Troca de comando da Petrobras não deve colocar política de preços em risco, dizem analistas

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São Paulo – A troca no comando da Petrobras não deve ser vista como uma mudança na atual política de preços da estatal, mas é importante ficar atento aos seus desdobramentos ao considerar o investimento na estatal, apontam analistas.
Para a XP investimentos, apesar da volatilidade política, a Petrobras mantém sua política de PPI. “O risco político é alto, mas o valuation atrativo e o alto pagamento de dividendos são extremos demais para serem ignorados. O estatuto da Petrobras e a Lei das Estatais (13.303/2016) parecem estar blindando a empresa, pelo menos até agora”, detalhou a corretora, que aumentou o preço alvo para o fim de 2022, de R$ 47,80/ação de PETR4 ou PETR3 (anteriormente R$ 45,30/ação) e US$ 18,40/ADR (anteriormente US$ 16,40/ADR).
O reajuste incorporou os resultados do quarto trimestre, os recentes desenvolvimentos nos preços das commodities, devido a restrições no lado da oferta e a nomeação de um novo CEO.
Para os analistas do ItaúBBA, a entrada de Adriano Pires, que defende a autonomia na fixação do preço dos combustíveis, não vai poupar a companhia de desafios recorrentes para garantir a convergência de preços para a paridade internacional em meio aos altos preços do petróleo.
“No curto prazo, esperamos que os investidores se concentrem na política de preços de combustível da empresa e em potenciais mudanças na diretoria. Manter a paridade internacional não é apenas importante para garantir uma perspectiva sustentável para o abastecimento brasileiro de combustíveis, mas também ajuda a Petrobras a atingir sua meta de alienar parte significativa de sua capacidade de refino”, destacou o relatório.
A análise aponta que enquanto o país permanecer com pouca produção de derivados de petróleo, é fundamental que os preços permaneçam acima da paridade internacional. “Essa é a única forma de incentivar os participantes do mercado (incluindo a Petrobras) a importar combustível para o mercado brasileiro para atender a demanda. A atividade de importação desacelera quando os preços domésticos são significativamente abaixo da paridade internacional”, explicam os analistas do ItaúBBA, que mantiveram a recomendação da american depositary receipts (ADRs, recibos de ação de empresas estrangeiras negociados na Bolsa de Valores de Nova York) PETR4 em “outperform” (equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 38,00.
“PETROBRAS NÃO PODE FAZER POLÍTICA PÚBLICA”
O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna disse que a legislação não permite que a companhia faça política pública com os preços dos combustíveis e “menos ainda” política partidária, ao participar de um seminário no Superior Tribunal Militar (STM), ontem (29/3) à noite.
“Tem responsabilidade social? Tem. Pode fazer política pública? Não. Pode fazer política partidária? Menos ainda”, afirmou, durante a palestra, que abordou o tema “Do monopólio ao Mercado Competitivo – Janela de Oportunidade frente à Transição Energética”.
Ele destacou que a Petrobras compete livremente desde 1997, quando perdeu o monopólio e passou concorrer livremente com qualquer ente do mercado, incluindo na prática de preços.
“Por que a Petrobras não faz política pública? Por que está na lei! Está na constituição, na lei do petróleo e na lei das sociedades anônimas”, comentou.
“Além disso, 63% do capital está nas mão dos acionistas e 37% com a União. Além disso, a empresa é controlada por 35 órgão de controle, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Securities and Exchange Comission (SEC), a CVM americana, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, é uma empresa extremamente controlada”, acrescentou.
O governo federal indicou um novo nome para substituir Joaquim Silva e Luna na presidência da Petrobras após a companhia anunciar o aumento dos combustíveis em 10 de março. Luna assumiu a presidência em abril do ano passado, no lugar de Roberto Castello Branco, demitido pelo mesmo motivo.
Após diversos rumores circularem no mercado e críticas diretas do presidente Jair Bolsonaro sobre o reajuste e a política de preços adotada pela estatal, o Ministério das Minas e Energia confirmou a indicação de Adriano Pires para substituir o general. O governo também indicou Rodolfo Landim para a presidência do conselho de administração da companhia, para eleição na Assembleia Geral Ordinária que ocorrerá em 13 de abril.