Reforma tributária poderia ter regras de transição, diz CEO do Itaú

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São Paulo – A reforma tributária é essencial e vai na direção certa, mas possui assimetrias e poderia ter regras de transição para não impactar negativamente as empresas e a atividade econômica, avaliou o diretor-presidente do banco, Milton Maluhy Filho. Segundo Maluhy, a atual proposta do governo levaria os bancos a terem que fazer impairments nos seus balanços, já que, de acordo com a regulação, eles têm que reavaliar o estoque de créditos tributários.

“A reforma tributária é necessária, sabemos que em ano de eleição a agenda de reformas fica mais difícil de avançar, então, esse ano é importante, a sinalização é importante, mas existem algumas assimetrias, o que precisa é criar mecanismos para que as companhias possam crescer. Temos que pensar em modelos de transição, a dedutibilidade do JCP [juros sob capital próprio] poderia ser feita de forma transitória, por exemplo”, afirmou em coletiva de imprensa dos resultados do segundo trimestre.

O executivo também explicou que quando há mudança de alíquota de imposto de renda (IR) os bancos são obrigados a reavaliar créditos tributários e que isso gera impairments, o que afeta lucros e perdas do banco.

“Por norma, quando existe mudança de alíquota você tem que reavaliar o estoque que tem pela próxima alíquota vigente. Com a redução esperada pela reforma, se a gente tivesse que projetar os efeitos nos balanços haveria reavaliação dos créditos tributários para baixo, o que geraria um impairment, pego um ativo que vale 100 e reduzo para 80, e isso transita para lucros e perdas, é um feito negativo que acaba reduzindo meu lucro”, explicou.

A estimativa do Itaú Unibanco é que esse resultado negativo líquido de ativos e passivos pode ser da ordem de R$ 50 bilhões no sistema bancários e, como os bancos podem alavancar até dez vezes o capital, a expectativa é que a capacidade do sistema de emprestar crédito seria impactada em R$ 500 bilhões, o que Maluhy alega que poderia impactar a atividade econômica.