Selic deve ser elevada em 0,25 ponto para 10,75% ao ano; decisão sai na quarta

47

São Paulo, 17 de setembro de 2024 – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne hoje e amanhã para discutir o futuro da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, para os próximos 45 dias. A decisão será anunciado no final da quarta, a partir das 18h30.

 

O órgão deve elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, passando de 10,50% para 10,75% ao ano, segundo projeção quase consensual do mercado. As incertezas giram em torno dos próximos passos a serem adotados pelo BC. Por isso, as atenções estarão todas voltadas para o tom do comunicado e eventuais pistas sobre os movimentos para as demais reuniões do ano.

 

“Prevemos um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa Selic na reunião do Copom dessa quarta-feira. Este ajuste é necessário devido ao desequilíbrio atual no balanço de riscos, que revela um cenário inflacionário em ascensão, agravado por preocupações fiscais e pressão cambial”, projeta Safras & Mercado, em relatório.

 

Segundo a consultoria, uma política monetária mais restritiva é necessária para ancorar as expectativas inflacionárias e fortalecer a credibilidade da autoridade monetária. “Além disso, esperamos pelo menos um aumento adicional da mesma magnitude na taxa básica de juros ainda este ano. No entanto, até o final do ano, uma maior clareza sobre o cenário econômico dos EUA pode reduzir a necessidade de ajustes mais agressivos na taxa de juros local. Diante disso, esperamos uma taxa Selic de 11% ao fim de 2024”, conclui.

 

O Bank of America (BofA) espera que o Banco Central inicie um ciclo de aperto. “Esperamos um aumento de 25 pontos base, seguido por dois aumentos de 50 pontos base ainda este ano e, depois, um aumento final de 25 pontos base em janeiro de 2025”, prevê o banco.

 

Segundo o texto, a aposta é de que a Selic subirá de 10,50% atualmente para um pico de 12% em janeiro de 2025. “Como o Fed e outros bancos centrais devem cortar as taxas de juros, há o risco de menos aumentos para o Brasil. Mantemos a visão de que as taxas de juros no Brasil já estão acima do neutro”.

 

O Goldman Sachs acredita em uma alta de 0,25 ponto percentual. “Esperamos que o Copom valide um ciclo moderado e relativamente curto de aumento das taxas, começando com um aumento de 25 pontos-base na reunião de 18 de setembro. Na nossa avaliação, os aumentos das taxas são justificados dados os sinais de sobreaquecimento da economia, um mercado de trabalho apertado, salários muito elevados e crescimento do rendimento disponível real das famílias. Ressaltamos que em 10,5% a taxa Selic é apenas levemente restritiva.

 

“Esperamos agora que a Selic atinja 11,50% até dezembro e 11,75% até janeiro. Esperamos que os cortes nas taxas comecem na reunião de 25 de junho e que a taxa Selic termine 2025 em 10,25% (vs 9,50% na previsão anterior). O risco para nossa projeção básica para a Selic está equilibrado. Se o real e as expectativas não melhorarem, não descartaríamos um ciclo de alta mais profundo de 150-175 pontos-base”, prosseguiu.

 

Para o Itaú, após semanas de intensa volatilidade e com fundamentos que justificam o início de um ciclo de alta de juros, a elevação deve também ser de 0,25 ponto. “O real seguiu pressionado, próximo das máximas recentes, refletindo os ruídos na comunicação do BCB e as contínuas incertezas sobre os rumos das contas públicas. Além disso, os dados mais recentes de atividade indicam que a economia se encontra mais aquecida do que o BCB esperava na última reunião, e as expectativas de inflação seguem desancoradas”, justifica o banco.

 

O BTG Pactual projeta um aumento de 0,5 ponto percentual. “A comunicação desde a última reunião evoluiu significativamente, assim como o desempenho da economia. No comunicado pós-decisão, o Copom indicou maior cautela, enfatizando um monitoramento mais vigilante e diligente do cenário, disse o banco. Todos os membros concordaram que havia mais riscos ascendentes no balanço de riscos para inflação, e vários enfatizaram a sua assimetria. Além disso, o Copom não se comprometeu com estratégias futuras e por unanimidade reforçou que não hesitaria em aumentar a taxa Selic para garantir a convergência da inflação à meta, se julgar apropriado”, prosseguiu.

 

Diante do quadro atual, a XP Investimentos acredita que o Copom aumentará, por unanimidade, a taxa Selic em 0,25 p.p. “Em relação à comunicação, o mais eficiente seria uma

mensagem aberta, na linha de ‘fazer o que for necessário’. Considerando a incerteza do cenário, nos parece arriscado sinalizar o ritmo de altas futuras ou o tamanho total do ajuste a ser feito”, explica a casa de investimentos, em relatório. A XP projeta a taxa Selic em 12,00% no início de 2025. “Após o primeiro movimento de 0,25 p.p., prevemos dois aumentos de 0,50 p.p. em novembro e dezembro, e uma elevação final de 0,25 p.p. em janeiro”, completa.

 

Dylan Della Pasqua / Safras News

 

Copyright 2024 – Grupo CMA