Traders veem cotação entre US$ 60 e 70 por barril de petróleo, por excesso de oferta e demanda fraca da China

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Campo de exploração de petróleo | Foto: Jan Zakelj/Pexels

Na conferência Asia Pacific Petroleum Conference (APPEC), que acontece em Cingapura, executivos do setor de petróleo alertaram que, apesar do alívio temporário oferecido pelo adiamento do aumento planejado na produção de petróleo pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) para outubro e novembro, a situação pode não melhorar a longo prazo. Ben Luckock, da Trafigura, indicou que os preços do petróleo podem cair para a faixa dos US$ 60 em breve.

Torbjorn Tornqvist, da Gunvor, acredita que o valor justo do petróleo é de US$ 70 por barril, pois a oferta global supera o consumo e a situação deve se agravar nos próximos anos. Ele observou que a Opep tem feito um bom trabalho gerenciando a oferta, mas não controla o crescimento fora da organização, o que está impactando o mercado. A oferta global de petróleo está em alta e deve aumentar ainda mais no próximo ano, com os Estados Unidos, Canadá, Guiana e Brasil liderando esse crescimento.

O crescimento da oferta de petróleo em 2024 está previsto para superar um milhão de barris por dia, mais do que o dobro do crescimento deste ano. Jim Burkhard, da S&P Global Commodity Insights, prevê que a Opep+ aumentará a oferta de petróleo no próximo ano pela primeira vez desde 2022, o que poderá pressionar ainda mais os preços. Mesmo que a Opep+ decida não aumentar a oferta, a capacidade de produção excedente, especialmente no Oriente Médio, continuará a pressionar os preços.

“O crescimento está desacelerando nos Estados Unidos, mas não está parando e ainda é significativo, o que representa outro desafio para a tomada de decisões da Opep+”, disse Jim Burkhard.

A demanda fraca na China também preocupa o mercado. Luckock observou que o governo chinês está tomando medidas para apoiar a economia, mas nada que cause um grande impacto imediato. Alguns acreditam que a China pode ter mais estímulos econômicos reservados, dependendo do resultado das eleições presidenciais dos Estados Unidos em novembro. No entanto, os traders não esperam que essas medidas sejam suficientes para gerar um impacto significativo no curto prazo.