São Paulo – O resultado apresentado ontem pelo Banco do Brasil agradou os analistas, que destacam que os números vieram acima das expectativas, além da melhora das suas projeções para 2022. Em dia negativo para a Bolsa em geral, o papel registra queda de 2,72%, a R$ 36,05, por volta das 13h33 de Brasília, quando o Ibovespa caía 2,40%
Ontem, o Banco do Brasil elevou sua projeção de crescimento da carteira de crédito em 2022 para 15-17%, de 12-16% anterior e observou 20,5% entre janeiro e setembro. O guidance de margem financeira bruta subiu para 19,5 a 21,5% de 13-17%, anterior, com 16,7% realizado. Em receitas de prestação de serviços, subiu para 9 a 11%, de 6 a 9%, tendo realizado 11%. A projeção de lucro líquido ajustado foi elevada para R$ 30,5-32,5 bilhões, de R$ 27-30 bi anterior, tendo apurado R$ 22,8 bilhões entre janeiro e setembro.
O Itaú BBA destacou que o Banco do Brasil reportou outro conjunto de bons resultados no terceiro trimestre, com lucro líquido ajustado de R$ 8,3 bilhões (21,5% ROE), 6% acima das suas estimativas e do mercado em R$ 7,9 e R$ 7,2 bilhões, citando que o salto de ganhos de 7% no trimestre mostra que a companhia manteve os bons fundamentos e um impuloso de ganhos completamente diferente (e melhor) do que alguns pares privados.
“Praticamente todas as linhas foram melhores do que nossas estimativas, com melhorias notáveis no NII de mercado e nas receitas de crédito ao cliente. Total NII cresceu 15% QoQ com uma carteira de crédito 5% maior. A receita de serviços também cresceu (+9% QoQ) com SG&A contido (+1% QoQ), levando a ganhos de eficiência maciços. A qualidade do crédito aumentou 30 bps, e mesmo com provisões 16% acima dos nossos números, o resultado final ainda superou nossas estimativas acima do consenso”, comentou o Itaú BBA, em relatório.
O guidance de lucro do ano foi revisada para cima (+11%), indicando que o 4T22 provavelmente será um trimestre ainda mais forte, o que fez os analistas avaliarem o resultado como “de longe o melhor conjunto de resultados dentro de nossa grande cobertura bancária nesta temporada.”
O Itaú BBA manteve a recomendação de compra para a ação do BB, com valor justo de R$ 53, o que implica 0,8x P/B ’23E, citando que o papel o desconto para os bancos brasileiros voltou aos máximos históricos (60% vs. a média de 50%), projetando um crescimento de 13% ao ano nos lucros em 2023, dada sua NII superior e dinâmica de custo de provisão, com risco negativo uma possível materialização dos temores da política de crédito, atingindo seus múltiplos e projeções de lucros para 2024 em diante.
A Ativa disse que o resultado do Banco do Brasil veio acima das suas projeções, destacando o lucro recorde, performando levemente acima das suas estimativas em todas as linhas.
“O bom desempenho na margem financeira bruta se deu pelo ganho de spread, onde o banco conseguiu crescer 0,4 p.p. em relação ao trimestre anterior. Já no custo de crédito, o BB fez menos provisões do que estimávamos, reduzindo mais aceleradamente seu índice de cobertura. A receita com serviços também foi uma surpresa positiva, onde o banco foi impulsionado pelo avanço de 20,6% QoQ na linha de seguros, previdência e capitalização”, comentou a Ativa, em relatório.
“De negativo, embora esperávamos um crescimento da inadimplência devido ao cenário macroeconômico e a estratégia agressiva do banco, consideramos o aumento para 2,34% elevado.”
Lucro ajustado cresce 51,8% no 3T22, para R$ 7,8 bilhões
O lucro líquido do Banco do Brasil aumentou 51,8% no terceiro trimestre, para R$ 7,8 bilhões, enquanto o resultado ajustado – que remove os efeitos de ganhos ou despesas não recorrentes – ficou positivo em R$ 8,1 bilhões, subindo 75,7% em relação a um ano antes.
Nos nove primeiros meses de 2022, o banco apresentou um lucro líquido de R$ 22,8 bilhões, crescimento de 50,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior, o que representa um RSPL (retorno sobre patrimônio líquido) de 20,5%.
“O resultado do Banco do Brasil é reflexo de alavancas que alicerçam a sustentabilidade do seu retorno no longo prazo: o crescimento da carteira de crédito com mix que apresenta um melhor retorno ajustado ao risco; a continuidade da diversificação na linha de serviços, que começa a refletir a monetização de novos modelos de negócios; a disciplina constante na gestão de custos e a sólida posição de capital”, comentou o banco, em comunicado.
A carteira de crédito do Banco do Brasil diminuiu 89,4%, para R$ 814,8 bilhões. O valor considera carteira de crédito classificada adicionada das operações com títulos e valores mobiliários privados (TVM privados) e das garantias prestadas.
O retorno sobre o patrimônio líquido (RoE, na sigla em inglês) anualizado e calculado com base no patrimônio líquido contábil deduzido das participações minoritárias – que o Banco do Brasil chama de RSPL Mercado -cresceu 7,5 pontos porcentuais (pp) no terceiro trimestre, para 21,8%, enquanto o chamado RoE Ajustado – que deduz participações minoritárias nas controladas e os planos de benefícios – aumentou 7,2 pp, para 21,5%.
A taxa de empréstimos inadimplentes há mais de 90 dias cresceu 0,52 pp em relação a um ano antes, para 2,34% da carteira de crédito ampliada. O BB considera que sua inadimplência está sob controle: “O índice de inadimplência INAD+90d (relação entre as operações vencidas há mais de 90 dias e o saldo da carteira de crédito classificada) saiu de 2% em junho/22 para 2,3% em setembro/22, permanecendo abaixo do Sistema Financeiro Nacional, que encerrou o período em 2,8%. O índice de cobertura do BB foi de 234,9% em setembro/22”, comentou.
A despesa do Banco do Brasil com provisões para devedores duvidosos (PDD) levando em consideração a recuperação de crédito, descontos concedidos e imparidade aumentou 15,1% no terceiro trimestre, para R$ 4,52 bilhões.
CARTEIRA DE CRÉDITO
A carteira pessoa física ampliada cresceu 2,7% no trimestre e 10,9% em 12 meses, influenciada pela performance positiva no crédito consignado (+2,4% no trimestre e +8,3% em 12 meses), empréstimo pessoal (+3,9% no trimestre e +22,6% em 12 meses) e cartão de crédito (+3,4% no trimestre e +31,5% em 12 meses).
A carteira ampliada PJ registrou incremento trimestral de 5,3% e de 20,2% em 12 meses, com destaque para capital de giro (+5,6% no trimestre e +8,3% em 12 meses), TVM (títulos e valores mobiliários) privados e garantias (+3,7% no trimestre e +53,3% em 12 meses) e ACC/ACE (+18,5% no trimestre e +36,6% em 12 meses).
Destaque para os desembolsos realizados na linha do Pronampe que totalizaram R$ 10 bilhões em 2022.
A carteira ampliada de Agronegócios expandiu 9,1% no trimestre e 26,7% em 12 meses, com ênfase para as operações de custeio (+25,4% no trimestre e +53,7% em 12 meses), de investimento (+12,2% no trimestre e +59,3% em 12 meses) e Pronaf (+7,5% no trimestre e +13,5% em 12 meses).
Na safra 2022/2023, o Banco do Brasil desembolsou R$ 63,5 bilhões em operações de crédito ao agronegócio (+37,8% em relação à safra anterior) no terceiro trimestre. Foram 197 mil operações contratadas no período, sendo 56,2% destinadas à agricultura familiar.
A carteira de negócios sustentáveis atingiu, ao fim de setembro de 2022, R$ 321,2 bilhões, crescimento de 13,9% em 12 meses. Esse montante foi contratado em linhas de crédito com elevada adicionalidade ambiental e/ou social, ou destinado a financiar atividades e/ou segmentos que possuem externalidades positivas.