São Paulo, SP – Os índices futuros americanos abriram em alta e as bolsas europeias em queda. A semana termina com o mercado ponderando os possíveis reflexos da guerra comercial patrocinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que confirmou ontem a adoção de uma política de tarifas recíprocas em relação aos países que impõem tarifas sobre produtos americanos. A expectativa é que as tarifas retaliatórias devem entrar em vigor o início de abril.
“Cobrarei uma tarifa recíproca, o que significa que qualquer país que cobrar tarifas dos Estados Unidos, nós cobraremos deles. Nem mais, nem menos. Em outras palavras, eles nos cobram um imposto ou tarifa, e nós cobramos exatamente o mesmo imposto ou tarifa. Muito simples”, declarou Trump na Casa Branca. Na início da semana, Trump já tinha anunciado a elevação das tarifas de importação de aço e alumínio, sem exceções ou isenções, em 25%, a partir de 4 de março.
O etanol brasileiro foi citado como exemplo para a imposição de tarifas pelo governo
norte-americano. “A tarifa dos EUA sobre o etanol é de apenas 2,5%. No entanto, o Brasil cobra uma tarifa de 18% sobre as exportações de etanol dos EUA. Como resultado, em 2024, os EUA importaram mais de US$ 200 milhões em etanol do Brasil, enquanto exportaram apenas US$ 52 milhões em etanol para o Brasil.
Os analistas da ING Carsten Brzeski e Inga Fechner afirmaram que a administração Trump tem usado tarifas como principal ferramenta de política externa, afetando diretamente a Europa, que exporta cerca de 3 bilhões de euros em aço e 2 bilhões de euros em alumínio para os EUA. A ameaça de tarifas setoriais ou gerais sobre produtos europeus aumenta a pressão para uma resposta eficaz.
“Caso a UE decida retaliar, algumas opções incluem impor tarifas sobre produtos de estados-chave dos EUA, como soja, bourbon e motocicletas, ou sobre bens estratégicos, como produtos químicos e farmacêuticos. Outra possibilidade seria a criação de uma taxa sobre serviços digitais, setor no qual os EUA têm um superávit significativo. No entanto, a implementação dessas medidas exigiria agilidade e consenso entre os membros da UE”, afirmaram os analistas da ING.
Para o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e
Serviços, Geraldo Alckmin, o Brasil não representa um “problema comercial” para os Estados Unidos. “É natural que o novo governo americano queira avaliar o seu comércio exterior, estudar, avaliar a questão do comércio exterior. O Brasil não é problema comercial para os Estados Unidos. A balança comercial nossa de bens é equilibrada. Nós exportamos US$ 40 bilhões e importamos US$ 40 bilhões”, disse Alckmin. Ele ressaltou que um dos caminhos de solução poderá ser a adoção de cotas para os produtos brasileiros, assim como ocorreu com o aço, em 2018, quando os EUA também levantaram barreiras comerciais contra o produto.
Alckmin lembrou que dos dez produtos mais exportados pelo Brasil aos Estados Unidos, apenas quatro não são taxados pela alfândega estadunidense, nos demais são impostas tarifas. Já nos dez produtos mais importados pelo Brasil vindos dos EUA, oito entram totalmente livres de tarifas. “O caminho do comércio exterior é ganha-ganha. É ter reciprocidade, não é alíquota igual. Reciprocidade é você vender mais onde é mais competitivo, onde você é menos competitivo, você compra. Produtos que você não tem, você adquire. Essa é a regra e é nesse princípio que nós vamos trabalhar”, disse.
Alckmin defendeu ainda o etanol brasileiro e disse acreditar que a resolução da questão
comercial será com base no diálogo e entendimento entre os países. “No caso do etanol, primeiro é importante destacar que o etanol do Brasil, ele é de cana-de-açúcar. Ele descarboniza mais, ele tem um terço a menos de pegada de carbono”, disse.
Ainda nos EUA, hoje saem os números sobre os desempenhos do varejo e da produção industrial de janeiro. Os dados são importantes para os investidores tentarem precificar como a atividade econômica do país deve se comportar neste ano. Nesta semana, falando ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que o relatório de inflação é um lembrete de que o banco central fez grande progresso na meta de trazer a inflação para 2%, mas que ainda não chegou lá. Para Raphael Bostic, presidente do Fed Atlanta, não está claro quando o Fed poderá cortar as taxas de juros novamente, dada a incerteza em torno da trajetória da inflação e das possíveis mudanças nas políticas tarifárias e outras medidas da administração Trump.
Por aqui, ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que o governo federal irá enviar proposta ao Congresso Nacional para regularização do programa Pé-de-Meia e a inclusão no Orçamento de 2025. A proposta será enviada no prazo de 120 dias, definido pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Nessa quarta-feira (12), o plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu liberar os pagamentos do programa Pé-de-Meia que estavam bloqueados. O tribunal aceitou um recurso do governo federal para liberar os repasses. Em janeiro deste ano, o ministro Augusto Nardes determinou o bloqueio de R$ 6 bilhões dos R$ 13 bilhões previstos para o programa em 2025. Em seguida, a Advocacia-Geral da União (AGU) pediu a revisão da decisão.
No setor corporativo, a Usiminas divulgou o balanço do quarto trimestre de 2024, com prejuízo líquido de R$ 117 milhões, revertendo o lucro líquido de R$ 975 milhões registrado no mesmo período de 2023. O Ebita (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 518 milhões, queda de 17% na comparação com o 4T24. Já a receita líquida fechou em R$ 6,4 bilhões, queda de 4% na base anual.
A Porto Seguro divulgou o balanço do quarto trimestre de 2024, com lucro líquido recorrente de R$ 710 milhões, alta de 3,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. Em 2024, o lucro líquido recorrente foi de R$ 2,680 bilhões, alta de 18% em comparação a 2023. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 20,3%, queda de 3,6 em comparação ao mesmo período de 2023. Em 2024, o ROE foi de 20%, queda de 0,3 ponto percentual em relação a 2023.
A Caixa Seguridade divulgou o balanço do quarto trimestre de 2024, com lucro líquido gerencial de R$ 1,06 bilhão, alta de 14,6% em comparação ao último trimestre de 2023 (4T23). Na visão contábil, o lucro líquido da companhia foi de R$ 1,17 bilhão, alta de 26,3% em relação ao 3T24. Em 2024, o lucro líquido gerencial foi de R$ 3,76 bilhões, crescimento de 7,9% sobre 2023. O retorno sobre patrimônio líquido recorrente (ROE), registrou para o quarto trimestre de 2024 o percentual de 67,5%, crescimento de 1,3 p.p. em relação ao registrado no mesmo período de 2023 (66,2%). A sinistralidade foi de 18,2%, queda de 2,8 ponto percentual em relação ao 4T23. Em 2024, a sinistralidade foi de 29,7%, alta de 7,7 ponto percentual em comparação a 2023.
A Telefônica Brasil informou que o seu Conselho de Administração, em reunião realizada em 13 de fevereiro de 2025, aprovou a declaração de Juros Sobre Capital Próprio (JSCP), no montante bruto de R$ 180 milhões, com retenção de imposto de renda na fonte, à alíquota de 15%, resultando no montante líquido de R$ 153 milhões, com base no balanço patrimonial de 31 de janeiro de 2025. O valor bruto por ação é de R$ 0,11093237960 e líquido de R$ 0,09429252266.
A Petrobras informou que efetuará na próxima quinta-feira (20) o pagamento da primeira parcela da remuneração aos acionistas referente ao balanço de 30 de setembro de 2024, com base na posição acionária de 23/12/2024. Esta primeira parcela será paga integralmente sob a forma de juros sobre capital próprio (JCP), cujos valores brutos por ação serão corrigidos pela taxa Selic de 31/12/2024 até 20/02/2025. O valor atualizado da primeira parcela é R$ 0,67545217 (R$ 0,66410331 + R$ 0,01134886 de atualização pela taxa Selic) por ação ordinária e preferencial.
A Equatorial informa que Bruno Coelho apresentou sua carta de renúncia ao cargo de diretor, com efeitos desde 10 de fevereiro. No dia 12 de fevereiro, o conselho de administração elegeu Fernanda Sacchi para assumir o cargo de diretora, com efeitos a partir dia 17 de fevereiro.
O volume investido pelos brasileiros pessoas físicas somou R$ 7,3 trilhões ao final de 2024. O valor é 12,6% maior do que o registrado no fechamento do ano anterior. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (13) pela ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais), englobam as aplicações dos clientes do varejo tradicional, do varejo alta renda e do private (investidores com mais de R$ 5 milhões aplicados).
O Bradesco disponibiliza aos seus clientes Pessoa Jurídica uma nova forma de realizar a gestão de pagamentos por meio de um serviço por assinatura da SAP chamado MBC (Multi Bank Connectivity). O banco afirma ser o primeiro a oferecer a solução no Brasil, que permite às empresas realizar pagamentos de tributos, contas de consumo, folha de pagamento, de fornecedores e Pix diretamente de seu próprio sistema, sem a necessidade de acessar os canais digitais do Bradesco.