São Paulo, SP – Os índices futuros americanos abriram em alta e as bolsas europeias em instabilidade. A semana será marcada pela divulgação do índice de preços para os gastos pessoais (PCE) de janeiro, nos Estados Unidos, na sexta-feira (28). Em dezembro, o PCE subiu 0,3% na comparação mensal, acima dos 0,1% registrados em novembro. Na comparação anual, o índice subiu 2,6% em dezembro, depois de ter subido 2,4% em novembro. O núcleo do PCE, que exclui do cálculo os preços de alimentos e energia, subiu 0,2% em termos mensais e cresceu 2,8% em termos anuais em dezembro, ante 0,1% e 2,8% registrados em novembro.
O PCE é um indicar usado pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), para balizar sua decisão sobre os juros no país. Na semana passada, as prévias dos índices de gerentes de compras (PMI) da indústria e de serviços dos Estados Unidos, de fevereiro, mostraram que a economia do país vive um momento de incertezas. O PMI da indústria subiu para 51,6 pontos e o PMI de Serviços recuou para 49,7 pontos. Leituras acima de 50 pontos indicam crescimento das atividades, enquanto os valores menores apontam contração. O PMI composto, que agrega dados sobre a atividade dos setores industrial e de serviços, caiu para 50,4 pontos em fevereiro em leitura preliminar, ante 52,7 pontos em janeiro.
Segundo Chris Williamson, economista-chefe de negócios da S&P Global Market Intelligence, o otimismo observado entre as empresas dos EUA no início do ano se dissipou, dando lugar a um cenário cada vez mais incerto, com atividade empresarial estagnada e preços em alta. “Uma preocupação é o aumento acentuado nos preços dos insumos industriais, relacionado a tarifas, que provavelmente exercerá mais pressão sobre a inflação nos próximos meses ou reduzirá ainda mais as margens de lucro das empresas nos EUA”, apontou Williamson.
Na última ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Fed, divulgada na semana passada, os membros do Fomc afirmaram que, embora o Fed ainda espere uma diminuição nas pressões inflacionárias ao longo do ano, uma série de fatores pode dificultar esse processo. Entre esses fatores, destaca-se a possibilidade de as empresas aumentarem os preços para compensar os custos mais elevados com insumos, decorrentes de tarifas impostas sobre produtos importados. “Contatos comerciais em vários distritos do Fed indicaram que as empresas estão se preparando para repassar aos consumidores os custos mais altos de insumos devido a tarifas potenciais”, afirmou o
documento. Na última reunião do Fomc, em janeiro, o Fed manteve as taxas de juros inalteradas na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, em decisão unânime. Em dezembro, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) havia reduzido a taxa de referência em 0,25 ponto percentual (p.p.).
O presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou na última sexta-feira que o representante comercial do país retomasse investigações para impor tarifas sobre importações de nações que cobram taxas sobre serviços digitais de empresas de tecnologia americanas. A medida visa combater práticas que, segundo a Casa Branca, prejudicam empresas dos EUA, como Google, Facebook, Apple e Amazon. Trump afirmou que não permitirá que governos estrangeiros se beneficiem da base tributária americana.
Ainda nesta semana, na zona do euro será divulgada o índice de preços ao consumidor, a confiança do consumidor, e a ata do Banco Central Europeu (BCE). Na China serão conhecidos o PMIs oficiais dos setores industrial e de serviços. Por fim, teremos os resultados trimestrais da Stellantis, Basf, Home Depot e a Nvidia. Esta última será particularmente importante, por mostrar um termômetro do crescimento da inteligência artificial e do setor tech como um todo.
Por aqui, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em entrevista à CNN no final de semana, disse que o governo já estava ciente da necessidade de paralisar temporariamente o Plano Safra devido à escassez de recursos. Segundo o ministro, o Ministério da Agricultura estava acompanhando de perto a situação e sabia que, em algum momento, seria necessário interromper o fluxo de liberação de recursos.
Fávaro destacou que, diante desse cenário, o governo tomou a decisão estratégica de priorizar o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O ministro enfatizou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou seu desejo de evitar uma interrupção prolongada do Plano Safra. Em resposta a essa diretriz presidencial, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entrou em contato com o Tribunal de Contas da União (TCU) e editou uma medida provisória para garantir a continuidade das contratações.
O ministro-chefe a Casa Civil, Rui Costa, disse que não existe uma nova crise relacionada à
suspensão das linhas subsidiadas do Plano Safra 2024/2025, anunciada pelo Tesouro na última quinta-feira (20) e parcialmente equacionada pelo anúncio de um crédito extraordinário. Costa reconheceu, no entanto, que há dificuldades relacionadas a não aprovação do orçamento, mas que será encontrada uma solução para dar continuidade às liberações.
O presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputado Júlio Arcoverde (PP-PI), disse que vai aguardar o resultado da reunião agendada para 27 de fevereiro com o Supremo Tribunal Federal (STF) para solucionar o impasse sobre as emendas parlamentares. Ele lembra que cerca de 70% do relatório sobre o projeto do Orçamento federal deste ano já está concluído e reforça que os ajustes finais dependerão do desfecho das negociações entre os representantes dos Três Poderes. O deputado ainda afirmou que segue em diálogo constante com prefeitos e demais lideranças para minimizar os impactos da instabilidade orçamentária nos municípios.
Na manhã de hoje foi divulgado o boletim Focus com as previsões de instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central do Brasil. Na manhã de hoje foi divulgado o boletim Focus com as previsões de instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central do Brasil. Para o IPCA, a previsão para 2025 avançou de 5,60% para 5,65%. Para 2026, as instituições financeiras elevaram de 4,35% para 4,40% a previsão para a inflação medida pelo IPCA. A meta para a inflação no período é de 3%.
Sobre a taxa Selic, a previsão para 2025 segue 15%. Para 2026, a expectativa para a Selic manteve o mesmo índice da semana passada, de 12,50%. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a previsão ficou estável em 2,01% em 2025. A projeção para 2026 ficou estável em 1,70%. Sobre o dólar, a cotação para 2025 recuo de R$ 6 para R$ 5,99. Em 2026, a previsão em R$ 6, assim como para 2026. A pesquisa Focus manteve a previsão de déficit primário em 2025 em 0,60% do Produto Interno Bruto (PIB).
A temporada de balanços do quarto trimestre de 2024 continua nesta semana com números da Alpargatas, Auren, Azul, ISA Brasil Energia e Vibra, nesta segunda-feira. no decorrer da semana também saem os resultados da IRB Brasil Re, Marcopolo, MRV, RD Saúde (RaiaDrogasil), Telefônica Brasil, Ambev, Braskem, BRF, Cosan, Klabin, Marfrig, Petrobras, Vamos, Ultrapar, Weg, Copel, Embraer, Fleury e Localiza.
No setor corporativo, a Azul divulgou o balanço do quarto trimestre d 2024 (4T24), com lucro líquido ajustado de R$ 62,4 milhões, revertendo prejuízo ajustado de 270,6 milhões alcançado no mesmo período de 2023. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 1,95 bilhão, alta de 33% em relação ao ano anterior. A margem Ebitda foi de 35,2%, seis pontos percentuais acima da registrada no 4T23.
O consumo consolidado de energia elétrica nas áreas de concessão do Grupo Energisa (3.525 GWh) cresceu 0,7% em relação a janeiro do ano anterior. As classes que mais contribuíram para o resultado foram a residencial e industrial. A manutenção de temperaturas acima da média (66% dos dias do mês), principalmente no Nordeste, o calendário de faturamento maior na maioria das empresas (0,4 dia no agregado), e o bom desempenho das indústrias de alimentos e minerais direcionaram o resultado. A taxa só não foi mais expressiva em virtude da base alta de comparação em janeiro de 2024 (13,6% – maior taxa em 21 anos), e função dos efeitos do fenômeno El Niño e de ondas de calor principalmente ante a uma base de comparação com temperaturas mais amenas.
A Petrobras informa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa na segunda-feira, 24 de fevereiro, de evento para assinatura de contrato da Transpetro no âmbito do Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras em Rio Grande (RS). O evento ocorrerá no Estaleiro Rio Grande, a partir das 10h30. O presidente estará acompanhado da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, do presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, e de demais autoridades.
A Iguatemi e a Iguatemi Empresa de Shopping Centers (IESC) informa que o Conselho de Administração iniciou o processo de transição da posição de Diretor Presidente das Companhias. Cristina Anne Betts deixará de ocupar a posição de Diretora Presidente da Iguatemi e Ciro Zica Neto, atual Vice Presidente Comercial, assumirá a posição de Diretor Presidente das companhias, ao longo de março de 2025.
A Copel informa que sua subsidiária integral Copel GeT exerceu o direito de preferência para aquisição da totalidade das ações da Geração Céu Azul, atualmente pertencentes à Neoenergia, detentora de 70% do Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu (CEBI), que explora a Usina Hidrelétrica Baixo Iguaçu, pelo equity value de R$ 984 milhões. O compromisso de aquisição foi contratado por adesão ao Contrato de Compra e Venda de Ações e Outras Avenças (CCVA 1) que já havia sido negociado entre Neoenergia e o potencial comprador original desta participação.
A Suzano informa que concluiu, nesta data, a assinatura de contrato de pré-pagamento de
exportação vinculado à sustentabilidade (sustainability-linked loan), contratado por sua
subsidiária integral Suzano Netherlands, no montante total de principal de US$ 1,2 bilhão, ao custo de SOFR + 1,45% a.a., com prazo médio de 60 meses e vencimento final em 8 de março de 2031.
A Cemig e sua subsidiária integral Cemig GT celebraram, nesta data, Contrato de Transferência Onerosa visando o desinvestimento das usinas Machado Mineiro, Sinceridade, Martins e Marmelos para a Âmbar, vencedora de leilão público, pelo valor de R$ 52 milhões. O fechamento da operação está sujeito ao cumprimento das condições suspensivas usuais, que incluem a obtenção das anuências da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).