São Paulo, 24 de fevereiro de 2025 – A CEO da Petrobras, Magda Chambriard, em discurso na cerimônia de assinatura de contrato para a compra de quatro navios da classe Handy e retomada da indústria naval em Rio Grande (RS), destacou os investimentos previstos no Plano Estratégico quinquenal da companhia, que totaliza R$ 111 bilhões, dos quais R$ 23 bi serão para plataformas, com apoio do Fundo de Marinha Mercante, via BNDES.
“O que estamos anunciando aqui é um programa grandioso de renovação de frotas e isso vai acontecer aqui no Rio Grande do Sul”, disse a presidente da Petrobras. “Pretendemos chegar a 60% de conteúdo nacional nessas embarcações a serem construídas aqui no Sul. Os cascos serão construídos em Rio Grande e finalizados no Rio de Janeiro pelo consórcio Ecovix-Mclaren”, explicou.
A executiva iniciou seu discurso destacando que a Petrobras é “uma empresa estatal alinhada com as políticas públicas e com as necessidades da população brasileira” e, por isso, está investindo em esforços e contribuições para o estado do RS, mencionando o apoio da companhia à região após as últimas enchentes.
Magda Chambriard destacou que os estudos da Petrobras indicam similaridade entre a bacia de Pelotas (RS) e a da Namíbia.
A CEO da Petrobras também citou que a companhia investirá R$ 40 bi em fertilizantes nos próximos 5 anos em todo o país, incluindo o RS.
“Investiremos R$ 8,5 bi e vamos gerar empregos no RS. Vamos investir R$ 3 bi na Refap nos próximo quinquênio”, disse.
Magda disse que a Petrobras está ‘pisando no acelerador’. “Estamos colocando no mercado 35% mais dinheiro do que antes. Não existe Petrobras forte sem indústria forte. E não existe Petrobras sem fornecedores fortes e sem entregas tempestivas”, discursou a executiva.
Petrobras assina contrato de ampliação da frota em Rio Grande (RS)
Em evento com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta segunda-feira (24), a Transpetro, subsidiária integral da Petrobras, e o consórcio formado pelos estaleiros Rio Grande (Ecovix) e MacLaren assinaram contrato para a aquisição de quatro navios da classe Handy. As embarcações, com valor de US$ 69,5 milhões cada uma, serão utilizados para transporte de derivados de petróleo na costa brasileira. A cerimônia será realizada no Estaleiro Rio Grande, no Rio Grande do Sul, e contará também com a presença do vice-presidente, Geraldo Alckmin; do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira; e de outras autoridades.
Trata-se do primeiro contrato a ser assinado pela Transpetro no âmbito do Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras. Dentro da mesma iniciativa, a companhia lançou na semana passada, em evento com o presidente Lula, a licitação para aquisição de oito navios gaseiros. A Petrobras está investindo R$ 23 bilhões para contratar 44 embarcações para apoiar as suas operações. Todas já estão contratadas ou estão em licitação.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, destacou a importância de ampliar a frota própria de navios: Para nós, é fundamental ampliar a frota própria de navios e reduzir nossos custos com afretamentos, porque nossa produção e nossa capacidade de refino vão aumentar nos próximos anos. No âmbito do programa de renovação e ampliação da frota, estamos contratando 44 embarcações, que serão fundamentais para apoiar nossas operações. Todas já estão contratadas ou estão em processo de licitação. São investimentos de R$ 23 bilhões, um forte incentivo para o desenvolvimento da indústria naval nacional, explica a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
O presidente da Transpetro, Sérgio Bacci, ressaltou que essa é apenas a primeira contratação prevista pela companhia. “A aquisição dos navios da classe Handy é apenas o começo da renovação e ampliação da nossa frota. Na semana passada, em Angra dos Reis, lançamos a licitação de mais oito gaseiros. E pretendemos lançar futuramente licitações para contratar pelo menos mais 13 embarcações até 2026, ampliando a capacidade logística da Transpetro em até 25%”, afirma Bacci.
CONTRATAÇÃO – O consórcio entre os estaleiros Rio Grande e Mac Laren apresentou um preço final de US$69,5 milhões por embarcação e venceu a licitação, lançada em julho de 2024, após o cumprimento de todas as etapas do edital. Os novos navios irão ampliar a capacidade de atendimento da Transpetro à Petrobras, permitindo a redução da sua exposição ao afretamento desse tipo de unidade, que tem baixa liquidez no mercado.
MENOS EMISSÕES – Os Handy vão contemplar soluções que garantem maior eficiência energética e menor emissão de gases que provocam o efeito estufa. Além disso, as embarcações poderão ser abastecidas com bunker ou biocombustíveis. Como resultado, estima-se reduzir em 30% as emissões em relação aos atuais navios da frota, atendendo às determinações da Organização Marítima Internacional (IMO).
Os navios serão aptos a transportar produtos claros derivados de petróleo, como Diesel Marítimo, Diesel S10, Diesel S500 e gasolina de aviação (GAV).
CONCORRÊNCIA – A segunda licitação pública internacional da Transpetro dentro do Programa de Renovação e Ampliação da Frota do Sistema Petrobras foi anunciada no último dia 17, no Terminal da Baía de Ilha Grande (Tebig), operado pela empresa em Angra dos Reis (RJ). A concorrência prevê a aquisição de oito navios gaseiros com capacidades de 7 mil, 10 mil e 14 mil metros cúbicos em dois lotes.
Com essa contratação, a Transpetro triplicará a capacidade para transportar gás liquefeito de petróleo (GLP) e derivados e passará a carregar amônia. A ampliação da frota de gaseiros, de seis para 14 navios, considera o aumento de produção de gás natural no país e visa atender à demanda da Petrobras na costa brasileira e na navegação fluvial, como já ocorre na Região Norte do país e na Lagoa dos Patos, no Rio Grande do Sul.
As empresas interessadas têm o prazo de 90 dias para apresentar suas propostas. De acordo com o cronograma, o primeiro navio deve ser lançado em até 30 meses após a formalização do contrato.
Retomada da construção naval em Rio Grande (RS)
“Há dez anos atrás, inauguramos uma hidrelétrica aqui”, disse o empresário José Antunes, do consórcio McLaren-Ecovix, olhando para o presidente Lula, ao discursar no evento. “Símbolo de inovação e desenvolvimento para o Brasil, o polo naval de Rio Grande vive um marco nesta segunda-feira. Após quase uma década, o local volta a construir embarcações, a partir da assinatura do contrato entre o consórcio Ecovix/Mac Laren e a Transpetro. O projeto simboliza a reativação de uma cadeia produtiva capaz de transformar a economia local e o próprio setor naval brasileiro”, escreveu o empresário, em artigo publicado no último sábado (22), no Zero Hora.
“Aqui em Rio Grande temos mão-de-obra que treinamos lá atrás. Para quem não sabe, a proteção da indústria naval sempre ocorreu lá fora. Os EUA é o número 1 nisso. Essa política tem que ser feita como proteção de mercado própria, independente se o governo é liberal ou não”, defendeu o sócio da Ecovix, em seu discurso, ressaltando também a geração de mais de mil empregos diretos para a construção dos quatro navios.
“O nosso povo sofreu muito quando nos tiraram o polo naval. Hoje é um dia importante, estes quatro cascos são muito do que têm por vir”, discursou a prefeita de Rio Grande (RS), Darlene Pereira (PT).
A prefeita também disse que “a região está pronta para receber investimentos em energia eólica offshore”.
A licitação para a construção de quatro navios que marca a retomada do setor de construção naval na região sul do estado é uma iniciativa que faz parte de uma estratégia nacional defendida pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM) e pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) para fortalecer a produção de navios em estaleiros brasileiros. O presidente da CNM, Loricardo de Oliveira, destacou a importância do investimento, que também beneficiará outros polos navais em estados como Santa Catarina, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Amazonas e Pernambuco.
Segundo a CUT-RS, a construção dos quatro navios pela Ecovix representa um marco na reativação do polo naval de Rio Grande, que nos últimos anos enfrentou um período de estagnação. “Essa produção tem uma importância muito grande para o desenvolvimento da região sul do Rio Grande do Sul, especialmente para as cidades de Rio Grande e São José do Norte, onde os estaleiros precisam ser retomados. Essa foi uma promessa e agora estamos vendo sua concretização”, afirmou Loricardo.
Com um investimento de aproximadamente R$ 1,7 bilhão, a expectativa inicial é da geração de cerca de mil empregos diretos. “Precisamos que essa atividade seja uma estratégia de Estado, e não apenas de um governo”, frisou Loricardo.