São Paulo – A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus segue preocupando os investidores, com as bolsas da Europa e os futuros dos índices acionários dos Estados Unidos operando em baixa diante do crescimento no número de casos e de mortes provocadas pela Covid-19.
O mercado esperava, às 9h30, a divulgação dos dados sobre os pedidos semanais de seguro-desemprego nos Estados Unidos para ter uma ideia da extensão dos danos que o vírus pode causar à economia do país. A previsão era de que fossem anunciados 1,5 milhão de pedidos, mas o resultado foi muito acima do previsto – 3,283 milhões
Os investidores também demonstram receios com a instabilidade geopolítica. Ontem, uma reunião do G-7 (grupo composto por Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá) terminou sem o costumeiro comunicado conjunto porque os Estados Unidos queriam chamar o novo coronavírus de “vírus de Wuhan”, mas não encontrou respaldo das outras nações.
No Brasil, após o presidente Jair Bolsonaro indicar que quer isolar apenas as pessoas que tem mais risco de morrer se forem infectadas pelo novo coronavírus, atraindo críticas de médicos e da classe política e contrariando recomendação feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A preocupação de Bolsonaro é que interdições ao comércio e à circulação de pessoas – adotadas por alguns governadores, como João Doria, de São Paulo, o estado mais atingido pela epidemia – piore o quadro econômico do Brasil. O apelo do presidente encontrou eco em algumas administrações locais – o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, anunciou um afrouxamento da quarentena a partir de sexta-feira, mas os governadores estão resistentes à pressão do governo federal.
Ontem, governadores de 26 estados e do Distrito Federal fizeram uma reunião sem a presença do presidente, o que indica o grau de isolamento político de Bolsonaro em meio à crise econômica e de saúde pública. O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, disse que o governo federal está conversando com os governadores para formular um plano único de isolamento da população.
Enquanto isso, no Congresso, a oposição apresentou uma proposta para garantir o pagamento de pelo menos um salário mínimo a famílias com renda de até três salários mínimos – auxílio bem maior que o de R$ 200 proposto pela equipe econômica de Bolsonaro. Os recursos viriam de um orçamento suplementar, separado do fiscal, voltado apenas para lidar com a crise do novo coronavírus.
No setor corporativo, o lucro líquido consolidado da JBS subiu mais de quatro vezes no quarto trimestre de 2019 na comparação anual, totalizando R$ 2,435 bilhões. No ano passado, o lucro líquido alcançou R$ 6,068 bilhões, uma alta de 242 vezes na mesma base de comparação, o maior já registrado na história da companhia.
Além disso, o conselho de administração da JBS aprovou um novo programa de recompra de ações, que tem por objetivo maximizar a geração de valor para o acionista por meio de uma administração eficiente da sua estrutura de capital.
No setor de telecomunicações, a Oi, em recuperação judicial, registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 2,263 bilhões no quarto trimestre de 2019, queda de 32,62% na comparação anual. Em 2019, a empresa reverteu o lucro e teve prejuízo de R$ 9 bilhões.
A Via Varejo reverteu o prejuízo e teve lucro líquido de R$ 78 milhões no quarto trimestre de 2019. No ano passado, o prejuízo subiu 64,5% e somou R$ 479 milhões.
A Bradespar, holding que tem participação na Vale, reverteu o lucro e teve prejuízo líquido de R$ 387,973 milhões no quarto trimestre do ano passado na comparação anual. Em 2019, o prejuízo somou R$ 403,2 milhões, revertendo o lucro visto um ano antes.
A fabricante de aeronaves Embraer reverteu lucro líquido e registrou prejuízo líquido ajustado de R$ 383,6 milhões no quarto trimestre de 2019 na comparação anual. Em 2019, o prejuízo aumentou quase quatro vezes e somou R$ 862,7 milhões.
A Transmissora Aliança de Energia Elétrica (Taesa) disse que as empresas terceirizadas que prestam serviços de construção de empreendimentos relataram dificuldades para manter o ritmo de trabalho nas obras, devido à disseminação da pandemia e da declaração de calamidade pública em diversos municípios do país.
A Lojas Renner informou que não demitirá colaboradores sem justa causa, devido à crise provocada pelo coronavírus.