Trump anuncia acordo de primeira fase com a China

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por Júlio Viana

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que um acordo de primeira fase foi feito entre os norte-americanos e a China. Segundo ele, o tratado abrange questões de propriedade intelectual, serviços financeiros, política cambial e exportação de produtos agrícolas.

“Alcançamos um acordo substancial de primeira fase com a China”, anunciou Trump em coletiva de imprensa logo após sua reunião com o vice-premiê chinês, Liu He, na Casa Branca.

“Essa primeira parte trata de questões de propriedade intelectual, servicos financeiros e um acordo gigantesco para os agricultores norte-americanos”, disse o presidente. Segundo ele, a China prometeu adquirir entre US$ 40 a 50 bilhões em produtos agrócolas.

“Esse é o maior acordo do tipo já feito em nosso país. Antes, os chineses estavam comprando apenas US$ 8 bilhões de nossos fazendeiros. Aconselho nossos produtores rurais a comprar mais terras”, disse Trump.

Segundo o presidente, o acordo deve ser documentado e assinado em quatro a cinco semanas “se tudo correr bem”. Trump disse que ele e o presidente chinês, Xi Jinping, devem se encontrar entre 16 e 17 de novembro durante a reunião dos países participantes da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC). “Esse seria o momento perfeito para uma assinatura, mas vamos ver”, disse ele.

Segunda e terceira fases

Trump estava acompanhado de seu representante nas negociações com a China, o advogado Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro norte americano, Steven Mnuchin. Segundo eles, o acordo comercial com os chineses deve garantir transparência e segurança para abertura de mercado entre os dois países.

“Esse acordo será ótimo para os grandes bancos e empresas de cartão de crédito dos Estados Unidos que terão a chance de irem para a China”, disse Trump, que ressaltou que “os chineses nunca estiveram tão abertos para nós”.

Segundo Trump, as negociações devem ter entre duas a três fases. “A segunda começará a ser imediatamente discutida logo após a assinatura da primeira”, afirmou o presidente.

O presidente afirmou que mais algumas questões sobre propriedade intelectual serão tratadas na segunda fase das negociações, assim como questões envolvendo comércio tecnológico. “Nesta primeira etapa cubrimos bem a parte de política cambial e comércio agrícola”, afirmou Trump.

Quando questionados sobre a questão da Huawei, Trump disse que a situação “permanecerá como está” até as negociações da segunda ou terceira fase.

Tarifas

Já sobre o aumento de tarifas programadas para o dia 15 de outubro, que deveriam subir de 25% para 30% em bens de exportação para os chineses, Trump afirmou que ele será suspenso. Sobre o aumento agendado para 15 de dezembro, Lighthizer disse que “o presidente ainda não tomou uma decisão definitiva a respeito”.

Segundo Trump, o acordo feito nos últimos dois dias é “vai muito além das tarifas” e deve significar “algo bom não só para China e Estados Unidos, como para o mundo”.

Questionado sobre as mais de 30 empresas chinesas colocadas em uma lista negra de investimentos norte-americanos, Trump afirmou que reavaliaria os nomes constados e faria modificações se necessário no documento.

Por fim, Trump disse que a “China espera que eu ganhe as próximas eleições em 2020, caso contrário, não teriam feito este acordo” e ressaltou que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deveria realizar mais cortes na taxa básica de juros “mesmo com essa ótima notícia”, já que “essa decisão afeta mais países e relações”.