Leilão do 5G movimenta R$ 47,2 bilhões, abaixo do esperado

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São Paulo – A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) arrecadou R$ 47,2 bilhões no leilão do 5G, maior oferta de espectro da história da agência, que selecionou operadoras de serviços de conectividade utilizando a quinta geração da telefonia móvel, concluído nesta sexta-feira.

O valor ficou abaixo dos R$ 50 bilhões previsto inicialmente pelo governo, pois nem todos os lotes foram arrematados, segundo a Anatel, após o encerramento da análise das propostas. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, destacou que a licitação teve ágio de R$ 4,79 bilhões e informou que os lotes ainda não arrecadados poderão ser novamente colocados à venda. Segundo ele, em breve a Anatel poderá realizar outro leilão e “vai ultrapassar em muito os R$ 50 bilhões que estavam previstos porque ainda deve ter entre R$ 7 bilhões e R$ 8 bilhões que serão comercializados”.

Segundo a Anatel, é comum em leilões que alguns lotes não sejam contratados. Nesse leilão, mais de 85% de tudo que foi colocado a venda foi comercializado e todas as obrigações de cobertura foram assumidas. Os lotes que sobraram poderão ser reeditados em um novo leilão.

No segundo dia do leilão, nesta sexta-feira, a Telefônica Brasil, dona da Vivo, arrematou os lotes G3, G4 e G5 da frequência de 26 Gigahertz (GHz), todos com 200 Megahertz (MHz) de capacidade, abrangência nacional e duração de 20 anos, pelo preço de oferta de R$ 52,8 milhões, por bloco.

Com isso, a companhia totaliza a compra de 600 MHz de espectro com abrangência nacional na frequência de 26 GHz, pelo valor total de R$ 158,5 milhões, disse, em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

“A frequência de 26 GHz permitirá que a companhia incremente a capacidade de sua rede em áreas urbanas mais densas, e será utilizada, em conjunção às frequências de 3.500 MHz e 2.300 MHz, adquiridas ontem, no primeiro dia do leilão, para oferecer capacidade espectral para implantação da tecnologia de quinta geração (5G) em todo o território nacional”, detalhou a companhia.

CLARO, VIVO E TIM MOVIMENTAM R$ 1 BI

No primeiro dia de leilão, ontem (4), as operadoras Claro, Vivo e TIM, arremataram o lote principal do leilão, de abrangência nacional, pelo valor de R$ 1,1 bilhão. Além delas, no âmbito regional, empresas atuantes como Sercomtel e Algar Telecom também levaram lotes e seis novas operadoras entrarão em operação no mercado – Winity II, Brisanet, Consórcio 5G Sul, Neko, Fly Link, Cloud2u.

O leilão consistiu em uma concorrência em quatro faixas de radiofrequências – 700 MHz; 2,3 GHz; 3,5 GHz; e 26 GHz, que têm finalidades específicas de mercado, divididas em diversos lotes. Ao todo, 15 grupos se inscreveram para participar da concorrência, com maioria dos licitantes dando lances para o espectro 5G de 3,5 gigahertz (Ghz).

“Não esperamos uma competição feroz pelo blocos na faixa de 3,5 GHz por um motivo simples: há quatro blocos nacionais, mas apenas três das grandes teles do Brasil irão licitar (Vivo, TIM e Claro), já que a Oi não compareceu por completo – as chances são relativamente altas de que um dos blocos nacionais não receba nenhuma oferta”, disseram seus analistas Carlos Sequeira e Osni Carfi, do BTG Pactual, em relatório divulgado na véspera do leilão.

NOVOS PLAYERS

As empresas Brisanet e Unifique, que disputaram os blocos regionais de frequência em suas áreas de atuação e marcaram entrada na área da telefonia móvel.

A Brisanet levou três com as frequências: 80 MHz – 3,5GHz no Nordeste, por R$ 1,250 bilhão, com ágio de 13,74% em relação ao valor inicial; 80MHz- 3,5GHz no centro Centro Oeste por R$ 105 milhões e ágio de 4.054% e por último 50MHz- 2,3GHz, também no Nordeste, por R$ 111,4 milhões e sem ágio em relação ao valor mínimo.

Já a Unifique, em conjunto com a Copel Telecom, através do Consórcio 5G Sul, arrematou lote de 3,5 GHz para a região Sul por R$ 73,6 milhões, com ágio de 1,455% em relação ao valor inicial.

Para a Ativa Investimentos, a aquisição das faixas gerará às operadoras contrapartidas de capex, que devem chegar no valor de R$ 45 bilhões. “De maneira geral, vemos o resultado como positivo, principalmente pelo modelo do leilão, que barateia o custo de aquisição das licenças e foca nos investimentos em infraestrutura, o que resultou em grandes ágios”, disse a corretora.

INVESTIMENTOS PREVISTOS

Do valor total arrecadado, R$ 7,4 bilhões (incluído o ágio de R$ 5 bilhões) serão em outorgas para o governo e o restante será utilizado pelas empresas vencedoras em compromissos definidos em edital. O objetivo dessas contrapartidas é garantir investimentos no setor para sanar as deficiências de infraestrutura, modernizar as tecnologias de redes e massificar o acesso a serviços de telecomunicações do país.

“Nosso país tem uma escassez muito grande de internet, tem um deserto digital enorme, e pela primeira vez teremos a garantia e a certeza que todos os valores arrecadados nesse leilão iremos converter em benfeitorias para a população”, disse o ministro das Comunicações, Fábio Faria, durante coletiva à imprensa para apresentar os resultados do leilão.

Entre esses compromissos estão as obrigações de investimentos com tecnologia 4G ou superior em áreas sem cobertura, como pequenas localidades e rodovias federais. Para os municípios com mais de 30 mil habitantes, está previsto o atendimento já com tecnologia 5G. Nas capitais e no Distrito Federal, o 5G deverá começar a ser oferecido pelas vencedoras do leilão antes de 31 de julho de 2022 e haverá um cronograma de implantação para as demais cidades até 2029.

Além disso, o edital também contempla recursos para a implementação de redes de transporte em fibra ótica na Região Norte e a construção da Rede Privativa de Comunicação da Administração Pública Federal, para sustentação dos serviços de governo.

Já os recursos das autorizações da faixa de 26 GHz, cerca de R$ 3,1 bilhões arrecadados, serão destinados a projetos de conectividade de escolas públicas, ainda a serem definidos pelo Ministério da Educação. Esse valor, segundo a Anatel, é significativo e suficiente para garantir cobertura 5G para as escolas de educação básica do país.

NOVAS TECNOLOGIAS

O 5G é uma nova tecnologia que amplia a velocidade da conexão móvel e reduz a latência, permitindo novos serviços com conexão com segurança e estabilidade que abrem espaço para o uso de novos serviços em diversas áreas, como indústria, saúde, agricultura e na produção e difusão de conteúdos. Diferente das mudanças nas gerações passadas, do 2G, 3G e 4G, não se trata apenas de aumento de velocidade de conexão, mas também na especificação de serviços que permitam o atendimento a diferentes aplicações, em especial àquelas relacionadas à chamada Internet das Coisas (IoT), que é o uso coordenado e inteligente de aparelhos para controlar diversas atividades.

Ao conectar objetos do cotidiano – como eletrodomésticos, smartphones, roupas e automóveis – à internet (e entre si), a tecnologia 5G permitirá até mesmo a realização de procedimentos médicos delicados a distância, além de sistemas de direção automática de carros e as mais diversas tecnologias de automação e inteligência artificial, inclusive para a agricultura, a indústria e as cidades.

Com informações da Agência Brasil.

*O texto foi atualizado às 20h29 com novas informações enviadas pela Anatel.