Sistema financeiro precisa ser resiliente para resistir às crises e mudanças rápidas, diz Lagarde

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“O ambiente instável apresenta riscos consideráveis para a estabilidade financeira na Europa”, disse a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, na abertura da sexta conferência do European Systemic Risk Board (ESRB).

Para Lagarde, existem duas facetas da resiliência que são vitais, “a capacidade de resistir a um choque imediato e a de se adaptar de forma eficaz a novas condições”. Ao identificar e abordar vulnerabilidades com antecedência, pode-se aumentar a resiliência do sistema financeiro, permitindo que ele resista aos choques, em vez de amplificá-los.

Dessa forma, segundo a presidente do BCE, continua sendo importante que os bancos façam provisões adequadas e empreendam um planejamento de capital prudente. “Eles devem estar atentos ao risco de crédito e permanecer alertas para possíveis falhas em seus modelos internos à medida que o ambiente de risco evolui”.

Em particular, os bancos têm um papel fundamental na resiliência do sistema financeiro, porque eles precisam ter uma visão mais a médio e longo prazo, de forma a visualizar os riscos de liquidez e se preparar para enfrentá-los.

Sobre a capacidade de se adaptar melhor ás novas condições, Lagarde acredita que os bancos devem se adequar a uma série de desafios tecnológicos, estruturais e ambientais, juntamente com a estrutura regulatória. Um deles é a adoção das criptomoedas.

“Criptoativos são excepcionalmente voláteis e representam riscos consideráveis para os consumidores. Após atingir o pico em novembro de 2021, o preço do Bitcoin caiu quase 75% no espaço de um ano. Embora o impacto de tais episódios tenha sido contido até agora, o risco sistêmico pode surgir facilmente devido ao aumento das interligações entre o ecossistema criptográfico e o sistema financeiro tradicional”.

Mas é possível conciliar a estabilidade financeira com mercados mais voláteis, como o dos criptoativos. “A regulamentação financeira setorial precisa abordar o risco de interligações por meio de exposições de instituições financeiras a criptoativos. O monitoramento precisa ser complementado por clareza na regulamentação das atividades de empréstimo e ‘aposta’. O desenvolvimento do mercado em finanças descentralizadas deve ser levado em consideração”.

Ela conclui dizendo que as crises vêm de riscos que não foram observados, e que cresceram com o tempo. “É por isso que a política macroprudencial deve estar atenta ao surgimento de novos desafios à medida que eles aparecem. Portanto, precisamos encorajar a resiliência onde quer que ela esteja faltando e nos adaptarmos à mudança sempre que necessário”.