São Paulo – Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira após cerimônia de abertura da terceira reunião do “Grupo de Trabalho (GT) de Transições Energéticas” do G20, que é coordenado pelo MME, o ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, disse que está otimista com a nova gestão da Petrobras sob o comando de Magda Chambriard.
“Muitos fatores me levam a estar otimista com a nova gestão da Petrobras, por que a Magda Chambriard conhece a agenda do nosso governo”, comentou Silveira, ressaltando a expectativa em relação ao “papel social” da companhia.
Em relação a conflitos com o ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, Silveira disse que “nunca interferiu na governança da Petrobras” e questionou a lucratividade da empresa. “O projeto de fertilizantes não precisa dar 100% de lucro. A Petrobras precisa dar 100% de lucro? A companhia tinha ativos sendo vendidos e distribuídos como lucro”, comentou.
“A Magda assumiu a Petrobras na última sexta-feira e eu tenho confiança de que ela vai se ater a uma gestão altamente profissional, muito proba, muito correta, mas que vai se ater ao seu papel social.”
Biocombustíveis estão para o Brasil como o petróleo está para a Arábia Saudita
Alexandre Silveira disse que os biocombustíveis estão para o Brasil como o petróleo está para a Arábia Saudita.
O ministro acredita que vai acontecer com os combustíveis fósseis o mesmo que aconteceu com a indústria do cigarro, que, na sua avaliação, “perdeu o valor cultural”, mas que isso levará tempo.
Ele também ressaltou que “defende temas polêmicos”, como a exploração de gás e petróleo na bacia do rio São Francisco (MG), na Margem Equatorial e a energia nuclear.
“A Petrobras é monopolista e a rota 1 e 3 é da Petrobras. Queremos avançar no gás offshore. Por que os EUA podem explorar, a Argentina pode e nós não podemos nem conversar sobre a exploração do gás na Bacia do São Francisco?”
No final de 2023, a Petrobras desistiu dos quatro blocos restantes que detinha para identificação e produção de gás natural na parte mineira da Bacia do Rio São Francisco. Com isso, a estatal abandonou o processo para se dedicar à exploração do petróleo no pré-sal.
Sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial, o ministro disse que o pedido da Petrobras ao Ibama “está na fase de pesquisas” e que o Brasil está ficando para trás em relação a países que exploram petróleo na região. “Os outros países estão explorando e o Brasil está ficando para trás. Os países ricos querem que continuemos a ser colônias. Tenho respeito pela ministra [do Meio Ambiente] Marina Silva, mas não podemos ficar em dogmas e não respeitar o bom debate. Não podemos ficar em ‘acho que não respeita o meio ambiente’. O petróleo continua sendo uma fonte importante de combustível. Ninguém consegue precisar por quanto tempo vamos precisar dessa fonte. Por isso estamos investindo em biocombustíveis.”
Silveira avalia que a ministra Marina Silva não tem uma contrariedade “de mérito” sobre a liberação da exploração da Margem Equatorial para a pesquisa de petróleo, mas defendeu uma solução estrutural para o licenciamento ambiental no país para que ele “não atrapalhe o desenvolvimento do país”. “Eu sei que o Ibama está em greve, mas temos que encontrar uma solução estrutural para a questão do licenciamento ambiental. Temos que dialogar como destravar o setor ambiental, respeitando a legislação. Mas o limite é a legislação. Não pode ser mais que isso.”
“Eu sou fã do setor produtivo, sempre fui empreendedor desde cedo, sou contra lucro através de juros, a favor do investimento e de que o dinheiro vá cada vez mais para o setor produtivo. Isso muda tudo.”
Silveira também criticou gestões da Petrobras em governos anteriores ao do presidente Lula. “A Petrobras chegou ao absurdo, no governo anterior, de paralisar os investimentos em fertilizantes, na Rota 3 do gás… Eu respeito o ex ministro Paulo Guedes, mas ele queria vender a Petrobras.”
Em relação ao foco do governo em acelerar os investimentos na Petrobras e que o governo tem muita simpatia pela nova indústria e pelo diesel verde, mas que o assunto precisa de muita discussão. “A Petrobras pode muito mais, somos controladores da empresa. Houve muita covardia no passado. O governo é controlador, seis conselheiros são indicados pelo governo. O governo quer que ela continue sendo atrativa para o investidor, que ela seja perene, mas ela também tem um papel social.”
Em relação a um protesto que ocorreu hoje em frente ao Minascentro, em Belo Horizonte (MG) local onde acontecem as reuniões preparatórias do G-20 do setor de energia, no qual trabalhadores de empresas do setor de energia solar criticaram o Governo Federal e a Cemig alegando falta de interesse do poder público em alavancar projetos na área, o ministro disse que, por um lado, “é justa por que o Brasil tem que respeitar contratos”.
“As empresas ou pessoas físicas que tiveram subsídio para explorar a energia solar, elas têm direito de fazer uma ligação numa usina mais próxima. E a Cemig não tem liberado esse acesso.”
O ministro comparou o que acontece em MG com o atraso na entrega das linhas de transmissão em 2023. “O presidente Lula teve que estender o prazo para fazer as conexões por que o governo atrasou as linhas de transmissão. Havia empresas que tinham feito contratos e não tinham como levar a energia”, disse o ministro. “A maior parte das grandes hidrelétricas estão no Norte. Quando chegam as energias intermitentes, solar e eólica, o sistema não estava preparado e gerou um curto-circuito. Com a transmissão que contratamos, isso não vai mais acontecer. Por isso, seria bom levarmos as indústrias para o Nordeste. R$ 165 bi vão começar no Nordeste. Só no hub de Pecém será feito R$ 30 bi em produção de hidrogênio verde. A energia será um ponto de inflexão no país.”
Silveira disse que o fato de ser mineiro teve um peso na escolha de Minas Gerais para a realização do encontro, além da presença de empresas e da matriz limpa e renovável do estado. “Minas Gerais representa o Brasil e tem potencial para produzir em energia solar fotovoltaica o mesmo que uma Itaipu. O etanol também é muito forte no Triângulo Mineiro. Podermos mostrar o que é feito em termos de política pública, é muito importante”, disse o ministro.
O chefe do MME disse que o financiamento será um tema chave a ser tratado na Conferência das Partes (COP).
Os membros do GT irão debater sobre a dimensão social da transição energética. O evento na capital mineira será realizado entre os dias 27 e 29 de maio e contará com representantes das maiores economias mundiais, além de países convidados.
Em fevereiro e abril deste ano, as duas primeiras reuniões do “GT Transições Energéticas” discutiram ações globais para a solução dos desafios relacionados ao tema.
Magda Chambriard realiza coletiva de imprensa nesta segunda
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, concederá entrevista coletiva presencial nesta segunda-feira (27), às 18h, no Auditório 1 do Edifício Senado (Edisen), localizado na Avenida Henrique Valadares, 28, no centro do Rio de Janeiro (RJ).
Na última sexta-feira (24), o Conselho de Administração nomeou Magda Chambriard como Conselheira de Administração e a elegeu como nova presidente da companhia.
Magda Chambriard é mestre em Engenharia Química pela COPPE/UFRJ (1989) e Engenheira Civil pela UFRJ (1979), com especialização em Engenharia de Reservatórios e Avaliação de Formações e especialização em Produção de Petróleo e Gás, na hoje denominada Universidade Petrobras. Fez diversos cursos, além dos relativos à produção de óleo e gás, dentre os quais Desenvolvimento de Gestão em Engenharia de Produção, Negociação de Contratos de Exploração e Produção, Qualificação em Negociação na Indústria do Petróleo, Gerenciamento de Riscos, Contabilidade, Gestão, Liderança, Desenvolvimento para Conselho de Administração.
Iniciou sua carreira na Petrobras, em 1980, atuando sempre na área de Produção, onde acumulou conhecimentos sobre todas as áreas em produção no Brasil. Foi cedida à ANP para assumir a assessoria da diretoria de Exploração e Produção em 2002, quando atuava como consultora de negócios de E&P, na área de Novos Negócios de E&P da Petrobras. Na ANP, logo após assumir a assessoria, assumiu também as superintendências de Exploração e a de Definição de Blocos, com vistas a rodadas de licitação. Foi responsável pela implantação do Plano Plurianual de Geologia e Geofísica da ANP, que resultou na coleta de dados essenciais para o sucesso das licitações em bacias sedimentares de novas fronteiras.
Assumiu a Diretoria da ANP em 2008 e a Diretoria Geral em 2012, tendo liderado a criação da Superintendência de Segurança e Meio Ambiente, Superintendência de Tecnologia da Informação, os trabalhos relativos aos estudos e elaboração dos contratos e editais, os estudos técnicos que culminaram na primeira licitação do pré-sal, além das licitações tradicionais sob regime de concessão. Foi responsável pelas áreas de Auditoria, Corregedoria, Procuradoria, Promoção de Licitações, Abastecimento, Fiscalização da Distribuição e Revenda de Combustíveis, Recursos Humanos, Administrativa-Financeira, Relações Governamentais além das relativas ao segmento de Exploração e Produção.
Com Emerson Lopes / Safras News
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