São Paulo, 3 de maio de 2023 – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) encerra hoje, em Brasília, a terceira reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a Selic. O órgão deve manter o aperto monetário com a Selic em 13,75% ao ano, mesmo com as pressões do governo federal para redução da taxa.
Membros da equipe econômica e o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmam que os juros altos atrapalham as concessões de crédito e os investimentos e que não existe nenhuma justificativa para que a Selic esteja, neste momento, nesse patamar. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem defendendo maior coordenação entre as políticas fiscal (que cuida da arrecadação e dos gastos públicos) e monetária (taxa de juros para segurar a inflação).
Em entrevista à Agência CMA, Bruno Perottoni, gerente de tesouraria do Braza Bank, apostou na manutenção da Selic, defendendo cautela e prudência por parte do Banco Central. “Não podemos esquecer que o mundo está elevando os juros e que o Brasil não é uma ilha”, ressaltou. Para ele, os cortes na Selic só deverão ter início no segundo semestre.
Em relatório, o Itaú também projeta a manutenção do juro básico, a fim de assegurar a convergência da inflação para a meta de política monetária. “Esperamos que o balanço de riscos para a inflação continue sendo descrito como simétrico. Ainda que apresentação da proposta para o novo arcabouço fiscal possa contribuir para limitar incertezas e reduzir o risco fiscal estrutural, a evolução da trajetória da dívida pública ainda deve ser mencionada como risco de alta, junto com a piora das expectativas de inflação para horizontes mais longos, diz o banco.
A dinâmica inflacionaria continua desafiadora e espera-se que a taxa Selic permaneça em 13,75%; no entanto, há possibilidade de um ciclo gradual de afrouxamento monetário no segundo semestre de 2023. A avaliação é da XP. Além da manutenção da Selic, a XP prevê que o comunicado pós-decisão contenha a mesma redação do anterior. “Acreditamos que o Copom iniciará um ciclo de flexibilização gradual no segundo semestre. Projetamos um corte de 0,25pp na reunião do Copom de agosto, seguido de cortes sequenciais de 0,50pp até a Selic atingir 11,00% no primeiro semestre de 2024″, conclui.
Relatório da Guide, indica um balanço de riscos simétrico, em contraste à uma assimetria para baixo que estávamos vendo neste início de ano. “Neste ambiente, o Copom deve sustentar a postura mais conservadora e sustentar a Selic em 13,75% a.a., sinalizando que deve perseverar com esta estratégia pelo menos durante o decorrer deste primeiro semestre. Em suma, sustentamos a nossa visão de que o Banco Central só terá espaço para começar a derrubar a Selic no segundo semestre (3T23), uma vez que esperamos que até lá, além de esperarmos uma maior clareza da situação delicada vivida tanto pela economia local quando a economia mundial, o Copom terá uma maior clareza não só sobre o que foi apresentado até agora do novo marco fiscal, mas o que de fato será aprovado no Congresso”.
Sérgio Goldenstein, Estrategista-chefe da Warren Rena, em documento, disse que espera que a meta Selic seja mantida em 13,75%, em razão da permanência da desancoragem das expectativas de inflação, do desvio em relação à meta da projeção no cenário de referência e da necessidade de consolidação do processo de desinflação.
“O Copom deve continuar com um tom hawkish ao sinalizar que segue vigilante, com a estratégia de manutenção da taxa Selic, de forma a assegurar a convergência da inflação. Algum abrandamento pode ocorrer na descrição do balanço de riscos e na possível supressão da menção referente à possibilidade de voltar a elevar os juros”, acrescentou.
Para Goldenstein, o ciclo de relaxamento monetário deverá se iniciar em agosto, com a Selic chegando a 11,50% no fim de 2023 e a 9,5% no encerramento do ciclo.
Segundo a edição da terça-feira (2) hoje do boletim Focus, pesquisa semanal feita pelo BC com analistas de mercado, a taxa básica deverá ser mantida em 13,75% ao ano pela sexta vez seguida. A expectativa do mercado financeiro, entretanto, é que a Selic encerre o ano em 12,5% ao ano.
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