Selic deve ser elevada em 0,50 ponto para 11,25% ao ano. Copom abre reunião hoje e decisão sai na quarta

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São Paulo, 5 de novembro de 2024 – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne hoje e amanhã para discutir o futuro da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, para os próximos 45 dias. A decisão será anunciado no final da quarta, a partir das 18h30.

 

O órgão deve elevar a Selic em 0,50 ponto percentual, passando de 10,75% para 11,25% ao ano, segundo projeção quase consensual do mercado. As incertezas giram em torno dos próximos passos a serem adotados pelo BC. Por isso, as atenções estarão todas voltadas para o tom do comunicado e eventuais pistas sobre os movimentos para a última reunião do ano.

 

Uma pesquisa realizada com 53 participantes do mercado financeiro entre 29 de outubro e 1 de novembro de 2024 indica que cerca de 94% dos entrevistados esperam um aumento de 50 pontos base na taxa Selic durante a reunião de novembro. Para os encontros subsequentes, aproximadamente 77% e 64% dos participantes preveem novas elevações de 50 pontos base em dezembro e janeiro, respectivamente. O estudo foi feito pelo BTG Pactual.

 

Os agentes de mercado têm expectativa mais dispersa para março de 2025, com a maioria inclinando-se a uma alta de 25 pontos base. A partir de maio, a tendência é de estabilidade na taxa, com mais da metade dos participantes apostando em manutenção nos meses seguintes.

 

A comunicação do Copom é outro ponto de destaque. Quase 49% dos participantes acreditam que a mensagem virá acompanhada da decisão de aumentar a Selic em 50 pontos, mas indicando que esse ritmo é compatível com a meta de inflação. Em contraste, 39% preferem que a comunicação não inclua indicações sobre futuros passos. Quando perguntados sobre o que deveria ser comunicado, 40% defendem uma abordagem sem indicações futuras.

 

Quanto à Selic em 2025, a maioria dos entrevistados (44%) acredita que a taxa estará acima de 12% ao final do ano. Além disso, 86% consideram “muito baixa” ou “baixa” a probabilidade de cortes na Selic antes do segundo semestre de 2025. Em relação às taxas de juros nos Estados Unidos, 59% esperam que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) mantenha os juros entre 3,25% e 3,75% até dezembro de 2025.

 

Safras & Mercado lembra que as expectativas de inflação continuam desancoradas, revelando um risco significativo de deterioração do cenário inflacionário, especialmente em um contexto marcado por um hiato do produto positivo e um mercado de trabalho aquecido. “Esse ambiente é acentuado por políticas fiscais e parafiscais com uma orientação expansionista, que podem exacerbar as pressões inflacionárias. A combinação desses fatores, aliada à pressão sobre o câmbio, nos leva a crer que a autoridade monetária brasileira terá que adotar uma postura mais agressiva na próxima reunião do Copom, intensificando o ritmo de elevação das taxas de juros para 50 pontos-base”, completa a consultoria.

 

O Itaú também acredita em alta de 0,50 ponto na reunião de amanhã. “Comparadas ao apresentado na reunião de setembro, as projeções de inflação do comitê no cenário de referência (que inclui taxa de câmbio seguindo a paridade do poder de compra e taxa de juros de acordo com a pesquisa Focus) devem oscilar para 4,6% para 2024 (ante 4,3% na reunião de setembro), subir para 4,0% para 2025 (ante 3,7%), e avançar para 3,6% (de 3,5%) no horizonte relevante (2T26)”, explicou o banco.

 

“Para as próximas reuniões, em um contexto de volatilidade elevada (em especial, com relação à trajetória esperada para o câmbio em meio à reprecificação dos juros e eleições nos Estados Unidos, e ruídos associados à política fiscal no âmbito doméstico), as autoridades devem manter em aberto o ritmo dos eventuais ajustes futuros e magnitude total do ciclo, enfatizando, no entanto, o firme compromisso do comitê no processo de convergência da inflação à meta”, concluiu o Itaú.

 

Para a XP Investimentos, o fluxo de dados e notícias desde a última reunião do Copom reforça a necessidade de uma política monetária mais restritiva do que o projetado inicialmente para que o IPCA convirja à meta. “O cenário de inflação ainda mais desafiador deve levar o Copom a acelerar o ritmo de alta de juros. Acreditamos que o Comitê votará, unanimemente, por aumento de 0,50 p.p. esta semana”, acrescenta o relatório.

 

Sérgio Goldenstein, Estrategista-Chefe da Warren Investimentos, compartilha com a expectativa de aumento de 0,50 ponto. “A comunicação anterior do Copom havia reiterado o modo data dependent e deixado em aberto os próximos passos. Avaliamos que a piora do balanço de riscos fundamenta a aceleração do ritmo de aperto monetário, em particular a deterioração da percepção do mercado sobre os riscos fiscais, o ambiente externo mais adverso e a consequente depreciação cambial, além da desancoragem adicional das expectativas de inflação’, resume Goldenstein.

 

A área de Estratégia da Warren Rena espera que o ajuste de 50 bps na reunião de novembro seja seguido por mais duas altas nesse ritmo e uma final de 25 bps, equivalente a uma taxa terminal de 12,50%.

 

Dylan Della Pasqua / Safras News

 

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