RADAR DO DIA: Recuo de Trump; BCE decide juros; Alckmin conversa com secretário dos EUA

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São Paulo, SP – Os índices futuros americanos abriram em queda e as bolsas europeias em alta. A onda de tarifas patrocinadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sofreu um “pequeno abalo” ontem. Após Trump defender as tarifas 25% sobre as importações do Canadá e do México, e em 20% nos produtos da China, em seu discurso diante do Congresso dos EUA, o secretário de Comércio, Howard Lutnick, disse que o país estuda isentar de tarifas alguns setores, entre eles, o automotivo.

Lutnick destacou que a administração está analisando o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) e se determinados setores cumpriram as regras do acordo. Embora ele não tenha confirmado uma isenção total para o setor automotivo, sugeriu que algumas categorias, como automóveis, poderiam ser excluídas da tarifa de 25%. “Não é exatamente uma isenção”, disse ele, indicando que o alívio seria parcial e setorial. O início da taxação foi adiada por um mês.

Outros fatores que influenciaram o mercado ontem foram a divulgação do índice do Instituto de Gerência e Oferta (ISM, na sigla em inglês) dos EUA e os estímulos à economia chinesa. O ISM industrial norte-americano recuou para 50,3 pontos em fevereiro ante projeções de 50,8. No mês imediatamente anterior, o indicador registrou 50,9 pontos. Já o governo chinês disse que a previsão é o país ter um crescimento de 5% do PIB neste ano, a mesmo em relação ao ano passado, o que mostra confiança e sinaliza um apoio político mais forte para impulsionar a demanda doméstica. Para o analista da Ajax Asset Rafael Passos, os sinais de desaceleração da economia dos Estados Unidos impacta diretamente o câmbio e as curvas de juros. Ontem, o dólar fechou em queda de 2,70%, cotado a R$ 5,7555.

Ontem, o Livro Bege, relatório do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) sobre as condições econômicas das 12 principais regiões do país, apontou que oito dos 12 distritos relataram crescimento estagnado ou ligeiramente negativo em fevereiro, seis distritos indicaram nenhuma mudança na atividade econômica, e dois registraram pequenas contrações. Ainda é cedo para saber qual será a decisão do Fed, mas analistas acreditam em cortes de juros por parte do Fed apenas em junho, mas a possibilidade de um 2025 sem cortes também não é descartada pelos investidores, diante das consequências ainda incertas da política de tarifas impostas por Trump aos seus principais parceiros comerciais (México, Canadá e China).

Na Europa, hoje sai a decisão do Banco Central Europe (BCE) sobre a taxa de juros do bloco. A expectativa é que o BCE corte pelo segundo mês consecutivo a taxa em 0,25 ponto percentual. Em fevereiro, a taxa anual de inflação do bloco foi de 2,4%. Os consumidores da zona do euro ajustaram levemente para baixo suas projeções de inflação para os próximos 12 meses, conforme a Pesquisa de Expectativas do Consumidor (CES, na sigla em inglês) divulgada na última sexta-feira pelo BCE.

Em janeiro de 2025, a mediana das previsões do CES indicou alta de 2,6% nos preços, abaixo dos 2,8% estimados em dezembro. Apesar da queda, o patamar segue o mesmo de novembro e ainda supera os 2,5% registrados em outubro. Enquanto isso, a inflação anual ao consumidor acelerou para 2,5% em janeiro, após marcar 2,4% no mês anterior, afastando-se ainda mais da meta de 2% estabelecida pelo BCE.

Por aqui, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços,
Geraldo Alckmin (PSB), terá uma reunião com o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick. As tarifas de importação anunciadas pelo presidente Donald Trump serão o tema central da reunião. A videochamada está marcada para acontecer às 17h30. As informações são da CNN.

A reunião entre os dois estava prevista inicialmente para ser realizada na última sexta-feira
(28). O encontro não aconteceu, e na agenda do vice-presidente constavam apenas despachos internos. Na ocasião, Alckmin afirmou que o governo brasileiro já estava em contato com o setor no Brasil, desenvolvendo soluções em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

No setor corporativo, a Eneva informou que, após autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), iniciou a operação comercial da sua unidade geradora de turbina a
vapor, com potência limitada em 87,220 megawatts (MW), localizado no Complexo Parnaíba, em Santo Antônio dos Lopes, no estado do Maranhão.

A Justiça britânica retomou nesta quarta-feira (5) o julgamento sobre a responsabilização da mineradora angloaustraliana BHP em relação ao rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG), em 2015. A Samarco é uma joint venture da brasileira Vale com a subsidiária da BHP no Brasil. A ação foi impetrada pelo escritório de advocacia Pogust Goodhead (PG), que representa 620 mil pessoas, 1.500 empresas e 46 municípios atingidos pela tragédia

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) recebeu com preocupação a chegada de um navio com mais de 5,5 mil automóveis, num momento em que já há mais de 40 mil unidades importadas em estoque em nosso país. “Há cerca de um ano alertamos o governo federal sobre a necessidade de recompor imediatamente a alíquota de 35% de Imposto de Importação (II) para veículos híbridos e elétricos, na tentativa de evitar um desequilíbrio no comércio exterior que possa afetar ainda mais a produção, os investimentos e os empregos na cadeia automotiva brasileira”, disse a entidade em nota.

A Pesquisa Especial de Crédito da Federação Brasileira de Banco (Febraban) apontou que o saldo total da carteira de crédito deve mostrar uma leve retração de 0,2% em janeiro, impactado por fatores sazonais, refletindo a contração do crédito às empresas (-1,8%). Entretanto, o levantamento mostra que o resultado deve manter o ritmo de expansão anual da carteira estável em 10,9%.

O Secovi-SP, entidade que representa o setor imobiliário, divulgou uma nota manifestando “profunda preocupação com as propostas de ampliar as possibilidades de saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), incluindo a liberação de saldos para trabalhadores que optaram pelo saque-aniversário”. Segundo o comunicado da entidade, medidas como esta comprometem a sustentabilidade do FGTS e sua missão primordial de financiar políticas públicas essenciais, como habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana.