Tecnologia e novas regras encurtam distância entre investidor e mercado de capitais

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São Paulo – O evento promovido pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) e a B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), na manhã de hoje discutiu a importância do mercado de capitais no desenvolvimento do Brasil e como empresas e pequenos e médios investidores estão se beneficiando de um mercado cada vez mais dinâmico.

Para Carlos André, presidente da Anbima, apesar do atual cenário econômico que canaliza as operações e o levantamento de recursos para instrumentos de renda fixa, o mercado continua bastante pujante. “Muitas empresas estão recorrendo à emissão de títulos de renda fixa para levantar recursos em diversos formatos e prazos. Percebemos o desenvolvimento da liquidez do mercado secundário de renda fixa cada vez mais funcional”, explicou André.

Já Gilson Finkelsztain, CEO da B3, destacou o aumento do volume transacionado, o crescimento no número de empresas e de investidores que chegaram à Bolsa nos últimos anos, a variedade de produtos lançados e o avanço da tecnologia que deixou o acesso ao mercado de capitais mais barato e simples para o investidor.

“Hoje temos investidores mais consciente, procurando outras alternativas de investimentos. A tecnologia traz a informação econômica para perto do investidor, e isso abre um leque de possibilidades que antes ficava restrita a grupos específicos, tornando o mercado de capitais mais acessível”, comentou o CEO da B3.

Para o presidente da CVM, João Pedro Nascimento, as mudanças regulatórias para as ofertas públicas de distribuição de valores mobiliários no Brasil, que entram em vigor em janeiro do ano que vem, terão um impacto positivo no mercado de capitais.

As novas regras da CVM trazem alterações nos aspectos de: Pilot fishing, safe harbor para ofertas públicas no exterior, período de silêncio, lâmina e prospecto, matriz de registro ofertas públicas, registro automático, rito ordinário, lote adicional e suplementar, pedidos de dispensa de requisito, divulgação do material de roadshow e SPACs.

“As novas regras têm o objetivo de deixar o mercado de capitais mais acessível a todos, com regras mais simples e transparentes. As lâminas de investimentos, por exemplo, trarão comparação de ofertas públicas e informações necessárias para análise do público-alvo”, ponderou Nascimento.

Para Marcelo Carvalho, diretor financeiro da Eneva, as novas normas trazem mais eficiência e permite uma clareza maior, acesso a novos emissores e maior segurança e previsibilidade em um cronograma de execução de uma oferta pública.

“O emissor terá mais acesso a investidores, melhorando assim a precificação. O regramento ampliará a quantidade de investidores e aumentará a competitividade”, salientou Carvalho.

Fernando Miranda, do Nubank, acredita que o momento é de uma revolução no mercado, com o aumento expressivo no número de investidores no mercado de capital, mas ainda muito aquém das possibilidades.

“É fundamental que o brasileiro tenha organização financeira. Esse é um dos maiores desafios da sociedade brasileira e que as instituições financeiras também precisam estar empenhadas para disseminar informações de uma maneira simples, que chegue realmente ao consumidor”, destacou Miranda.

Ele salientou ainda que os agentes de mercado precisam oferecer uma curadoria bem feita para ajudar o investidor a conquistar seus objetivos por meio de produtos financeiros com características específicas, encurtando o tempo que o investidor terá para alcançar seus objetivos.

Para Luciane Effting, do Santander, em momentos de mais volatilidade, como o atual, o investidor tem mais oportunidade. “O aumento da taxa de juros deixa os produtos de renda fixa mais interessantes, ou seja, com possibilidade de mais retorno, menos risco e mais liquidez.”

Luciane também destacou que o investidor hoje é muito mais bem informado, que sabe tomar o risco, entende melhor a volatilidade e é mais resiliente diante dos riscos que todo investimento traz.

Por fim, Luiz Henrique Carvalho, da Anbima, destacou a tendência de diversificação nos portfólios dos investidores e da possibilidade de investir parte dos recursos fora do Brasil. Carvalho lembrou que as mudanças regulatórias facilitaram muito este tipo de investimento, que oferece a possibilidade de investir em outras moedas.