje pela manhã o Banco Central da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) confirmou uma alta de 0,50 ponto percentual (pp), elevando os juros a 5% ao ano. Sete membros do comitê de política monetária votaram pelo aumento, e dois votaram pela manutenção da taxa. O aumento veio acima do esperado pelos analistas, que contavam com uma subida de 0,25pp. A inflação no Reino Unido caiu de 10,1% em março para 8,7% em abril, mas ainda está mais alta que a meta de 2%.

Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu ontem manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, pela sétima reunião consecutiva. A decisão já era aguardada, mas o tom do BC deixou claro que o início de uma possível queda nos juros ainda é incerto.

O Copom descreveu o ambiente global como desafiador, com os bancos centrais enfrentando uma inflação resiliente. No campo doméstico, vê desaceleração da atividade econômica e medidas subjacentes de inflação acima da meta – embora reconheça que a inflação ao consumidor caiu recentemente. A projeção do Copom para a inflação de 2023 caiu de 5,8% para 5,0%, enquanto a projeção para a inflação de 2024 caiu de 3,6% para 3,4%.

Para o economista-chefe da XP Investimentos, Caio Megale, a estratégia do Copom é manter as taxas estáveis por mais algum tempo ou iniciar um afrouxamento monetário gradual em breve. Vemos a declaração do Copom consistente com o nosso cenário base (desde abril), que considera um corte de 0,25pp em agosto, seguido de cortes de 0,50pp até a taxa Selic atingir 11% ao final do primeiro trimestre de 2024.

As instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central (BC) na pesquisa Focus, divulgada na segunda-feira (19), reduziram de 12,50% para 12,25% a previsão para a taxa básica de juros (Selic) ao final de 2023. Atualmente, ela está em 13,75%, o que significa que o mercado espera um corte de 1,50 ponto porcentual (pp) até o final do ano. Para 2024, a estimativa para a taxa Selic caiu de 10% para 9,50%.

Ontem, com 57 votos favoráveis e 17 contrários, o plenário do Senado Federal aprovou o relatório do senador Omar Aziz (PSD-AM) do novo arcabouço fiscal. O texto substitui o atual teto de gastos e cria novas regras com limites para as despesas da União.

O relatório aprovado sofreu mudanças em relação ao que veio da Câmara dos Deputados e, por isso, voltará para apreciação dos deputados, para uma votação decisiva. A previsão do presidente da Câmara, Arthur Lira, é que o texto seja votado na Câmara até o início de julho.

No setor corporativo, o conselho de administração da Via aprovou a eleição de Elcio Mitsuhiro Ito como novo diretor vice-presidente financeiro da companhia, com efeitos a partir de 10 de julho, em substituição a Orivaldo Padilha.

A Eneva celebrou acordo de investimento com o Itaú Unibanco, regulando a operação por meio da qual o banco realizou um investimento de R$ 1 bilhão na Eneva III, e passou a deter a totalidade das ações preferenciais de emissão da empresa, representativas de 15,02% do seu capital social total. A Eneva, por sua vez, se manteve titular da totalidade das ações ordinárias de emissão da Eneva III, as quais passaram a representar 84,98% do seu capital social total.

O Ministério das Comunicações aprovou projeto de investimento em rede de transporte, rede de acesso e infraestrutura para rede de telecomunicações. A proposta prevê a emissão de R$ 500 milhões em debêntures incentivadas beneficiando os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia, São Paulo e Minas Gerais.

O Tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou ontem (21), com restrições, a venda da Lubnor, refinaria da Petrobras no Ceará para a Grepar. Pela decisão, após a homologação de um Acordo em Controle de Concentração (ACC), a refinaria poderá ser transferida para o novo operador. Na discussão, concorrentes da refinaria e consumidores, especialmente de asfalto, demonstraram preocupação com aumento de preços e a verticalização da Grepar. O grupo familiar dono da Grepar opera também na distribuição de asfaltos.

A partir da próxima segunda-feira, 26 de junho, as prestadoras que adquiriram lotes na faixa de 3,5 GHz poderão solicitar à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) o licenciamento e ativação de estações de 5G na faixa de 3,5 GHz em mais 187 municípios, segundo deliberação ocorrida nesta quarta-feira, 21, em reunião ordinária do Grupo de Acompanhamento da Implantação das Soluções para os Problemas de Interferência na faixa de 3.625 a 3.700 MHz (Gaispi).

Um dia após a prorrogação da exclusividade para pessoas físicas, o programa de venda de carros com desconto gastou R$ 400 milhões, divulgou ontem (21) o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O montante equivale a 80% dos R$ 500 milhões em créditos tributários disponíveis para o programa. Lançado há duas semanas, o programa permite que os créditos pedidos pelas montadoras sejam convertidos em descontos ao consumidor na compra de carros com valor de mercado até R$ 120 mil.