Riscos econômicos persistem na eurozona com pandemia, diz Lagarde

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São Paulo – Os riscos para a economia da eurozona seguem inclinados para o lado negativo devido à segunda onda de casos do novo coronavírus, e assim o Banco Central Europeu (BCE) decidiu recalibrar seus instrumentos de política monetária, disse a presidente da instituição, Christine Lagarde.

“O ressurgimento dos casos de covid-19 e as medidas de contenção associadas estão restringindo significativamente a atividade econômica da zona do euro, que se espera ter diminuído no quarto trimestre de 2020”, disse Lagarde, em coletiva de imprensa.

Segundo ela, “a pandemia continua a representar sérios riscos”, mesmo com a recuperação econômica forte no terceiro trimestre e as perspectivas animadoras para a implantação de vacinas. Lagarde ressaltou que a atividade de serviços está sendo severamente freada pelo aumento dos casos e novas restrições.

“A inflação permanece muito baixa no contexto de demanda fraca e folga significativa nos mercados de trabalho e do produto”, disse, acrescentando que os dados e projeções sugerem um impacto de curto prazo mais pronunciado da pandemia sobre a economia e “uma fraqueza mais prolongada da inflação do que o previsto anteriormente”.

Assim, o BCE ampliou o programa de compra de emergência pandêmica (PEPP, na sigla em inglês) em 500 bilhões de euros, para US$ 1,850 trilhão de euros, para preservar condições financeiras favoráveis por um longo período, disse Lagarde. As compras seguirão flexíveis para evitar aperto de condições.

“Se as condições de financiamento favoráveis forem mantidas com luxos de compra de ativos que não esgotem o envelope ao longo do horizonte de compra líquido do PEPP, o envelope não precisa ser usado por completo”, disse. O envelope “pode ser recalibrado se necessário” para manter condições favoráveis inflação.

O BCE também decidiu prorrogar até junho de 2022 as condições da terceira série de TLTROs, lançar três operações adicionais entre junho e dezembro de 2021 e aumentar o montante que pode ser emprestado, o que preserva condições atraentes aos bancos.

“Isso ajudará a garantir que eles possam continuar a oferecer condições de crédito favoráveis e ter ampla liquidez para conceder empréstimos a famílias e empresas”.

APOIO FISCAL

Lagarde disse ainda que as medidas de estímulos fiscais devem continuar em vigor para apoiar a recuperação da economia dos impactos da pandemia de covid-19, e o fundo de recuperação da União Europeia (UE) deve se tronar operacional sem demora.

“Continua a ser crítica uma orientação orçamental ambiciosa e coordenada, face à forte contração da economia da zona do euro. As medidas fiscais tomadas em resposta à emergência pandêmica devem, tanto quanto possível, ser direcionadas e de natureza temporária”, disse.

“A fraca procura das empresas e famílias e o risco acrescido de uma recuperação retardada à luz dos novos bloqueios devidos à segunda vaga da pandemia justificam o apoio continuado das políticas orçamentais nacionais”, afirmou ela.

Lagarde destacou que as três redes de segurança aprovadas pelo Conselho Europeu para trabalhadores, empresas e país fornecem um apoio financeiro importante neste contexto.

“O Conselho do BCE reconhece o papel fundamental do pacote da Próxima Geração da UE e salienta a importância de se tornar operacional sem demora”, disse. O plano foi vetado pela Polônia e pela Hungria, que se opuseram ao vínculo da liberação do dinheiro ao Estado de Direito.