São Paulo – O ambiente macroeconômico pode trazer alguns desafios, mas o Santander disse que vai buscar crescer com qualidade e com a abertura de agência no interior do país. “O crescimento da inflação certamente refletirá em erosão no poder de compra dos clientes, mas não nos preocupa. Os últimos seis anos também foram difíceis e o banco já demonstrou que consegue enfrentar e gerar excelentes resultados”, disse o presidente do banco Sergio Rial, em entrevista a jornalistas nesta manhã após a divulgação de resultados de 2021.
O banco também disse que vai investir em abertura de agências no interior do país e que teve alta de 10% na carteira agro no ano passado, para R$ 25,9 bilhões. Em 2021, o banco abriu 79 lojas e fechou 180. “Temos muito espaço para crescer no Brasil e tem muito espaço no interior”, disse Rial.
Em relação à inadimplência, os executivos disseram que não vê demanda por crédito de grandes empresas nos próximos trimestres e deve chegar aos níveis anteriores à pandemia – em dezembro chegou a 2,7%, de 2,4% no trimestre anterior – e espera que as margens não devem piorar.
O processo de sucessão é o principal desafio para o banco nos próximos cinco anos, disse o atual presidente. “O Mário Leão (novo presidente do Santander) passou pelo Goldman Sachs e foi o líder da área de empresas, faz parte do comitê executivo, mas ele é mais jovem, tem 46 anos, e enxerga o mundo de forma diferente e trará sua visão de mundo”, comentou.
O executivo disse que o banco triplicou de tamanho nos último sete anos, com inovação e aquisições, com forte retorno sobre patrimônio líquido e pagamento de dividendos aos acionistas, com o dividend yield aumentando para 8,8% em 2021, de 2,9% em 2020.
Em 2021, o lucro líquido totalizou R$ 16,347 bilhões, uma alta de 7% em relação a 2020. “Alcançamos um lucro líquido de R$ 16,347 milhões no período, que destaca nossa consistente história de crescimento, baseado em um balanço sólido, com níveis de capital e liquidez em patamares confortáveis”, disse o CFO do Santander, Angel Santodomingo, no release de resultados.
Os executivos consideram que o aumento do custo do crédito de 2021 e 2022 foi suportado pelo auxílio do governo. No quarto trimestre de 2021, o custo de crédito do Santander subiu de 2,5% para 2,8% ante o mesmo período de 2020, e no ano, caíram para 2,7%, de 2,8% em 2020.
O segmento pessoa física foi o grande destaque de 2021, com R$ 210,2 bilhões em carteira, alta de 20,6% em base anual, seguido por grandes empresas, com R$ 125,6 bilhões (+2,5%), financiamento ao consumo, com R$ 65,3 bilhões (+8,4%) e pequenas e médias empresas R$ 61,6 bilhões (+12,9%), totalizando R$ 536,5 bilhões e alta de 11,8% na carteira de crédito ampliada, incluindo outras operações.
Em 2021, as despesas gerais do banco subiram 4%, para R$ 21,2 bilhões, das quais R$ 9,6 bilhões em administrativo, R$ 9,1 em pessoal e R$ 2,5 em depreciação e amortização.
Segundo Santodomingo, o Santander tem custo de risco de 2,7%, um nível afetado pela liquidez e programas de auxílio. “Esperamos uma deterioração do indicador, de maneira gradual.”
Já em relação ao retorno sobre o patrimônio, a companhia disse que é possível esperar um crescimento em um dígito, mas elevado.
Ao ser questionado se vendeu sua carteira de crédito no quarto trimestre, a administração da empresa disse que sim, mas que foram transações usuais e comuns. “Adotamos medidas cautelosas, mas nada excepcional.”