Resultados do segundo trimestre vão mostrar impacto de política monetária mais apertada, analisa Levante

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São Paulo – A temporada de balanços do segundo trimestre de 2024 (2T24) ganha tração nessa semana com o início dos resultados do setor financeiro, com o Santander Brasil, nesta quarta-feira (24, antes da abertura dos mercados), e com a Vale, após o fechamento do pregão de quinta-feira (25), entre outras companhias. Além de refletir o desempenho das companhias, os números serão um indicativo do impacto da política monetária mais restritiva adotada pelo Banco Central até agora – atualmente, a taxa básica de juros é de 10,5% ao ano. O valor foi definido na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no dia 19 de junho.

A avaliação é de Flávio Conde, analista de investimentos da Levante, em análise que compara as expectativas macro com as esperada para as companhias. “Esses números serão relevantes para indicar o que esperar dos resultados das companhias abertas na segunda metade de 2024. Há cenários parecidos nas economias do Brasil e dos Estados Unidos. O Produto Interno Bruto (PIB) dos dois países tem mostrado um desempenho robusto”, afirma. “O que os investidores querem saber é o tamanho do impacto de uma política monetária mais apertada do que o esperado sobre os resultados das empresas.”

Ele lembra que a edição mais recente do Relatório Focus, divulgada na segunda-feira (22), indicou expectativas de um crescimento de 2,15% na economia neste ano, ante uma estimativa de 2,11% na edição anterior e de 2,09% quatro semanas atrás. “A diferença pode parecer irrelevante. No entanto, o PIB brasileiro em 2023 foi de R$ 10,9 trilhões. Cada ponto-base (centésimo de ponto percentual) de diferença representa R$ 1,09 bilhão a mais ou a menos em circulação na economia. Por isso, o avanço de seis pontos-base em quatro semanas indica que a expectativa dos agentes econômicos é de pouco mais de R$ 6,5 bilhões em circulação na economia brasileira neste ano.”

“Esse bom desempenho da economia vem ocorrendo apesar de o BC estar mantendo os juros elevados e ter interrompido a redução da Selic”, avalia o analista.

Ele destaca que, no início de 2024, a projeção do mercado era de juros encerrando o ano a 9%. “Se isso se tivesse confirmado, a Selic estaria em um dígito nesta altura do ano. No entanto, em abril houve uma mudança de expectativas, e as projeções mudaram para números acima de 10% em dezembro. Isso deveria afetar o desempenho das empresas, mas não é o que está aparecendo nas expectativas para o PIB. Por isso a importância dos números que serão divulgados nos próximos dias”, conclui.

Confira as datas da temporada de balanços do 2T24

Nas próximas semanas até a primeira quinzena de agosto, as companhias listadas na B3 começam a apresentar os relatórios de desempenho financeiro e operacional do segundo trimestre deste ano (2T24). Nesta semana, entre as 83 companhias que compõem o Ibovespa, o índice de ações mais negociadas da B3, divulgam seus resultados do período Santander Brasil (24), Hypera, Multiplan e Vale (25) e Usiminas (26). Ontem, Carrefour Brasil (22) iniciou a temporada. As datas estão sujeitas a alterações.

Na semana seguinte, saem os dados da Petrobras (produção e vendas), Telefônica Brasil, Tim e CCR (29); Klabin (30); Cielo, Gerdau, Gerdau Metalúrgica, ISA CTEEP e Weg (31). Na quinta, 1 de agosto, Ambev e Eztec encerram a semana.

Na segunda semana de agosto, BB Seguridade, Bradesco e Taesa apresentam os balanços no dia 5 Iguatemi, Itaú Unibanco, Pão de Açúcar, Prio, RD Saúde (ex-Raia Drogasil) e Vibra no dia 6; no dia 7, será a vez de 3R Petroleum, Banco do Brasil, Braskem, Casas Bahia, Cogna, Copel, Dexco, Eletrobras, Engie Brasil, Minerva, Oi, Totvs, Ultrapar e CVC Brasil; no dia 8, Assaí, Alpargatas, Arezzo, Azul, B3, CPFL Energia, Cyrela, Energisa, Eztec, Fleury, Hapvida, Lojas Renner, Magazine Luiza, Petrobras, Petroreconcavo, Rumo, Sabesp, Suzano, Vamos, Vivara, Yduqs e Embraer encerram as divulgações da semana.

Os últimos resultados serão revelados nos dias 12, 13 e 14 de agosto: na segunda, CSN, CSN Mineração, MRV, Itaúsa, Localiza, Natura e São Martinho (1T24/25); na terça, Allos, Bradespar, Cemig, Eneva, JBS, Locaweb e Raízen 1T/24/25; e, na quinta, BTG Pactual, Grupo Soma, Gol, Cosan, Americanas, BRF, Equatorial, IRB Brasil, Marfrig, Petz, Rede D’Or e SLC Agrícola.

A Americanas, em Recuperação Judicial, adiou a divulgação de suas demonstrações financeiras relativas ao exercício social de 2023 e do primeiro trimestre de 2024 (1T24), que estavam previstas para o dia 31 de julho. Agora, a companhia prevê divulgar os relatórios no dia 14 de agosto, quando também serão divulgadas as informações trimestrais do período findo em 30 de junho de 2024 (2T24), conforme previsto no calendário anual de eventos corporativos. A decisão foi motivada pela conclusão dos trabalhos de investigação do Comitê Independente, conforme fato relevante divulgado em 16 de julho. A companhia encaminhou aos seus auditores independentes as evidências apresentadas pelo órgão e decidiu adiar a divulgação dos resultados.