RADAR DO DIA: Tarifas de Trump; inflação nos EUA; IPCA no Brasil

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O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump / Foto: Casa Branca

São Paulo, SP – Os índices futuros americanos e as bolsas europeias abriram em alta. A semana começa com o mercado tentando descobrir quais serão, na prática, os efeitos da
guerra comercial travada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o resto do mundo. Ontem, Trump confirmou os planos para impor novas tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio, somando-se aos impostos já existentes sobre esses metais. Ele também mencionou a introdução de tarifas recíprocas, que corresponderiam às taxas aplicadas por outros países aos produtos americanos, com o objetivo de garantir um tratamento justo para as indústrias dos EUA.

Os principais fornecedores de aço e alumínio para os EUA são Canadá, Brasil e México, seguidos por Coreia do Sul e Vietnã. O Canadá, em particular, é o maior fornecedor de alumínio primário, responsável por 79% das importações americanas nos primeiros 11 meses de 2024. Durante seu primeiro mandato, Trump já havia imposto tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, mas concedeu isenções a parceiros comerciais como Canadá, México e Brasil.

Para o vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, as tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos EUA podem gerar incerteza econômica, causando um “choque de oferta” e afetando fundamentalmente o crescimento econômico global. Guindos afirmou ainda que, embora as tarifas possam aumentar os custos de produção, uma possível queda na atividade econômica poderia moderar as pressões inflacionárias. O vice-presidente do BCE enfatizou a importância de evitar uma guerra comercial e pediu cautela na resposta europeia às medidas comerciais dos EUA. “Às
vezes, os anúncios iniciais não se concretizam, então é preciso adotar uma abordagem prudente e inteligente”, disse.

A partir de hoje, a China imporá tarifas adicionais de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito (GNL) dos Estados Unidos, além de 10% sobre uma série de outros produtos americanos. Anteriormente, Pequim havia anunciado que tarifas adicionais seriam aplicadas a alguns produtos importados dos EUA a partir de 10 de fevereiro, incluindo 15% sobre carvão e gás natural liquefeito (GNL) e 10% sobre petróleo bruto, maquinário agrícola, veículos de grande capacidade e picapes.

Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, lembrou que a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, afirmou na semana passada que as tarifas impostas pelo governo terão um papel crucial nesse cenário. Somente as tarifas de 25% sobre o Canadá e o México, e de 10% sobre a China, podem adicionar entre 0,5 e 0,8 ponto percentual à inflação, eliminando qualquer possibilidade de corte de juros pelo Fed este ano. “Além disso, novas tarifas para a Europa e outras regiões podem intensificar ainda mais a pressão inflacionária, afastando o país da meta de 2%”, destaca Cruz.

Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos, destacou que os dados do relatório de emprego (Payroll) sugerem uma postura mais restritiva por parte do Fed, mesmo que os números sejam mais modestos. “O crescimento salarial acima do esperado, a leve redução no desemprego e a aceleração na criação de empregos evidenciam que o mercado de trabalho americano permanece tensionado. Com uma atividade econômica resiliente e os riscos inflacionários, sobretudo no contexto das políticas de Trump, o Fed deverá manter uma vigilância constante. No curto prazo, as chances de novos cortes nos juros parecem praticamente inexistentes”, comentou.

A semana também trará importantes dados sobre a economia dos Estados Unidos, com destaque para o indice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), na quarta-feira (12), e o indice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês), na quinta-feira. Além disso, investidores também ficam de olho nos discursos do presidente do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos Estados Unidos), Jerome Powell, nas duas Casas do Congresso dos EUA, terça e quarta.

Por aqui, a expectativa é a divulgação do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro, amanhã. O IPCA-15, considerado a prévia da inflação oficial do país, registrou uma alta de 0,11% nos preços em janeiro. Nos últimos 12 meses, a variação do IPCA-15 foi de 4,50%, abaixo dos 4,71% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2024, o IPCA-15 foi de 0,31%. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram resultado positivo em janeiro. O grupo Alimentação e bebidas apresentou a maior variação, 1,06%, e o maior impacto, 0,23 ponto percentual (p.p.), no índice do mês.

Na manhã de hoje foi divulgado o boletim Focus com as previsões de instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central do Brasil. Na manhã de hoje foi divulgado o boletim Focus com as previsões de instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central do Brasil. Para o IPCA, a previsão para 2025 avançou de 5,51% para 5,58%. Para 2026, as instituições financeiras elevaram de 4,28% para 4,30% a previsão para a inflação medida pelo IPCA. A meta para a inflação no período é de 3%.

Sobre a taxa Selic, a previsão para 2025 segue 15%. Para 2026, a expectativa para a Selic manteve o mesmo índice da semana passada, de 12,50%. Para o Produto Interno Bruto (PIB), a previsão recua de 2,06% para 2,05% em 2025. A projeção para 2026 também caiu, passando de 1,72% para 1,70%. Sobre o dólar, as cotações para 2025 e 2026 segue em R$ 6, assim como para 2026. A Pesquisa Focus manteve a previsão de déficit primário em 2025 em 0,60% do Produto Interno Bruto (PIB).

Nesta semana recomeça a divulgação dos balanços do quarto trimestre de 2024, abrindo com o BTG Pactual e TIM. Também serão revelados os números da Totvs, Raízen, Suzano, Porto Seguro e Usiminas.

No setor corporativo, o BTG Pactual (BPAC11) divulgou hoje o balanço do quarto trimestre de 2024 (4T24), com receitas totais de R$ 6,7 bilhões, crescimento de 19% em relação ao 4T23. O lucro líquido ajustado foi de R$ 3,3 bilhões, crescimento de 15% em comparação ao último trimestre de 2023. Em 2024, o lucro líquido ajustado de R$ 12,3 bilhões, alta de 18% em relação a 2023, e as receitas de totais foram de R$ 25,1 bilhões, crescimento de 26% em comparação a 2023. Os dois resultados são recordes para o período, refletindo o aumento na alavancagem operacional e a maior diversificação de seus negócios. O retorno ajustado sobre o patrimônio líquido (ROAE) foi de 23,1%.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aprovou a proposta de aditivo ao contrato de
concessão do Aeroporto Internacional de Belém (PA) que antecipa, para 31 de agosto, os
investimentos da Fase I-B. O objetivo é atender a movimentação esperada para a 30a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em novembro, na capital paraense.

Em resposta a questionamento da B3 sobre notícia do Valor que trata sobre alternativas consideradas pela empresa para reduzir a pressão de dívida do grupo Cosan, como aumento de capital, a administração da Raízen disse que “avalia continuamente alternativas para a otimização de sua estrutura de capital, como parte de sua estratégia”, mas que “até o momento, não há qualquer decisão sobre um potencial aumento de capital da companhia

A previsão semanal do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para a semana que vai de 8 a 14 de fevereiro prevê avanço de carga no Sistema Interligado Nacional (SIN) e em todos os subsistemas, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. O SIN apresenta uma alta de 3,3% (86.063 MWmed). O submercado Norte, novamente, tem o maior crescimento, com 5,6% (7.777 MWmed), seguido pelo Sudeste/Centro-Oeste, com 3,4% (48.681 MWmed). Já o Sul mostra uma expansão de 2,9% (16.025 MWmed) e o Nordeste 2,1% (13.580 MWmed).