São Paulo – Em entrevista a jornalistas após o evento de apresentação do programa “Imóveis da Gente”, no Salão Oeste do Palácio do Planalto, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o governo não ficou surpreso com o tamanho do evento ontem na avenida Paulista organizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Foi muito aquém do que os próprios organizadores estavam divulgando que teria de presença, não houve surpresa nenhuma. A surpresa se refere apenas ao conteúdo da confissão dos crimes praticados. Não só nós, acho que o Brasil inteiro ficou surpreso de que, pela primeira vez na história, que pessoas que cometeram atos criminosos chamam um evento de praça pública e na praça pública, diante de uma multidão, confessam o crime. E vão além disso, pedem perdão, pedem anistia pelos crimes cometidos. É algo que, talvez, vai ficar registrado e inusitado na história do Brasil.”
Para Costa, diante da força que eles tiveram no passado não houve surpresa, que o país se encontra com um grau de polarização grande e de pregação do ódio e isso vai demorar para dissipar. O ministro também disse que o atual governo “não se pauta pelo ódio, muito pelo contrário”. “Quando você faz o que nós estamos fazendo, uma atuação republicana, com prefeitos, governadores, sem excluir qualquer partido. Nós fizemos o PAC com 27 que o governadores, estamos lançando dia 7 o PAC seleções terão prefeito de todas as filiações partidárias e todas as religiões. Então isso você vai dando demonstração concreta, pelo exemplo e não pela oratória, nem pela retórica, você vai dar exemplo concreto que nós governamos para todos e portanto não é um governo que se pauta pela pregação do ódio, ao contrário.”
O ministro afirmou que quem optar por continuar na oposição, que “o façam dentro dos limites legais e civilizatórios” e que usou seu domingo “para coisa mais nobre do que ficar olhando quem foi ou quem deixou de ir na manifestação ontem”.
Para Costa, o golpe não se viabilizou porque a sociedade brasileira “não aceita golpe” e a grande maioria “não esteve, nem está presente nestes atos”. “A sociedade brasileira deu um grande não a esse a essa tentativa de golpe dizendo não aceitamos isso, queremos um país democrático que hoje ganha um, amanhã ganha outro e quem ganhou comemora e quem perde vai lamber as feridas e disputar a próxima eleição, é isso que o povo brasileiro disse, a imprensa, a justiça.”
Em relação aos R$ 5 bilhões de emendas e ao prazo de aprovações, o ministro disse que estão dialogando para demonstrar que o veto se deu para garantir a manutenção de instituições ou programas como o Vale-gás e o Bolsa Família, e buscar alternativas de atender às demandas solicitadas pelos parlamentares sem sacrificar eventualmente o funcionamento de órgãos ou funções sociais importantes. “Eu fui deputado federal, em 2011 eu fui relator setorial da Saúde. Naquela época, quando o parlamentar queria botar emendas, ele aumentava um pouco a estimativa de receita e lançava aquilo que ele queria. Se ele queria botar um hospital, então ele dizia ‘olha, o governo subestimou a receita, vai arrecadar um pouquinho mais, dá para eu botar meu hospital. Ele mudava o valor da receita e acrescentava o hospital dele. Isso não prejudicava o orçamento que o Executivo mudou, não tirava dinheiro de um hospital, de uma universidade, do vale-gás. Só que hoje, com o arcabouço fiscal, essa prática não é possível. Para acrescentar R$ 5 bi, você tem que tirar de algum lugar. Então, da onde foi tirado? Foi tirado do vale-gás, foi tirado do bolsa família, foi tirado de universidades. Têm lugares que foi retirado 20% do orçamento de manutenção daquilo. Ou seja, aquele órgão ou aquela escola ou aquela universidade não funcionará o ano inteiro, se o valor fosse mantido, porque foi tirado 20% da sua manutenção.”