São Paulo – O saldo total da carteira de crédito deve apresentar leve retração de 0,2% em julho, depois de registrar crescimento de 0,6% em junho. A previsão de crescimento anual da carteira deve se acomodar em 8% em julho, ante 8,9% em junho. A desaceleração da carteira total já era esperada pela Febraban, que realiza a pesquisa mensalmente e aponta que o movimento deve seguir puxado pela perda de dinamismo do crédito livre (de 6,3% para 4,8%), mais sensível ao ciclo econômico. Mesmo apresentando ritmo de expansão, a carteira direcionada também registra leve arrefecimento no ano, passando de 13% em junho para 12,7% agora em julho.
O crédito direcionado para Pessoas Jurídicas e para Pessoas Físicas deverá apresentar expansão em julho, de 1,3% e 0,4% respectivamente, segundo a Febraban. No caso das empresas, o crescimento deverá ser impulsionado pelos estímulos via programas públicos e financiamentos com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e no caso das famílias a razão é o início do Plano Safra 2023/24.
Com o resultado esperado para julho, o ritmo de expansão anual da carteira PJ deve seguir perdendo fôlego, recuando de 3,5% para 2,6%. O crédito direcionado às famílias, por sua vez, mesmo com crescimento em julho deve se acomodar em 12 meses, passando da expansão de 12,8% para 11,6%.
No mês, o recuo deve ficar concentrado no crédito livre às empresas (-2,4%), pressionado pela sazonalidade negativa das linhas de fluxo de caixa, além do cenário mais desafiador observado no segmento desde o início do ano. Já a carteira livre deve apresentar um crescimento apenas modesto, de 0,2% no mês, ainda pressionada pelos níveis de inadimplência das famílias.
“Não nos surpreende esse recuo gradual do ritmo de expansão do saldo em 12 meses em razão de diversos fatores, que se devem ao efeito do nível de juros na atividade econômica e à sazonalidade, já que é comum esse freio no crédito no início do trimestre”, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação e Riscos da Febraban. “Por outro lado, no caso das famílias, é possível que tenhamos alguma retomada nos próximos meses, já que temos indicações de que o pico da inadimplência provavelmente ficou para trás, adiciona o diretor.
Concessões
A Pesquisa Especial de Crédito mostra que as concessões de crédito devem retrair 5,1% em julho, apresentando um desempenho bastante heterogêneo entre os recursos.
De um lado, as operações com recursos livres devem recuar 10,6% no mês, pressionadas pela sazonalidade negativa das linhas de fluxo de caixa das empresas e pela acomodação das linhas de consumo das famílias. Mas por outro lado, o volume de operações com recursos direcionados deve mostrar forte expansão, de 46,4% no mês, especialmente pelo lançamento do Plano Safra 2023/24, com impacto notável nas operações de crédito rural.
“A continuidade do processo de deslocamento da demanda de crédito livre e do mercado de capitais para o segmento direcionado (via incentivo de programas públicos e repasses do BNDES) também tende a contribuir com tal quadro de crescimento nas concessões, avalia Sardenberg.
Seguindo a tendência de desaceleração, no acumulado em 12 meses, o volume de concessões deve passar para 7,6% ante os 9% da última projeção. O movimento deve seguir liderado pelas operações com recursos livres, que devem manter a trajetória de acomodação, de 8,5% para 6,8%. Já as operações direcionadas devem ganhar algum fôlego, acelerando de 13,5% para 14,6%, mantendo-se em nível elevado.