Resultado da eleição argentina é ruim para investidores, diz Eurasia

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Por Gustavo Nicoletta

São Paulo – A vitória de Alberto Fernández na eleição presidencial argentina ocorreu com menos votos do que ele esperava e isso é negativo para os investidores, pois aumentará a pressão para que ele adote políticas que incentivem o crescimento e seja mais resistente a ajustes nas contas públicas, afirmou em relatório a Eurasia.

De acordo com a consultoria, a expectativa da equipe de Fernández era de que ele vencesse as eleições com 54% dos votos ou mais – superando, desta forma, o resultado obtido por sua companheira de chapa, Cristina Kirchner, quando ela foi eleita presidente da Argentina. Com quase todas as urnas apuradas, no entanto, Fernández teve 48,1% de apoio. Nas primárias, ele teve 49,5%.

“O apoio a Fernández claramente não é o que ele esperava. Isso provavelmente o deixará mais inclinado a tentar medidas de estímulo à atividade econômica e a minimizar potenciais ajustes para sustentar sua popularidade num contexto de disputa por influência dentro de sua coalizão”, disse a Eurasia.

A margem de votos obtida pelo presidente-eleito da Argentina também pode significar que ele não terá maioria imediata no Congresso argentino, embora ela provavelmente possa ser construída com relativa facilidade. “Mas não será um caminho óbvio e ele será limitado por outras forças”, acrescentou.

Além disso, após as eleições, o banco central da Argentina anunciou restrições para a compra de dólares, o que deve aumentar a diferença entre as taxas de câmbio oficial e paralela e limitar o que Fernández pode fazer.

“O banco central esperou até que as eleições terminassem para adotar a medida e isso não parece ter sido coordenado com Fernández. Estas decisões aumentam a incerteza e as pressões cambiais. E ele acredita no mérito de um gerenciamento cambial mais ativo, portanto os controles devem se intensificar”, disse a Eurasia.

A consultoria também apontou que as notícias sobre quem integrará a equipe econômica do próximo presidente também dão um sinal negativo aos investidores porque sugerem inclinação a políticas econômicas heterodoxas, o que deve deixar mais tensa a relação entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI).