A diretora do Banco Central Europeu (BCE), Isabel Schnabel, afirmou ao jornal Financial Times que a instituição está se aproximando de uma pausa nos cortes de juros, já que não há mais certeza de que a política monetária permaneça restritiva e os aumentos nos preços da energia elevam os riscos inflacionários. O BCE já cortou as taxas cinco vezes desde junho do ano passado, e o mercado espera mais três reduções este ano, dada a moderação das pressões sobre os preços. No entanto, membros mais cautelosos do BCE, como Schnabel, têm alertado sobre a necessidade de prudência.
Schnabel destacou que, com a taxa de depósito atualmente em 2,75%, pode não estar mais restringindo a atividade econômica, mesmo que a inflação ainda não tenha retornado à meta de 2%. Ela mencionou que os dados mostram que o grau de restrição diminuiu significativamente, a ponto de não ser mais possível afirmar com confiança que a política monetária permanece restritiva. Além disso, a taxa de juros neutra, que não estimula nem desacelera o crescimento, pode ter aumentado nos últimos anos devido a desafios estruturais, como o alto endividamento e a transição verde.
A diretora também alertou que o recente aumento nos preços do gás natural pode atrasar o retorno da inflação à meta de 2%, inicialmente previsto para o início do segundo semestre. Schnabel afirmou que os riscos para a perspectiva inflacionária estão “ligeiramente inclinados para cima” e não descartou a possibilidade de a inflação demorar mais do que o esperado para atingir o objetivo. O BCE já removeu a referência à manutenção de uma política “restritiva”, o que tem alimentado debates sobre o nível adequado de restrição monetária.