São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro disse que, durante um telefonema com o presidente da China, Xi Jinping, reafirmou “nossos laços de amizade, troca de informações e ações sobre o covid-19 e ampliação de nossos laços comerciais”. A informação foi publicada na conta de Bolsonaro no Twitter.
Junto com a afirmação, ele publicou uma imagem em que aparecem os ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, não aparece na imagem.
A reafirmação dos laços de amizade com a China ocorre depois de o filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, ter republicado na semana passada uma fala que acusava o Partido Comunista da China pela pandemia do novo coronavírus. Junto com a republicação, Eduardo disse que “a culpa é da China” e que “mais uma vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas”.
A embaixada da China respondeu, classificando os comentários de Eduardo como “extremamente irresponsáveis”. Ela afirmou que o deputado havia contraído um “vírus mental” ao voltar de Miami, nos Estados Unidos. Também disse que Eduardo replicava o discurso de seus “queridos amigos” – uma referência ao fato de o presidente norte-americano, Donald Trump, tratar o novo coronavírus como “vírus chinês”.
A declaração de Eduardo Bolsonaro foi amplamente criticada pela classe política. Os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP) publicaram notas pedindo desculpas pela declaração do deputado.
Eduardo Bolsonaro também divulgou nota dizendo que “jamais tive a pretensão de falar pelo governo brasileiro” e que sua intenção “nunca foi a de ofender o povo chinês ou de ferir o bom relacionamento existente entre os nossos países.”
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, também tentou amenizar as declarações do deputado, afirmando em entrevista à Folha que “o Eduardo Bolsonaro é um deputado. Se o sobrenome dele fosse Eduardo Bananinha, não era problema nenhum. Só por causa do sobrenome. Ele não representa o governo. Não é a opinião do governo. Ele tem algum cargo no governo?”, questionou.
Depois disso, o próprio presidente Jair Bolsonaro afirmou posteriormente que poderia conversar com o presidente da China para afastar qualquer desentendimento que tenha ocorrido por causa da declaração de seu filho e disse que tinha um canal direto de contato com Xi.