São Paulo – A Bolsa acelerou a queda no meio da tarde e fechou em baixa de 0,84%, retornando na faixa dos 122 mil pontos- aos 122.987,71 pontos, com o movimento de realização de lucros e piora nas bolsas norte-americanas, após encerrar na faixa dos 124 mil pontos, na véspera. A pontuação máxima no interdiário foi de 124.695,53 mil pontos e a mínima de 122.700,96.
O Ibovespa começou o dia positivo e a desaceleração do Indice de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) em maio contribuiu para o ganho no início do pregão. Mas, o principal índice da B3 perdeu fôlego com os dados econômicos nos Estados Unidos que vieram aquém do esperado pelo mercado e o recuo das ações da Vale e empresas ligadas a commodities.
Para Alisson Correia, CEO da Top Gain, essa queda mais acentuada foi atribuída a um “movimento de realização de lucros acompanhando as cotações dos mercados internacionais”. Ele ressalta “não temos nenhuma notícia negativa interna, pelo contrário”. O CEO da Top Gain comenta que “o resultado do Indice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (PCA-15 de maio veio abaixo do esperado [subiu 0,44% em maio na comparação com o mês anterior (+0,60%). Em 12 meses, a alta é de 7,27% até maio] e a aprovação na CCJ [Comissão de Constituição e Justiçam, da Câmara] da admissibilidade da reforma administrativa foram positivos”.
Para o analista sênior Luiz Henrique Wickert, da plataforma de investimentos sim;paul não há nada internamente relevante que pudesse refletir na Bolsa, inclusive cita os dados do IPCA-15 que vieram melhor que o esperado. No entanto comenta que a piora veio dos Estados Unidos com os dados econômicos. “Os futuros norte-americanos estavam mais fortes e depois que saíram as
vendas de imóveis residenciais novos [caíram 5,9% em abril ante março. O mercado previa baixa de 4,5%] e o índice de confiança ao consumidor [recuou para 117,2 pontos em maio, após registrar 117,5 pontos em abril. O mercado estimava alta para 119,5 pontos], lá as bolsas arrefeceram e aqui acompanhou o movimento”].
Ele afirmou que a queda da Vale (VALE3) e das siderúrgicas também impactaram negativamente, após a notícia de que a China vai controlar os preços de minério de ferro. Os papéis da Vale (VALE3) caíram 2,48%. Os ativos da CSN (CSNA3); Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR4) perderam 2,38%; 3,09%; 1,79%, respectivamente.
No Brasil, os investidores ficam atentos ao andamento da reforma tributária. Ontem à noite, os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (MDB-MG) entraram em um acordo sobre o fatiamento da reforma. O Senado ficará responsável pelo programa de regulação tributária e a Câmara dos Deputados ficará com os projetos de iniciativa do executivo sobre a base do Imposto de Renda, PIS e Cofins. Segundo Rodrigo Friedrich, sócio da Renova Invest, o alinhamento entre os poderes para avançar com a reforma tributária é favorável. “Mostra uma sinergia entre o Senado e Câmara, e isso é positivo porque aprovação será mais rápida”, comenta.
O estrategista em ação, Filipe Villegas, da Genial Investimentos, avalia que “o mercado precifica um leve avanço nessa reforma”.
O dólar comercial fechou em alta de 0,22% no mercado à vista, cotado a R$ 5,3370 para venda, em sessão de forte volatilidade, acompanhando o desempenho de algumas moedas de países emergentes que perderam terreno para a divisa norte-americana em meio à uma correção técnica. Ao longo da sessão, o dólar perdeu para os pares e para a maioria das emergentes em sessão de busca por risco no exterior.
Para o diretor de uma corretora nacional, o dólar operou enfraquecido em boa parte da sessão no exterior diante da menor preocupação dos investidores com a alta da inflação nos Estados Unidos e global, após sinalizações de vários dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de que a inflação no país “parece ser temporária”.
Perto do fim da sessão, porém, a moeda estrangeira inverteu o sinal e passou a subir frente ao real, em linha com o fortalecimento frente a algumas divisas emergentes como a lira turca, que chegou a cair mais de 1%, e o peso mexicano.
Amanhã, em meio à agenda esvaziada de indicadores econômicos e eventos, o analista da Toro Investimentos, Lucas Carvalho, reforça que investidores seguem atentos às falas de membros do Fed até o fim da semana, antes dos dados da inflação nos Estados Unidos. Enquanto aqui, na última semana cheia do mês, o mercado acompanha os desdobramentos em torno da discussão da reforma administrativa e tributária.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em queda com os investidores reagindo aos dados abaixo das expectativas do IPCA-15, que trouxe hoje os números preliminares da inflação oficial em maio.
Com isso, as taxas recuaram da abertura ao fim do pregão. O DI para janeiro de 2022 encerrou com taxa de 4,995%, de 5,055% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,710%, de 6,805%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,15%, de 8,26% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,76%, de 8,84%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado de ações norte-americano devolveram os ganhos do início da sessão para fechar o dia em queda, com um dado sobre a confiança do consumidor pesando negativamente sobre as negociações.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações nos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -0,24%, 34.312,46 pontos
Nasdaq Composto: -0,03%, 13.657,20 pontos
S&P 500: -0,21%, 4.188,13 pontos