Redução de 0,50 ponto na Selic deve ser definida hoje; mercado espera que comunicado sinalize próximos cortes

288

São Paulo, 20 de março de 2024 – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) define hoje, no segundo encontro do ano, o futuro da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, para os próximos 45 dias. A decisão será anunciado no final do dia, a partir das 18h30.

O órgão deve reduzir a Selic, atualmente em 11,25% ao ano. A aposta quase consensual dos analistas é de um corte de 0,50 ponto percentual. As atenções do mercado estarão voltadas para o comunicado do Copom e suas sinalizações. A grande dúvida é se os membros do Comitê deverão ratificar ou não um novo corte da mesma magnitude no próximo encontro.

 

O Bank of America (BofA) entende que o Copom deve decidir por unanimidade, de juros em 50 pontos-base para 10,75%, mas que há riscos ascendentes para a inflação de 2024 no modelo adotado pelo BC. Para os especialistas, a atividade econômica é resiliente, mas as condições financeiras apoiam um afrouxamento adicional.

 

Os analistas apostam que o comitê deve manter o plural (“próximas reuniões”), enquanto destaca a resiliência da atividade e preocupações com a inflação para justificar a manutenção do ritmo.

 

“Após as surpresas ascendentes na inflação nos dois primeiros meses do ano, acreditamos que os riscos para a previsão mensal de março do Banco Central devem resultar em mais uma falha”. O BofA, ainda, que a política monetária continua “contracionista e bastante distante dos 4,5% que o Banco Central entende como neutros”, concluem.

 

O Itaú disse que espera um corte de 0,5 ponto percentual (p.p.) na Selic (taxa básica de juros) na reunião do Comitê, com cortes da mesma magnitude nas próximas reuniões. O banco manteve a projeção de Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) a 3,5% para 2024 e 3,2% em 2025.

 

O balanço de riscos para a inflação deve continuar sendo descrito como simétrico, com o comitê destacando que a conjuntura, em particular devido ao cenário internacional, segue incerta e exige cautela na condução da política monetária, conclui o Itaú.

 

O BTG também apostam em 0,5 ponto percentual (p.p.) de corte. A taxa deve encerrar o ano em 9,5%. “Embora a comunicação de janeiro não tenha trazido resultados significativos mudanças na avaliação do cenário do comitê, surgiram alguns detalhes importantes. O Copom discutiu fatores que poderiam mitigar o abrandamento da atividade económica, mencionando que alguns dados de alta frequência apoiariam este argumento. Além disso, reafirmou a importância de continuar a acompanhar de perto o mercado de trabalho. A ata também observou que alguns aspectos da dinâmica recente da inflação exigiu uma investigação mais aprofundada, particularmente no caso da inflação de serviços”, avaliou.

 

O fluxo de dados desde a última reunião do Copom trouxe mais preocupações do que boas notícias para o cenário de inflação. A avaliação é d XP, através de relatório divulgado hoje. “A atividade econômica está mais forte e as primeiras leituras de IPCA neste ano surpreenderam para cima. A nosso ver, a dinâmica de curto prazo segue benigna, mas a inflação de serviços resistente e a alta do petróleo são pontos de atenção”, completa.

 

Segundo cálculos da XP, o Copom manterá a projeção para o IPCA de 2024 em 3,5%. Para 2025, a expectativa deve continuar em 3,2%. Há dúvidas se a autoridade monetária revisará suas estimativas para o hiato do PIB, tendo em vista os dados de atividade acima do esperado recentemente.

 

Na avaliação da empresa, o Copom deverá, pela última vez, manter a orientação futura de que os membros do Comitê antecipam, por unanimidade, novas reduções da mesma magnitude nas próximas reuniões (ou seja, o termo plural). “Na reunião de maio, acreditamos que a frase será alterada ou até mesmo removida”.

 

A XP continua projetando a taxa Selic a 9,00% no 3º trimestre deste ano. “Porém, não descartamos a possibilidade de o Copom optar por uma pausa antes desta projeção”, conclui.

 

Dylan Della Pasqua / Agência CMA

 

 

Copyright 2023 – Grupo CMA