Resultados aquém das estimativas do Bradesco refletem aumento da inadimplência

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São Paulo, SP – O mercado não recebeu bem a retração dos resultados do Bradesco, anunciados na manhã de hoje pela companhia. A queda trimestral acentuada de 25,8 % no lucro líquido reportado de R$ 5,2 bilhões, frente ao segundo trimestre de 2022 e de 22,8%  em comparação ao mesmo período do ano anterior refletiram a deterioração da saúde da carteira de crédito do banco junto à revisão na PDD (Provisão para Devedores Duvidosos) e fez os papéis do banco despencarem: por volta das 13h15 (horário de Brasília), BBDC3 registrava baixa de 11,39% e BBDC4 de 11,30% a 14 e R$ 16,48, respectivamente.

O lucro líquido recorrente do trimestre foi de R$ 5,2 bilhões, mais de 22% abaixo do que era previsto pelo consenso, “indicando a magnitude da baixa qualidade do resultado”, diz a Levante, que considerou o balanço do Bradesco “frustrante”.

Ativa Investimentos diz que o foco do trimestre foram nos dados ruins da inadimplência, uma vez que a receita veio dentro das projeções dos analistas. O índice veio em 3,9% no 3T22, aumento de 0,4 p.p. em relação ao trimestre passado.

“Embora um avanço fosse esperado, dado a deterioração do cenário macroeconômico que já vínhamos falando, a inadimplência das micro, pequenas e médias empresas surpreendeu negativamente em conjunto com o segmento PF”, revela análise. “Sendo assim, o índice pressionou a companhia a aumentar suas despesas com PDD e reduzir drasticamente as reversões com provisões em relação ao último trimestre, o que levou a um custo de crédito 29,4% acima de nossas estimativas.” O dado também fez o Bradesco revisar seu guidance, piorando o custo de crédito projetado para o final do ano.

A Genial também viu um resultado bem abaixo das suas expectativas para o Bradesco, impactado principalmente por três itens: perdas na margem com mercado (tesouraria), aumento substancial na provisão de devedores duvidosos (PDD) e queda no resultado financeiro da seguradora por conta da deflação ocorrida no tri.

Dos três itens acima, dizem os analistas, a tesouraria e seguros devem gradualmente melhorar nos próximos trimestres. No entanto, a piora da qualidade de crédito e consequentemente o aumento das provisões foi a maior surpresa negativa do trimestre, forçando o banco a revisar seu guidance com um aumento substancial na expectativa de provisão de crédito de R$ 17b a 21b para R$ 25,5b a 27,5b. “Isso significa que as despesas com provisões devem aumentar de R$ 7,3b no 3T22 para algo entre R$ 8,1b a R$ 10,1b no 4T22, ou seja, os resultados com baixa rentabilidade devem continuar.”

Apesar do resultado fraco no trimestre, as ações do Bradesco estão descontadas na visão dos especialistas – portanto, com potenciais quedas como oportunidade de montar posição. Por isso, a Genial reitera recomendação de compra, com preço alvo de R$ 24 para final de 2023.

O Itaú BBA classificou o impacto dos resultados do Bradesco como “negativo relevante”, rebaixando a classificação das ações do banco, para refletir essa piora na qualidade de crédito e dificuldade de recebimento dos inadimplentes. Os resultados de serviços e seguros também caíram e é pior a perspectiva geral para os próximos trimestres. O Itaú BBA tem classificação de “Desempenho Superior” para BBDC4, com preço-alvo de R$21.

“Resultado abaixo das expectativas provavelmente diminuirá as expectativas para 2023 também. O Bradesco é negociado a 1,3x P/B 2022 e 6,7x P/E 2023 em uma pré-revisão. Reiteramos nossa visão cautelosa sobre o nome”, diz o BBA.