Sem Estados Unidos, Bolsa fecha em alta e se mantém acima dos 126 mil pts puxada por Bradesco; dólar sobe

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São Paulo -A Bolsa fechou em alta, conseguiu defender os 126 mil pontos, amparada pelas ações do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) e dos papéis ligados ao consumo, em um dia sem a referência do mercado norte-americano por conta do feriado de Ação de Graças. Com a ausência dos Estados Unidos, a liquidez ficou reduzida. Os papéis das commodities metálicas tiveram movimento de realização.

Mais cedo, em fato relevante, o Bradesco informou que Marcelo Araújo Noronha assumirá o cargo de presidente do Bradesco em substituição ao atual Octavio de Lazari Junior. Segundo relatório da Genial Investimentos, a troca de presidente se dá após um ciclo de crédito desafiador.

“Nos últimos anos, o ROE do banco registrou uma queda significativa, passando de 20% em 2019 para 12% em 2023 (consenso), enquanto alguns de seus concorrentes conseguiram atravessar o ciclo adverso de crédito praticamente ilesos, mantendo ROE acima de 20%, como é o caso do Itaú e do Banco do Brasil”.

As ações do Bradesco (BBDC3 e BBDC4) subiram, respectivamente 1,86 % e 2,67%. Os papéis das commodities metálicas realizaram. Vale (VALE3) caiu 0,62% e CSNMineração (CMIN3) perdeu 6,67%.

O principal índice da B3 subiu 0,42%, aos 126. 575,75 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em dezembro registrou ganho de 0,42%, aos 127.395 pontos. O giro financeiro foi de R$ 14,8 bilhões.

Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, disse que com o feriado norte-americano, a liquidez da Bolsa reduz bastante e a alta do Bradesco ajuda o índice.

“Mesmo sem os EUA, o Ibovespa conseguiu subir. Dos papéis mais líquidos entre as blue chips, o Bradesco se destaca após o anúncio da troca do CEO. O mercado recebeu bem a notícia. O setor de mineração e siderurgia tem com movimento de realização de lucros. A CSN Mineração é destaque de baixa, em um movimento técnico, depois de subir quase 40% apenas no mês de novembro”.

Petrokas comentou que as ações de Alpargatas (ALPA4) caíram 2,86% por um movimento de realização de lucros. A ação chegou a subir bem do final de outubro, quando estava cotada na faixa de R$ 7,00 até perto dos R$ 10,00, na semana passada. Isso seria uma valorização num movimento quase direcional de quase 40% e agora inicia um processo de recuo”.

Em relação à CVC (CVB3), a ação subiu 6,55% e liderou a alta do Ibovespa devido à subscrição recente agradando o mercado. “Foram exercidos R$ 81 milhões de bônus de subscrição emitidos pela companhia, ou seja, foram exercidos 98% da emissão, o que melhora a estrutura de capital da companhia e o mercado recebe bem essa notícia”.

As ações da Natura (NTCO3) e Assai (ASAI3) também subiram 2,68% e 4,85% na sessão hoje e podem ser beneficiadas pelo movimento da Black Friday, disse o diretor de research e sócio da Quantzed

Lucca Ramos, sócio da One Investimentos, disse que apesar da baixa liquidez sem a referência dos Estados Unidos, a Bolsa sobe “puxada pelas ações do Bradesco, principalmente, com o mercado aprovando a mudança de comando do banco, após o papel ter sofrido com os últimos balanços; esse movimento positivo deve seguir até o final do pregão. As small caps avançam; destaque de para JBS que sofreu nos últimos anos e sobe na sessão de hoje, já acumula alta de 14% no mês; as commodities metálicas estão em um movimento de correção; em relação à Petrobras, após os rumores da troca de presidente da companhia que não aconteceu, os investidores ficam à espera da divulgação do Plano Estratégico 2024-2028”.

O dólar comercial fechou em alta de 0,11%, cotado a R$ 4,9064. A moeda teve poucas oscilações, devido ao feriado de Ação de Graças, nos Estados Unidos, refletindo a cautela dos investidores.

Para o analista da Potenza Investimentos Bruno Komura, “estamos vemos um tom de cautela nos mercados. O dólar reduziu a queda e acreditamos que este movimento é condizente com a baixa liquidez por conta do feriado nos Estados Unidos, juntamente com uma agenda fraca no Brasil”.

Komura acredita que o real está “surfando” na perspectiva de que o Banco Central (BC) possa estender o ciclo de corte dos juros e que os discursos dos diretores do BC não trouxeram novidade e continuam mais otimistas com as perspectivas locais.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecham em queda, devido ao feriado de Ação de Graças, nos Estados Unidos, que causou baixa liquidez nesta quinta.

O DI para janeiro de 2024 tinha taxa de 11,936% de 11,950% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2025 projetava taxa de 10,495% de 10,575%, o DI para janeiro de 2026 ia a 10,222%, de 10,330%, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 10,355% de 10,455% na mesma comparação.

 

Com Paulo Holland e Camila Brunelli / Agência CMA