Redução da taxa de juros é uma “briga eterna”, diz Lula

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São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar a atual taxa básica de juros, destacando que a redução da Selic é uma “briga eterna”. Ele participou nesta quarta-feira da abertura do Fórum Um Projeto de Brasil, organizado pela revista Carta Capital, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília.

Durante seu discurso, Lula fez críticas àqueles que vivem de dividendos, argumentando que o Brasil precisa de uma maior “circulação de dinheiro” para estimular o crescimento econômico.

“Reduzir os juros é uma batalha constante. Mas, mesmo que os juros fossem zero, sem dinheiro no bolso, ninguém consome. O mais importante é garantir a circulação de dinheiro”, declarou o presidente.

Lula também reconheceu que há divergências dentro do governo em relação aos gastos públicos, mas frequentemente provoca seus ministros a refletirem sobre o custo de não realizar os investimentos necessários para o futuro do país.

“Mesmo dentro do governo, quando discutimos, há aqueles que se preocupam com a possibilidade de não conseguirmos gastar o que é necessário, e aqueles que sabem da importância de realizar esses gastos. Os que relutam também entendem a necessidade de gastar, mas têm a responsabilidade de informar à sociedade que os recursos não são ilimitados”, afirmou o presidente.

“Sempre provoco o debate perguntando: custa fazer tal coisa? Então, vamos refletir sobre quanto custa não fazer. Quanto o Brasil não pagou por deixar de fazer o que era necessário nos anos 50?”, questionou.

O presidente também voltou a criticar a União Europeia (UE) pelos entraves na finalização do acordo comercial com o Mercosul, afirmando que o Brasil e seus parceiros da América do Sul já fizeram sua parte, e agora cabe aos europeus resolverem suas pendências.

“Estamos prontos para assinar o acordo Mercosul-União Europeia. Agora, a bola está com a UE, porque já definimos nossas posições e as comunicamos. A União Europeia precisa resolver suas questões com a França, que tem dificuldades em aceitar produtos agrícolas brasileiros. Provavelmente, teriam que competir com nosso queijo de minas e nosso vinho do Rio Grande do Sul”, afirmou o presidente.

“Já entrei em contato com a [Ursula] Von der Leyen, dizendo que ‘estamos prontos, nós do Mercosul estamos dispostos a assinar o acordo, basta vocês quererem’. Agora, depende deles, não de nós”, completou.

Lula também mencionou que terá um encontro bilateral com o presidente chinês Xi Jinping, logo após a cúpula de chefes de Estado do G20, em novembro, no Rio de Janeiro. Ele destacou que o encontro será focado na discussão de uma parceria estratégica de longo prazo com a China.

“A China se tornou um problema. Para quem? Não para nós. Tornou-se um problema para os Estados Unidos e para os países capitalistas que achavam que seria fácil aumentar suas riquezas explorando a mão-de-obra quase escrava da China. Os chineses, ao contrário de nós, souberam aproveitar as oportunidades, sem se preocupar tanto com propriedade intelectual, e foram aprendendo a fazer as coisas, enviando pessoas para estudar no exterior. Hoje, a China é o que é, algo admirável”, declarou o presidente.