RADAR DO DIA: PMIs e juros nos EUA; contas públicas no Brasil

49
Imagem perspectiva mercados
Indicadores da Bolsa de Valores

São Paulo, SP – Os índices futuros americanos abriram em instabilidade e as bolsas europeias em alta. A semana termina com os investidores de olho na divulgação da prévia dos índices de gerentes de compras (PMI) da indústria e de serviços dos Estados Unidos, em fevereiro. Em janeiro, o PMI industrial subiu para 50,1 pontos, ante 49,4 pontos observados em dezembro. Já o PMI de serviços recuou para 52,8 pontos em janeiro ante 56,8 pontos na leitura de dezembro. Leituras acima de 50 pontos indicam crescimento das atividades, enquanto os valores menores apontam contração.

Para Chris Williamson, economista chefe de negócios da S&P Global Market Intelligence, o aumento do PMI de serviços de janeiro mostram que as empresas dos Estados Unidos estão começando 2025 com uma perspectiva otimista, na esperança de que a nova administração ajude a impulsionar um crescimento econômico mais forte. O aumento do otimismo é mais notável no setor industrial, onde as expectativas de crescimento para o próximo ano dispararam, enquanto as fábricas aguardam apoio das novas políticas da administração do presidente Donald Trump.

Os dados do PMI são analisados pelo Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), para balizar sua decisão sobre os juros no país. Na última ata do Fomc, divulgada nesta semana, os membros do Fomc afirmaram que, embora o Fed ainda espere uma diminuição nas pressões inflacionárias ao longo do ano, uma série de fatores pode dificultar esse processo. Entre esses fatores, destaca-se a possibilidade de as empresas aumentarem os preços para compensar os custos mais elevados com insumos, decorrentes de tarifas impostas sobre produtos importados. “Contatos comerciais em vários distritos do Fed indicaram que as empresas estão se preparando para repassar aos consumidores os custos mais altos de insumos devido a tarifas potenciais”, afirmou o documento.

Na última reunião do Fomc, em janeiro, o Fed manteve as taxas de juros inalteradas na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, em decisão unânime. Em dezembro, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) havia reduzido a taxa de referência em 0,25 ponto percentual (p.p.).

Ontem, presidente do Fed St. Louis, Alberto Musalem, disse que a economia dos EUA está forte, com o PIB crescendo acima do potencial de longo prazo, e o desemprego está em níveis baixos. A inflação caiu significativamente desde seu pico, mas ainda permanece acima da meta, com algumas expectativas de inflação recentemente aumentando. “O cenário base prevê que a inflação convergirá para a meta, mas há riscos de que ela estagne ou aumente, especialmente devido a políticas comerciais e de imigração”, afirmou.

Por aqui, ontem, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda (MF), Dario Durigan, disse que governo mantém a determinação de colocar o Brasil em novo ciclo de crescimento e desenvolvimento, duradouro a longo prazo, e nesse cenário, a responsabilidade fiscal é pilar básico, que não sairá de foco em nenhum momento. ‘Vamos seguir na premissa de organizar as contas públicas. Estamos fazendo o ajuste fiscal, agora. Precisamos ajustar as contas públicas para poder pensar em crescimento e desenvolvimento”, destacou.

Ele ressaltou ainda que é preciso de ter muito cuidado com a execução orçamentária deste ano. Talvez mudar um pouco a lógica de 2024, para não contingenciar ou bloquear mais para o final do ano. Se preciso, contingenciar e bloquear agora no começo do ano. Dessa forma o governo se organiza melhor, se houver essa necessidade, e as expectativas do mercado em relação às contas públicas vão sendo mais bem digeridas desde o começo do ano. “Essa mudança fortalecerá a credibilidade no Arcabouço Fiscal, que, de fato, é sustentável”, apontou Durigan.

Sobre a perspectiva de crescimento do país para 2025 (2,3%, conforme a mais recente projeção da Secretaria de Política Econômica ‒ SPE), Durigan apontou ser natural que economia cresça um pouco menos este ano do que em 2024 (3,5% ‒ SPE), em um movimento alinhado aos desafios globais e à política monetária mais restritiva no cenário doméstico. “Não há problema nisso. O importante é o Brasil crescer e criar condições para continuar crescendo”, frisou Dario Durigan.

Ontem, foi divulgado o Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF) de fevereiro, do Instituição Fiscal Independente (IFI). No documento, a IFI projeta um déficit primário, em 2025, de R$ 71 bilhões, ou 0,56% do PIB. A projeção considera uma receita primária líquida de 18,3% do PIB e de despesas primárias líquidas de 18,9% do PIB. A IFI não vê dificuldades no cumprimento da meta fiscal, considerando o limite inferior da margem de tolerância e a necessidade de contingenciamento orçamentário. Segundo a IFI, o principal desafio da política econômica segue no plano fiscal.

No setor corporativo, a Energisa informou que seu Conselho de Administração aprovou a
distribuição de dividendos apurados no balanço levantado pela companhia até 30 de setembro de 2024 no valor de R$ 868,5 Milhões, equivalente a R$ 1,90 Por Units e R$ 0,38 por ação ordinária e preferencial. Os pagamentos serão efetuados no dia 28 de março de 2025, com base na posição acionária da Companhia em 25 de fevereiro de 2025, respeitadas as negociações até essa data. A partir de 26 de fevereiro de 2025, as ações da Companhia serão negociadas ex-dividendos.

A Santos Brasil divulgou na noite de ontem (20) o balanço do quarto trimestre de 2024 (4T24), com lucro líquido de R$ 206,3 milhões, queda de 8,3% em relação ao mesmo período de 2023 (4T23). Em 2024, o lucro líquido foi de R$ 742 milhões, alta de 47,1% em comparação a 2023, com margem líquida de 25,6%, alta de 2 pontos percentuais em relação a 2023.

A Engie Brasil Energia divulgou o balanço do quarto trimestre de 2024 (4T24), com lucro líquido ajustado de R$ 1,060 bilhão, alta de 29,4% em relação ao mesmo período de 2023 (4T23). Em 2024, o lucro líquido ajustado foi de R$ 3,3 bilhões, queda de 1,4% em relação a 2023. Sem ajustes, o lucro líquido foi de R$ 1,090 bilhão, crescimento de alta de 15% em comparação ao 4T23. Em 2024, o lucro líquido foi de R$ 4,3 bilhões, alta de 25,5% em relação a 2023.

A B3 divulgou na noite de ontem o balanço do quarto trimestre de 2024 (4T24), com lucro líquido recorrente de R$ 1,2 bilhão, alta de 13,6% em relação ao mesmo período de 2023 (4T23). O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) recorrente da companhia foi de R$ 1,59 bilhão, alta de 9,5% em relação ao ao último trimestre de 2023. Já a margem Ebitda foi de 67,2%, alta de 2,1 pontos percentuais em comparação ao 4T23.

A Petrobras informou que assinou com o Banco do Brasil a contratação de duas Notas de Crédito à Exportação (NCE) com compromissos de sustentabilidade, sendo uma no valor de R$ 3,5 bilhões, e a outra no valor de R$ 3 bilhões, ambas com vencimento em 2032. A estatal também renovou uma Linha de Crédito Compromissada (Revolving Credit Facility – RCF) no valor de R$ 2 bilhões, com vencimento original em 2026, agora prorrogado para 2030, e ainda celebrou um Protocolo de Intenções visando à cooperação técnica, sem ônus para as partes, no desenvolvimento de projetos voltados à descarbonização e à preservação de biodiversidade.

A Petrobras informou que recebeu renúncia de Marcelo Gasparino da Silva ao cargo de Conselheiro de Administração da companhia, com efeitos a partir de 20 de março ou até a eventual nomeação de um substituto pelo Conselho de Administração, o que ocorrer primeiro. A companhia esclareceu que, em caso de vacância do cargo de Conselheiro de Administração, o cargo poderá ser preenchido por substituto nomeado pelo Conselho de Administração, até que seja realizada uma próxima Assembleia Geral de Acionistas, que ocorrerá no próximo dia 16 de abril.

A varejista Lojas Renner reportou lucro líquido de R$ 487,2 milhões no quarto trimestre de 2024 (4T24), queda de 7,5% em relação ao mesmo período de 2023, influenciado por menor geração operacional dos segmentos de varejo e serviços financeiros, não obstante a menor alíquota efetiva de IRCS, em função do reconhecimento de incentivos fiscais como subvenção para investimentos. Entre janeiro e dezembro de 2024, o lucro líquido aumentou 22,6% e somou R$ 1,197 bilhão.

A Rumo obteve prejuízo líquido de R$ 259 milhões no quarto trimestre de 2024, ante lucro líquido de R$ 1 milhão um ano antes, colocar a justificativa, normalmente algum item não recorrente impacta o resultado. No ano passado, a companhia teve prejuízo líquido de R$ 948 milhões, ante lucro líquido de R$ 722 milhões em 2023. O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) caiu 0,4% e somou R$ 1,2 bilhão. A margem ebitda caiu 11 pontos percentuais (pp) no 4T24, para 34,7%. No ano, o ebitda somou R$ 4,7 bilhões, queda de 16,2%. A margem ebitda de 2024 caiu 18 pp, para 34,0%.

O Goldman Sachs informou que participou de uma conferência anual da JBS em Orlando (EUA), em que a alta administração da companhia realizou uma apresentação focada principalmente em fusões e aquisições e na capacidades de execução. Os executivos Gilberto Tomazoni (CEO Global da JBS), Wesley Batista Filho (presidente da JBS EUA) e Guilherme Cavalcanti (CFO do grupo) disseram que esperam manter resultados sólidos em 2025, apoiados pela forte demanda em todas as categorias de proteínas, assim como um impulso continuamente positivo para o frango. As fusões e aquisições farão parte do algoritmo fundamental de crescimento, mas, com a falta de oportunidades no curto prazo, a administração espera utilizar o excesso de caixa e a geração de fluxo de caixa livre para promover o crescimento orgânico e reembolsar os acionistas através de recompras e dividendos. O processo de listagem dupla está avançando e a administração acredita que poderá concluir a documentação regulatória ainda no primeiro semestre de 2025 (1S25). A JBS espera investir cerca de US$ 2 bilhões em capex em 2025, sendo 50% em manutenção e 50% em crescimento.