As reuniões que acontecem na China, e que começam hoje, fornecem um raro vislumbre das prioridades da alta liderança, com analistas observando medidas de apoio para a economia chinesa em dificuldades, bem como um aumento esperado nos gastos com defesa. Mas o que são as “Duas Sessões”?
A primeira, com início previsto para segunda-feira, é uma reunião do comitê consultivo político da China, a Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CPPCC).
Suas discussões são de baixo risco: os representantes fornecem aos legisladores sugestões políticas que, na maioria das vezes, têm pouco impacto na política nacional.
O verdadeiro foco das “Duas Sessões” é a reunião do Congresso Nacional do Povo (NPC), a legislatura do país, que começa na terça-feira no Grande Salão do Povo de Pequim. Dois terços dos membros da legislatura vêm do Partido Comunista.
A maioria dos projetos de lei que serão aprovados já foram decididos pelos líderes do partido com bastante antecedência, o que levou a ser descrito como um parlamento “carimbador”.
A China faz de tudo para garantir que não haja incidentes embaraçosos durante a sessão parlamentar, que é apresentada pelo Partido Comunista como prova de que ele responde ao povo, apesar de seu monopólio do poder.
O local da reunião no Grande Salão do Povo é renovado, o trânsito é fechado, as fábricas são fechadas para garantir céu azul, policiais à paisana parecem espreitar em cada esquina e dissidentes políticos são presos e convidados ou às vezes forçados a tirar “férias” em algum lugar longe da capital.
É também a única vez no ano em que os políticos mais poderosos do país estão todos em um só lugar, tornando-se um local-chave para negociações políticas.
A cada cinco anos, a sessão parlamentar também vê a nomeação do presidente no ano passado, Xi Jinping começou seu terceiro mandato no cargo, complementando dois cargos importantes do Partido Comunista que ele garantiu em um congresso em 2022.
As “Duas Sessões” deste ano também apresentarão o primeiro relatório anual de trabalho do governo apresentado pelo primeiro-ministro Li Qiang desde que ele ascendeu à posição de número dois do país na reunião do ano passado.
Quais são os principais problemas? A economia, assolada pela queda da atividade de consumo e uma crise prolongada no setor imobiliário, será o tema mais observado na reunião deste ano.
A conferência verá os delegados definirem metas oficiais de crescimento para 2024, após um crescimento do PIB nacional de 5,2% relatado no ano passado a menor taxa em décadas, excluindo os anos de pandemia.
A divulgação de detalhes sobre os gastos militares oferecerá sinais da confiança da China nas condições geopolíticas atuais, pois as tensões persistem no Estreito de Taiwan e a guerra da Rússia na Ucrânia entra em seu terceiro ano.
Os observadores também avaliarão de perto quaisquer planos anunciados sobre a alocação de recursos públicos em setores de tecnologia ou grandes projetos de desenvolvimento de infraestrutura.
