Temos que mostrar que a política monetária fará a inflação voltar às metas, diz Lagarde

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Na conferência organizada pelo Banco de Compensações Internacionais (Bank of International Settlements, BIS) e pelo Banco da Tailândia, “Banco Central em meio a mudanças de terreno”, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, falou dos desafios enfrentados pela zona do euro nos últimos anos.

“Estamos passando por tempos desafiadores e as políticas monetárias estão sendo complicadas por incertezas. A primeira é a do horizonte de curto prazo, que a economia global está sendo atingida por uma série de choques de oferta e inflação em direções opostas”, disse. Esse choque de oferta, segundo ela, foi responsável pelo aumento da inflação da zona do euro, que ficou em 10,7% em outubro, sendo que este índice é composto por 45% por energia e comida.

A incerteza número 2 é o choque de oferta e demanda no médio prazo, o que torna difícil medir a inflação este horizonte de tempo. “Temos a pandemia e a guerra da Rússia, que aceleraram mudanças geopolíticas e, além disso, o aumento da oferta e do mercado de trabalho não está garantido”.

“A diversificação da energia na Europa significa preços maiores da energia por enquanto, e a aceleração da transformação para energia verde pode reduzir o investimento em combustíveis fósseis, e isso tem direto impacto no preço da inflação”. Ela citou um dos problemas do alto preço da energia, “preços mais altos podem significar mudança de investimentos fora da área do euro”.

A apreciação do dólar também contribui, segundo ela, para o aumento no preço das commodities, como a energia, o que faz a inflação crescer ainda mais.

Falando sobre os bancos centrais, ela disse que, no curto prazo, espera políticas fiscais que sejam temporárias, direcionadas e feitas sob medida, “para aliviar os choques de oferta e colocar um teto nas expectativas de inflação. Mas políticas que criam um excesso de demanda pode apertar mais ainda as políticas monetárias”.

Desta forma, os bancos centrais devem entregar políticas que ancoram a inflação, para que elas fiquem cada vez mais próximas das metas. “Temos que sinalizar aos observadores que, em todos os cenários, a inflação vai retornar à meta dentro do tempo esperado. É o melhor que podemos fazer, podemos usar todas as ferramentas que temos disponíveis e, se não fizermos isso, a população sofrerá perda de renda”.

Ela sinalizou que, se a inflação continuar em ritmo de alta, o BCE precisará endurecer ainda mais as políticas monetárias. “Precisamos de investimentos altos e reformas estruturais para desafogar os gargalos da oferta”.