Teste de estresse do Fed mostra que bancos têm condições de sobreviver à crise severa

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São Paulo – Os maiores bancos dos Estados Unidos estão fortes o suficiente para sobreviver à crise provocada pelo novo coronavírus, segundo o resultado do teste de estresse realizado pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que alertou que uma desaceleração econômica prolongada poderia sobrecarregá-los com bilhões de dólares em perdas com empréstimos.

Nos três cenários hipotéticos do Fed, que consideram a taxa desemprego entre 15,6% e 19,5%, os 34 maiores bancos norte-americanos podem ser atingidos com perdas de US$ 560 bilhões até US$ 700 bilhões em empréstimos. Segundo o banco central, isso prejudicaria os colchões de capital destinados a mantê-los em equilíbrio financeiro.

Sob os cenários em forma de U e W, a maioria dos bancos permanece bem capitalizada, mas vários se aproximam dos níveis mínimos de capital, segundo o Fed. A análise de sensibilidade não incorpora os efeitos potenciais dos pagamentos de estímulos governamentais e o aumento do seguro-desemprego.

Diante dos resultados, o Fed adotou algumas medidas para garantir que os grandes bancos norte-americanos permaneçam resistentes, apesar da incerteza econômica causada pelo novo coronavírus. Para o terceiro trimestre, os grandes bancos deverão suspender as recompras de ações, limitando o pagamento de dividendos e permitindo dividendos de acordo com uma fórmula baseada em receitas recentes. O conselho exigiu que os bancos reavaliem seus planos de capital de longo prazo.

Além disso, durante o terceiro trimestre, nenhuma recompra de ações será permitida. Nos últimos anos, as recompras de ações representaram 70% dos pagamentos aos acionistas de grandes bancos, segundo o Fed. O conselho também limitou o pagamento de dividendos ao valor destinado no segundo trimestre e os limitou ainda mais a um valor baseado nos ganhos recentes. Como resultado, um banco não pode aumentar seu dividendo e pode pagar dividendos se obtiver renda suficiente.

O Fed determinou ainda que todos os grandes bancos norte-americanos deverão reenviar e atualizar seus planos de capital ainda este ano para refletir as tensões atuais, o que ajudará as instituições financeiras a reavaliar suas necessidades de capital e manter fortes práticas de planejamento de capital durante esse período de incerteza.

O conselho realizará análises adicionais a cada trimestre para determinar se os ajustes a esta resposta são adequados.

“O sistema bancário é uma fonte de força durante esta crise”, afirmou o vice-presidente para supervisão bancária do Fed, Randal K. Quarles. “E os resultados de nossas análises de sensibilidade mostram que nossos bancos podem permanecer fortes diante dos choques mais severos”.