Setor de serviços cai 6,9% em março, pior resultado desde janeiro de 2011, diz IBGE

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São Paulo – A receita real de serviços, que se refere à evolução do volume da atividade no setor em termos reais, descontada a inflação (deflacionado), caiu 6,9% em março em relação a fevereiro, com o pior resultado desde o início da série histórica iniciada em janeiro de 2011, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Já em relação a março de 2019, o volume de serviços recuou 2,7%, interrompendo uma sequência de seis altas seguidas nesse tipo de confronto. Com isso, o setor de serviços acumula ligeira queda de 0,1% no ano até março, porém, leve alta de 0,7% nos últimos 12 meses.

Em reflexo das medidas de isolamento social em decorrência do novo coronavírus, em base mensal, todas as cinco atividades pesquisadas tiveram retração, com destaque para serviços prestados às famílias (-31,2%) com o recuo mais intenso da série histórica, seguido pelas atividades de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-9,0%).

“Essa queda é motivada, em grande parte, pelas paralisações que aconteceram nos estabelecimentos, sobretudo nos restaurantes e hotéis, que fazem parte dos serviços prestados às famílias. Outras empresas também sentiram bastante depois do fechamento parcial ou total, como os segmentos de transporte aéreo e algumas empresas de transporte rodoviário coletivo de passageiros”, explica o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.

Já o setor de serviços profissionais, administrativos e complementares caíram 3,6% – no qual acumula perdas de 7,6% nos últimos seis meses – seguido por informação e comunicação (-1,1%) e outros serviços (-1,6%).

Na comparação anual, apenas duas das cinco atividades pesquisadas registraram queda, sendo serviços prestados às famílias (-33,4%) fortemente impactado pela paralisação em estabelecimentos como restaurantes e hotéis, seguido por serviços profissionais, administrativos e complementares (-3,4%).

Em contrapartida, outros serviços tiveram avanço de 13,7% na mesma base de comparação, impulsionando pela maior receitas das empresas de corretoras de títulos, administração de bolsas e mercados; e corretores e agentes de seguros, de previdência complementar e de saúde. As atividades de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio e informação e comunicação tiveram ligeira alta de 0,3% e de 0,1%, respectivamente.

Entre as unidades de federação, 24 das 27 registraram retração no volume de serviços em março ante fevereiro, com destaque para as quedas de 9,2% no Rio de Janeiro e de 6,2% em São Paulo, enquanto o Rio Grande do Sul caiu -11,0%, Distrito Federal (-10,9%) e Paraná (-5,4%).

Em contrapartida, os únicos impactos regionais positivos vieram do Amazonas (1,9%), de Rondônia (3,1%) e do Maranhão (1,1%). Na comparação anual, as principais influências negativas ficaram com São Paulo (-1,3%), Bahia (-12,0%) e Rio Grande do Sul (-7,2%). Entre as altas, o destaque ficou com Amazonas (3,3%), Maranhão (4,3%) e Rondônia (8,0%).

Quanto às atividades turísticas, o recuo foi o mais intenso da série histórica (-30,0%) em base mensal. “As medidas preventivas contra a pandemia atingiram de forma mais intensa e imediata boa parte das empresas que compõem os setores correlatos ao turismo, principalmente restaurantes, hotéis e transporte aéreo de passageiros”, reforça o IBGE.

Das 12 unidades da federação onde as atividades turísticas são avaliadas, as quedas mais intensas foram observadas no Rio de Janeiro (-36,6%), Minas Gerais (-30,8%) e em São Paulo (-28,8%). Na comparação com março de 2019, o volume de atividades turísticas no Brasil caiu 28,2%, interrompendo seis taxas positivas seguidas. As quedas mais intensas também foram no Rio de Janeiro (-30,5%), Minas Gerais (-28,3%) e em São Paulo (-28,2%).