São Paulo, SP – O saldo total da carteira de crédito deverá mostrar novo crescimento no mês de agosto, com alta estimada de 1%, revela a Pesquisa Especial de Crédito da Febraban (Federação Brasileira de Bancos). Este é o sétimo avanço seguido do ano, excetuando o resultado de janeiro, que ficou estável. O avanço deve ser liderado pelo crédito direcionado com alta estimada de 2,4%, com forte desempenho tanto na carteira pessoa física (+2,9%) quanto na de pessoa jurídica (+1,5%).
Com o resultado, o ritmo de expansão anual da carteira de crédito deve ficar em 16,2%, apresentando alguma desaceleração ante estimativa feita pela entidade para julho, de alta de 17,1%. Em junho, último dado divulgado pelo Banco Central, a expansão em 12 meses do crédito foi de 17,8%.
Além da elevada base de comparação, o processo de desinflação da economia, e os impactos restritivos da alta dos juros, dentre outros fatores, devem gerar alguma acomodação do ritmo de crescimento do crédito no segundo semestre. Ainda assim, o crescimento esperado para o ano é bastante elevado, novamente acima de dois dígitos.
“Seguimos com um cenário de forte ritmo de expansão do crédito neste começo de segundo semestre, mas com alguns sinais de desaceleração, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
Sardenberg disse que, para as famílias, o destaque do mês de agosto deverá ser o crédito rural, impulsionado pelo Plano Safra 2022/2023, cuja liberação de recursos se acelerou no mês, uma vez que houve algum atraso em julho, no início do programa. Já para as empresas, o resultado será influenciado por novas rodadas dos programas públicos de crédito, como o Pronampe e o FGI-Peac, que concedem recursos para micro, pequenas e médias empresas, além de microempreendedores individuais.
A pesquisa mostra que em relação à carteira com recursos livres, o resultado deverá ficar praticamente estável em agosto, com ligeira alta de 0,1% em ambos os segmentos — pessoa física e jurídica. Em 12 meses, o ritmo de expansão da carteira livre deve seguir próximo aos 20%.
CONCESSÕES
As concessões de crédito devem apresentar crescimento mensal de 8,7% em agosto, impulsionadas pelo maior número de dias úteis ante julho. Quando ajustado, o volume de concessões deve mostrar pequena retração, de 0,7%. O volume acumulado em 12 meses, no entanto, deve permanecer praticamente estável, com expansão de 24,6%.
O resultado sinaliza que a injeção de crédito na economia tem se mantido em um patamar expressivo, mesmo com cenário de elevação da taxa Selic e dos sinais de crescimento da
inadimplência.
Em resumo, o desempenho positivo (do volume ajustado) deve ficar concentrado nas operações com recursos direcionados, impulsionados pelos programas públicos de crédito. As operações com recursos livres, por sua vez, devem mostrar ligeira retração. Além de um menor impulso da reabertura das atividades (que já vem se normalizando), o resultado reflete o processo de desinflação da economia, que reduz o tíquete médio das operações, como nas concessões com cartão à vista, além de já capturar os impactos da política monetária mais restritiva, que afeta especialmente as linhas mais sensíveis aos juros, como o financiamento de veículos.